Capítulo 7

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Cloe se despediu de Paulo e depois de Bruno, com um sorriso que iluminava o ambiente. Havia algo de encantador naquele momento, mas, para Bruno, a luz daquela despedida parecia brilhar apenas para Paulo.
-- Eu te levo para casa-disseram os dois quase em coro, a entonação coincidente revelando uma conexão inesperada. A atmosfera tornou-se carregada, como se o próprio ar tivesse se tornado um espectador silencioso daquela competição não declarada. Cloe olhou um tanto hesitante entre os dois, e isso provocou um desafio silencioso, um entendimento implícito de que ambos queriam mais do que apenas levá-la para casa.
-- Não precisa. -Cloe respondeu, com uma leveza nas palavras que emitiu uma onda de esperança em Bruno. Mas, ao mesmo tempo, a indiferença nas suas feições, o fez sentir uma pontada de desgosto.
Ela olhou para Paulo, que estava ao seu lado e exibia um sorriso cúmplice.
A forma como ela se virou para Paulo e soltou uma risadinha leve fez Bruno sentir como se o chão abrisse sob seus pés.
Para seu desespero, Cloe perguntou, com um brilho provocativo nos olhos:
-- Paulo, gostaria de me levar para casa? .
A admiração e a surpresa no rosto de Paulo eram inegáveis, enquanto ele se posicionava ao lado dela, quase automaticamente, como se ela tivesse lhe lançado um feitiço impossível de resistir. Ele se inclinou um pouco, permitindo que Cloe repousasse a mão em seu braço, e essa pequena intimidade valeu mais que todas as palavras. Era como se uma muralha invisível a isolasse de Bruno, e ele sentiu a raiva se transformar em um profundo vazio.
-- Foi um prazer revê-lo, -disse Cloe, olhando fixamente nos olhos de Bruno com uma expressão de satisfação. As palavras pareciam uma adaga em seu coração, uma declaração de que ela nunca o aceitaria outra vez.
Bruno ficou parado, a respiração pesada, observando-a partir de um canto, enquanto a ira fervia dentro dele como um vulcão prestes a entrar em erupção.
As emoções de Bruno eram como uma tempestade violenta. Ele gostaria de intervir, de reclamar seu direito.
-- Espere, Cloe! -gritou mentalmente, mas as palavras nunca saíram. Sabia que não tinha o direito de interromper aquela cena. Ao mesmo tempo, uma onda de frustração percorria seu corpo, fazendo-o querer gritar, ou talvez correr atrás dela para trazê-la de volta.
Bruno desviou o olhar, sentindo a raiva crescendo em seu peito. Ele queria ser o escolhido, o preferido. Teve um ímpeto feroz de arrancar a mão de Cloe do braço de Paulo, mas a racionalidade venceu. Ele não podia agir como um bruto, não assim. Mas a revolta fazia com que seu coração pulsasse com uma intensidade insuportável.
Virando-se em direção ao hotel, uma onda de fúria dançava em seu peito. A primeira coisa que fez foi encher um copo de vodka, como se o líquido ardente pudesse apagar o fogo que consumia sua sanidade. Ele tomou um gole, e depois mais um. Cada trago parecia afogar um pedaço de sua alma, enquanto memórias de Cloe atravessavam sua mente.
O desejo de quebrar a cara de Paulo dominou seus pensamentos. A ideia de que aquele "cretino" poderia tocar Cloe, beijá-la, era insuportável. Ele pensava em como eles poderiam estar juntos, rindo e trocando declarações sinceras.
A raiva dentro dele se transformou em um turbilhão de emoções que o empurrava para um abismo.
-- O que eu estou fazendo? -pensou, enquanto se deixava levar pela avalanche de seus sentimentos. Ele olhou pela janela, imaginando Cloe e Paulo juntos, e a imagem o fez desejar, com uma intensidade quase cega, que a realidade fosse diferente. A luta para controlar seus desejos e sua dor se tornava cada vez mais difícil, mas ele sabia que precisava encontrar um caminho para lidar com isso.
Assim, Bruno foi consumido por um turbilhão de emoções intensas, preso entre a obsessão e a impotência, enquanto suas esperanças e sua sanidade pareciam escorregar entre seus dedos como areia.

