Efeitos colaterais | RadioDust

"Je t'aime, mon cher"

Naquela manhã, Angel acordou nos braços de Alastor. Ele observou o demônio do rádio dormindo por alguns minutos, sua mente dividida entre querer ficar e a necessidade de levantar para o trabalho. Com cuidado, Angel tentou se mover, suas pernas ainda meio fracas, mas ele foi paciente.

Ele deslizou silenciosamente para fora da cama, recolhendo suas roupas espalhadas pelo quarto, tentando não fazer barulho enquanto se vestia e saía pela porta, fechando-a suavemente.

No estúdio de Valentino, Angel participou de uma sessão de fotos com as novas lingeries de Velvet.

— Perfeito, Angel! Dá aquele sorriso provocador! — Velvet exclamou, ajustando uma das luzes enquanto Angel mudava de posição.

Enquanto Angel se trocava para a próxima peça, ouviu o som familiar da porta se abrindo. Vox entrou no estúdio com um sorriso enorme no rosto

— Val, querido! — Vox exclamou, dando um beijo em Valentino — Tenho novidades! Você não vai acreditar quem apareceu recentemente!

— Quem? — Valentino respondeu com desinteresse, focado em sua bebida

— O grande Alastor. Parece que ele andou ingerindo uma certa poção... e, Val, ele está completamente revoltado com isso.

— Sério? O Alastor? Revoltado? — Ele riu, tomando um gole de sua bebida. — Eu te disse que era uma péssima ideia enviar aquela poção para ele. Esse demônio não gosta verdadeiramente de ninguém, você sabe disso

— Mas a parte mais interessante é que ele parece estar com a atenção completamente presa em... alguém. — Ele inclinou-se para perto de Valentino, seus olhos brilhando com curiosidade. — Eu estou morrendo de curiosidade para saber quem conseguiu fazer isso com o Alastor.

— Aquele cara é uma bomba-relógio. Não importa quem ele ache que gosta agora, é tudo falso. A poção só amplificou alguma fixação que ele tinha. O Alastor não tem essa capacidade de amar. Todo mundo que o conhece sabe disso — Valentino riu, jogando a cabeça para trás

Angel, que estava terminando de vestir a próxima peça, congelou no meio da sala, suas mãos tremendo ao ouvir tudo.

Então... era tudo falso?

Era tudo a poção. Ele não gostava de mim... nunca gostou.

— Ei, anjo! — ele então virou-se para Angel — Você que mora espelunca de hotel, sabe se ele anda de olho em alguém?

— Eu... não sei — Angel respondeu, sua voz soando abatida — Não ouvi nada.

Todo aquele tempo, as noites juntos, os olhares trocados, o calor dos braços de Alastor ao redor dele... tudo falso.

Tudo manipulado.

"Ele não gostava de mim, nunca gostou."

Seus pensamentos estavam enevoados. Ele se sentia enganado, ridículo, como se todo o relacionamento que ele pensava que tinha construído com Alastor fosse uma mentira.

— Eu... preciso sair daqui — murmurou, sem que ninguém notasse, enquanto lentamente pegava suas coisas e saía do estúdio, sem fazer barulho.

De volta ao hotel, Angel caminhava pelos corredores quase como um fantasma. Ele estava abatido, com os ombros caídos e o olhar perdido.

Sem nem perceber, seus pés o levaram até o andar onde ficava o escritório de Alastor.  Quando chegou em frente à porta, ficou parado por um momento, sem saber por que tinha ido até ali.

Talvez... só precisasse de respostas.

Precisava que Alastor dissesse que tudo aquilo que ouviu, não era verdade.