Duas ao mesmo 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐

6 2 9
                                    

Linda chegou em casa e encontrou Gisele no sofá

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Linda chegou em casa e encontrou Gisele no sofá.
Gisele ergueu os olhos ao vê-la entrar.

— Falou com elas? — perguntou.

Linda balançou a cabeça, cansada.
— Não deu tempo.

Gisele se levantou, cruzando os braços.
— Bom... tem mais alguém aqui com quem você precisa conversar.

Linda suspirou, já sabendo o que vinha.
— Eu sei.

Gisele apontou com a cabeça em direção ao jardim.
— Ela está lá fora.

Linda deu um sorriso fraco para a irmã e saiu, cruzando a porta em direção ao jardim, onde encontrou Mariah. A outra a esperava com os braços cruzados e um olhar nada amigável.

— Ah, olha só quem resolveu dar o ar da graça — disse Mariah, sarcástica. — Vai me explicar o que está acontecendo ?

Linda se aproximou devagar.
— Mariah... achei que estávamos dando um tempo.

Mariah arqueou uma sobrancelha.
— Dar um tempo não é a mesma coisa que terminar, Linda.

Linda soltou um longo suspiro.
— Achei que fosse.

— E aí? — Mariah estreitou os olhos. — Qual das duas você ficou?

Linda a encarou.
— Com as duas.

O quê?! — Mariah incrédula.

Linda passou a mão pelo cabelo, exausta.
— Aconteceu...

Mariah suspirou profundamente, como se estivesse tentando conter a raiva.
— Como você pode ser tão promíscua, Linda?

— Ah, não começa com sermão moralista — rebateu Linda, impaciente.

Mariah abriu a boca para responder, mas fechou os olhos por um momento e respirou fundo, como se tentasse se acalmar.
— Olha... eu entendo. Foi só uma aventura: carnaval, você chateada, seus pais, toda essa confusão. Eu sei que você está arrependida. Eu realmente te perdoo, e a gente pode retomar de onde paramos.

Linda a observou.
— Não, Mariah... eu não estou arrependida. Nem um pouco.

— Ah, faz-me o favor, Linda! — Mariah riu com desprezo. — Desde quando você virou uma tarada?

Linda deu uma risada curta e balançou a cabeça.
— Eu sei que não é algo tradicional... mas eu realmente estou apaixonada por aquelas duas mulheres.

Mariah congelou por um instante, como se as palavras não fizessem sentido.
— Você está falando sério?

Linda assentiu, calma.

Mariah soltou uma risada amarga.
— Você só quer me machucar, né?

Linda respirou fundo.
— Mariah, eu amei você de verdade. Amei mesmo. Mas...

— Mas o quê?! — Mariah elevou o tom, cada vez mais furiosa. — Não acredito que você está me dizendo isso, Linda!

— Desculpa, Mariah.

— Desculpa?! — Ela interrompeu, com os olhos marejados. — Você acha que qualquer outra mulher vai ter a paciência que eu tive nesses quatro anos? Escondida, esperando você sair do armário? E agora você quer assumir duas ao mesmo tempo? Você só pode estar delirando!

Linda fechou os olhos por um momento, mas respondeu firme:
— Eu sei que preciso me assumir e ser sincera comigo mesma. Vou evoluir e me posicionar, Mariah. Mas não vai ser com você.

As lágrimas correram dos olhos de Mariah, e Linda se sentiu triste de mais uma vez magoar alguém. Era a terceira mulher que ela machucava em tão pouco tempo, e aquilo pesava em sua consciência.

— Sinto muito — disse Linda.

Mariah enxugou as lágrimas rapidamente e ergueu o rosto, fria.


— Eu desejo tudo de bom pra você. — Linda tentou sorrir.

— E eu não te desejo absolutamente nada — disparou Mariah, se afastando. — E, por favor, não venha atrás de mim.

Linda a observou se afastar do jardim, incapaz de impedi-la. Sozinha, ela suspirou.

Minutos depois, Linda ainda estava no jardim, mergulhada em seus pensamentos, tentando digerir tudo o que havia acontecido.

Gisele se aproximou e parou ao lado dela.
— Ela foi embora.

Linda soltou um suspiro longo, pesado.

— É o fim de uma era — murmurou Gisele, olhando para a irmã.

Linda sabia que Gisele tinha razão. Ela e Mariah eram amigas desde a infância, atravessaram juntas as tempestades da adolescência e, só quatro anos atrás, haviam descoberto o amor que sempre existiu entre elas. Para Linda, Mariah seria para sempre seu primeiro amor — e talvez, de certa forma, também seu maior.

— Ela vai ser feliz — disse Linda, com um sorriso triste.

— Claro que vai — respondeu Gisele, com carinho na voz.

Linda passou as mãos pelo rosto e suspirou fundo.
— Nós nos perdemos... porque eu fui covarde. Não quis assumir nossa vida juntas.

Ela fez uma breve pausa, os olhos presos no horizonte.
— Mas isso não vai acontecer de novo. Nunca mais. Eu prometo.

Gisele a olhou com compreensão e puxou-a para um abraço apertado.
— Vai ficar tudo bem, maninha. Mas acho que já deu nossos dias por aqui, né? Melhor voltarmos pra casa.

Linda assentiu lentamente.
— Acho que sim...

Com um último olhar para o jardim vazio, Linda se deixou guiar pela irmã. Sabia que havia perdido algo importante, mas também tinha certeza de que estava pronta para não repetir os mesmos erros.

When in BrazilOnde histórias criam vida. Descubra agora