"Estou perfeitamente bem"

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Alastor estava brevemente tonto em seu escritório. Talvez fosse algum sintoma da sua insuportável temporada de acasalamento?

Ele olhou o calendário na parede...

Improvável...faltavam três meses ainda. E não é como se fosse comum ele ficar doente ou algo assim.

— Argh! — Ele murmurou passando as garras pelo cabelo vermelho enquanto sentia sua cabeça confusa e seu corpo brevemente aquecido.

Ele olhou novamente o calendário.

Alastor odiava as temporadas, passava todas sozinho no quarto sentindo uma dor horrível, e não é como se ele fosse ceder e transar com qualquer demonio sujo só para satisfazer sua parte animal. Ele preferia levar outro tiro na testa!

O demonio se levantou e caminhou para fora do seu escritório, andando pelo corredor enquanto uma de suas mãos segurava sua cabeça dolorida.

Alastor virou o corredor com passos lentos e como estava distraído, ele não percebeu Angel se aproximando na direção oposta até que seus corpos colidiram, isso fez Angel cair um pouco para trás.

— Ah, me perdoe  —  Alastor instintivamente segurou-o pela cintura para estabilizá-lo, um gesto que fez os dois se entreolharem por um momento

— Ei, Smiles, cuidado onde você está agarrando — ele brincou nervosamente, sentindo o aperto inesperado

Horas antes...

Mais cedo naquele dia, Alastor havia recebido um pacote inusitado. Dentro, havia uma garrafa delicada que continha a nova fórmula da Poção do Amor de Valentino e Velvet, acompanhada de um bilhete de Vox.

"Finalmente, uma chance de você não morrer sozinho, Alastor...DENOVO! HAHAHAHA"

Mesmo irritado com a provocação de Vox, Alastor inspecionou a garrafa. O objeto, era todo detalhado, corações com chifres ornamentavam o pequeno frasco de vidro, e isso acabou chamando sua atenção de forma inesperada. Ele decidiu coloca-la em sua mesa.

"Um toque de delicadeza, é oque falta aqui." disse Charlie, algumas vezes, quando entrou no escritório de Alastor

— Ai chefe, pode vir comigo por um instante? — Husker surge na porta

— Claro — Alastor diz com aquele sorriso enorme habitual e o segue

Enquanto isso, Niffty entrou no escritório com um espanador e começou a faxinar a mesa e as estantes com livros. Observando a garrafa bonita e pensando que fosse apenas decorativa, ela a pegou para limpar em volta. No entanto, ao colocar a garrafa de volta na mesa, isso de alguma forma, acidentalmente, derrubou uma pequena quantidade do conteúdo na xícara de café de Alastor.

— Ops! — murmurou Niffty, rapidamente limpando a garrafa e a área ao redor, sem perceber o derramamento

Satisfeita com a limpeza, ela saiu do escritório saltitando em direção ao proximo quarto.

Pouco tempo depois, Alastor retornou ao escritório. Ele se sentou em sua cadeira e, sem pensar muito, pegou a xícara de café para tomar um gole lentamente.

— Hmm... — murmurou pensativo olhando para a sua caneca por um momento — Estranho, não costumo colocar açúcar...

Alastor deu de ombros e continuou concentrado em seus papéis.

Atualmente...

Alastor, no entanto, não pôde deixar de sentir que algo estava terrivelmente errado. Ele segurou Angel com tanta ternura, como se estivesse protegendo algo precioso. Quando Angel se afastou, ele quase reclamou da falta daquele toque, mas se conteve.

Ele sentiu seu coração acelerar de uma forma que ele só havia experimentado durante seus tão deliciosos assassinatos. Alastor esperava que ele estivesse tendo algum tipo de infarto ou problema cardíaco, pois se fosse algum sentimento amoroso por Angel, ele enlouqueceria. Desde que seu relacionamento amigável com Angel havia evoluído nos últimos meses, ele tem sentido seu peito aquecer e toda aquela baboseira que o amor causa. Mas ele jamais falaria com Angel! Isso estava fora de qualquer opção em sua vida no inferno.

O que um demônio como Angel iria querer com Alastor? Um velho demônio que gostava de torturar, matar, devorar e se divertia estripando almas sujas em transmissões para todo inferno ouvir.

— Você está bem? — Angel perguntou, inclinando a cabeça de lado e examinando Alastor com preocupação — Você parece... diferente.

— Diferente? — Alastor riu, tentando disfarçar a confusão interna que estava sua cabeça — Eu? Não seja ridículo, Angel. Estou perfeitamente bem.

— Bom, se precisar de algo, sabe onde me encontrar — ele disse, dando uma piscadinha antes de continuar seu caminho pelo corredor.

Alastor ficou parado, observando Angel se afastar, e uma parte dele quase desejou chamá-lo de volta.

Que merda estava acontecendo com ele?

Efeitos colaterais | RadioDustOnde histórias criam vida. Descubra agora