Na manhã seguinte, a escola fervilhava com uma agitação incomum. Cloe, intrigada, espiava ao redor, tentando decifrar o que estava causando tanta excitação. As crianças, apressadas, saíam para ir para casa, suas vozes ecoando pelos corredores. Quando Cloe finalmente se aventurou para o corredor, Anna a interceptou, seus olhos brilhando de entusiasmo.
- Cloe! Você não vai acreditar no que está acontecendo! Um homem lindíssimo está conversando com o diretor. Ele veio com o prefeito!
Cloe ergueu uma sobrancelha, seu interesse despertado.
- Um homem lindíssimo? - questionou, um sorriso involuntário surgindo. - E o que ele está fazendo aqui?
- Ele parece muito importante, digno de uma novela! Ele e o prefeito estão falando sobre a escola. Você sabe, algo que envolve reformas e doações - Anna explicou, praticamente pulando de excitação. - Eles pediram nossa presença na sala de reuniões assim que todas as crianças se forem.
Cloe assentiu, o peito apertado de expectativa enquanto esperavam pela última despedida. Assim que a última criança deu um tchau e saiu, Cloe e seus colegas seguiram para o auditório, onde uma ansiedade palpável pairava no ar.
Quando Cloe se acomodou entre Anna e outro colega, sua atenção foi capturada por Bruno. Quando seus olhos se encontraram, ela sentiu uma corrente elétrica. A intensidade naquele olhar a fez mergulhar em lembranças e emoções.
- Quem é esse Deus do Olimpo? - Anna exclamou, com uma expressão de pura admiração. - Ele é a própria perfeição! Você viu como ele se veste? É como se estivesse saído de um filme!
Cloe revirou os olhos, tentando ignorar o efeito que Bruno tinha sobre ela.
- Anna, não vamos nos deixar levar pela aparência, certo? - disse ela, tentando soerguer seu próprio espírito crítico.
- Oh, claro - Anna respondeu, divertindo-se. - Mas vamos ser honestas, ele é de tirar o fôlego! Olha como ele e elegante. Não dá pra esquecer um homem desse.
O diretor finalmente pegou o microfone, seu tom sério despertou a atenção de todos.
- Esse é um momento muito importante para a nossa comunidade. Hoje, temos a honra de receber o senhor Bruno e o prefeito, que têm uma grande novidade para compartilhar conosco.
O prefeito, quase transbordando de entusiasmos, começou a elogiar a cidade de Campocatino.
- Eu sempre disse que Campocatino é o coração do nosso estado. São as pessoas daqui que tornam este lugar especial, com seu trabalho duro e honestidade - afirmou ele, seu olhar se voltando para Bruno.
Depois de muitos elogios, o prefeito revelou a grande novidade:
- O senhor Bruno se comprometeu a fornecer à nossa escola uma nova estrutura de informática. Também fará melhorias significativas na brinquedoteca e em todas as salas de aula!
Os aplausos explodiram em uma onda de entusiasmo, mas Cloe se sentia presa, suas emoções em conflito.
- Eu não posso acreditar nisso! - gritou um colega. - Isso é um sonho se tornando realidade!
- Sim, eu nem consigo acreditar! - ergueu outra voz, cheia de excitação.
Para agradecer, o prefeito anunciou uma grande festa, e Cloe não podia deixar de sentir um frio na barriga, como se estivesse se aproximando de uma armadilha emocional.
Quando Bruno pegou o microfone, os aplausos quase abafaram suas palavras. Ele olhou ao redor, a expressão sincera.
- Estou profundamente grato por essa calorosa recepção. O que estou fazendo não é nada demais. Sou um homem muito privilegiado e sinto que é minha responsabilidade oferecer conforto e bem-estar, não apenas às crianças dessa comunidade, mas também a cada um de vocês.
Cloe cerrou os dentes, entendendo a intenção de Bruno.
Ele queria impressioná-la, estava ali por causa da família dele, por conta do pai que nunca a reconheceu, mas que escolheu Bruno como filho. O mesmo Bruno que um dia queimou seu coração, que a levou a um abismo de sentimentos que nunca mais conseguiu superar.
"Ele só está fazendo isso por causa de Letícia" pensou, a indignação fervilhando dentro dela.
O olhar de Bruno encontrou o dela novamente, e por um breve momento, Cloe sentiu a antiga conexão entre eles. Mas, rapidamente, ela se lembrou do seu verdadeiro objetivo: manipulá-la para que realizasse o teste de compatibilidade em prol de Letícia. A indignação fervilhava dentro dela. Ela precisava permanecer firme

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Mais um capítulo concluído ✔️
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