Capítulo 8

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Bruno observava, absorto em pensamentos, enquanto o diretor discursava com entusiasmo sobre a reforma que prometeria revitalizar a comunidade e trazer um novo ânimo aos funcionários. A voz dele parecia flutuar em um distante eco, especialmente quando Bruno percebeu Cloe se levantando e saindo do auditório antes da conclusão da reunião. Um impulso avassalador quase o fez abandonar o palco, mas ele hesitou. O prefeito, à sua esquerda, elogiava-o incessantemente, enquanto a multidão se amontoava ao seu redor em busca de fotos.
A cada momento que passava, a inquietação de Bruno aumentava. Ele tentava avistar C99loe na multidão, mas a atenção dos professores o cercava, todos ansiosos por um instante com o benfeitor da escola. Ele sorria e posava para as fotos, mas sua mente estava longe, fixada na busca por Cloe.
Quando finalmente se despediu daquela mini-sessão de fotos e saiu para o corredor, encontrou-se com Anna, uma professora que havia estado ao lado de Cloe durante a reunião.
- Oi! Eu percebi você na reunião - disse Bruno, tentando esconder a urgência em sua voz.
Anna, com um brilho nos olhos, sorriu, imaginando que Bruno estava se interessando por ela.
- Prazer, sou Anna - respondeu, com um sorriso caloroso.
- Você é amiga da Cloe? - perguntou, ainda focado em sua busca.
A expressão de Anna mudou, uma sombra de decepção cruzou seu olhar ao perceber que, na verdade, Bruno estava mais interessado em Cloe do que nela.
- Sim, somos colegas - respondeu ela, esforçando-se para ocultar a frustração.
- Você sabe por que ela saiu tão cedo? - Bruno insistiu, curioso.
- Ah, ela comentou que estava sentindo um pouco de dor de cabeça - explicou Anna, notando como Bruno estava alheio à sua presença.
Bruno virou-se para a saída, um sorriso forçado nos lábios.
- Entendi. Bem, foi um prazer conhecê-la! - disse ele.
Anna, ainda visivelmente decepcionada, respondeu:
- Se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar - enquanto deixava escapar um último sorriso, embora triste.
Com um aceno, Bruno apressou o passo, decidido a encontrar Cloe antes que o ambiente se tornasse ainda mais opressivo.

Quando entrou no carro e acomodou-se atrás do volante, Bruno respirou profundamente, sentindo a energia tranquila do motor que ronronava suavemente sob suas mãos firmes. A cidade ao seu redor parecia em paz, mas dentro dele, uma tempestade de sentimentos se formava, revelando o tamanho de seu comprometimento.
Ele dirigia em direção à casa de Cloe, seu coração pulsando forte, repleto de dúvidas e reflexões. A decisão de reformar a escola pesava em sua mente, mas ele tinha convicção de que era o caminho certo. Sabia que essa atitude poderia ser interpretada de várias maneiras por Cloe, e essa compreensão apenas solidificava sua determinação. Ele queria deixar claro que estava agindo de coração, e não apenas por pressão sobre sua irmã, Letícia.
- Estou indo longe demais? - pensou, enquanto ajustava o pé no acelerador, simplesmente por saber que precisava enfrentar suas preocupações de frente. Era evidente que ele tinha a responsabilidade de explicar suas intenções.
Ao parar em frente à uma casinha modesta, mas impecavelmente cuidada, Bruno sentiu um aperto no peito. A varanda convidativa, adornada com flores vibrantes, e o jardim de girassóis exuberantes transbordavam vida sob a luz do sol da tarde. Apesar da beleza do cenário, a sombra da incerteza pairava sobre ele. Com um misto de esperança e um toque de determinação, ele saiu do carro e caminhou até a porta.
Após alguns instantes, Bruno, com uma expressão decidida, bateu na porta. Quando ela se abriu, Carmina, a avó de Cloe, apareceu. Seus olhos, inicialmente acesos pela curiosidade, logo revelaram desconfiança. Havia um amor protetor e uma força indomável em sua expressão, mas Bruno não se deixou abalar.
- Boa tarde - disse Carmina, seu olhar o examinando como se tentasse desvendar um mistério.
- Olá, eu sou... - começou Bruno, firme em sua voz, mas foi interrompido.
- Eu sei quem você é - cortou ela, a frieza de suas palavras como um aviso.
Um sorriso seguro surgiu no rosto de Bruno, seu jeito confiante fazendo frente à tensão no ar.
- A Cloe está em casa? - ele indagou, seu tom despojado contrastando com a tensão voluptuosa.
- Ela subiu para o quarto assim que chegou da escola. Acredito que não queira falar com ninguém - respondeu Carmina, a frieza ainda ressoando.
Bruno não se deixou intimidar. Sentiu a impotência, mas decidiu enfrentar a situação.
- Podemos conversar um instante, senhora?
A pergunta saiu com um tom que refletia sua determinação em romper o silêncio que pairava entre eles.
- Não sei se temos muito a falar... - respondeu Carmina, o desprezo em suas palavras evidenciando sua resistência.
- Acredito que, talvez, tenhamos mais em comum do que pensamos - disse Bruno, sua voz firme, tentando desviar a tensão.
Carmina olhou para ele, mas seu olhar permaneceu indiferente.
- Não creio que haja algo de interesse para nós - retrucou, sua voz gelada como o inverno.

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