Mas eu ainda te odeio, traidor.

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Em Los Angeles, Stela estava deitada na cama, perdida nos próprios pensamentos

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Em Los Angeles, Stela estava deitada na cama, perdida nos próprios pensamentos. As lembranças de Linda e Alice em sua mente, trazendo um nó doloroso ao peito. A voz da mãe, vindo da sala, a trouxe de volta à realidade.

— O que há com você? Por que saiu do Brasil daquele jeito? — perguntou Diane, surgindo na porta do quarto.

— Porque eu quis. — Stela respondeu, sem tirar os olhos do teto.

Diane a observou.
— Eu realmente achei que você estava se divertindo por lá.

— Estava. Mas a diversão acabou.

Diane cruzou os braços, curiosa.
— E suas amigas? A loirinha tímida e a morena super simpática?

Stela bufou, virando-se de lado e apoiando a cabeça com uma das mãos.
— Rompi com elas.

Diane franziu a testa.
— Rompeu? Como assim?

Stela soltou um suspiro pesado e, sem rodeios, disse:
— Elas eram minhas namoradas, mamãe.

Diane ficou vermelha de surpresa e indignação.
— Você está mentindo.

— É verdade. — Stela deu um sorriso sarcástico. — Aquele dia que a senhora chegou... estávamos transando. Foi ótimo, aliás.

Diane abriu a boca, chocada.
— Você levou garotas para transar na minha casa?!

Ela se aproximou da cama com passos duros, o rosto contorcido de fúria. Stela se sentou rapidamente, encarando a mãe sem se abalar.

— E daí? Sou maior de idade.

Diane esbravejou:
— Como pode fazer uma coisa dessas debaixo do meu teto?

— Ah, grande coisa... — Stela deu de ombros.

Diane apontou o dedo para ela, tremendo de raiva.
— Eu sempre soube que você era rebelde e diferente.

— Lesbica. — Stela a encarou com um sorriso desafiador. — Vai, fala. Lésbica.

A resposta foi um tapa violento no rosto, fazendo o lado da face de Stela arder instantaneamente. As lágrimas começaram a escorrer, mas ela as ignorou, engolindo a dor com orgulho.

— Saia já da minha casa! — Diane gritou, a voz carregada de rancor.

Stela se levantou, ainda tocando a bochecha dolorida.
— A casa também é minha.

— Não é mais. Quero você longe de mim.

Stela deu uma risada amarga.
— Ótimo. Que vocês sejam felizes, você e o traidor do Doug.

Diane virou as costas, saindo furiosa do quarto e batendo a porta.

Sozinha, Stela passou a arrumar suas coisas às pressas. Sua mente fervia — sem irmão, sem namoradas, e agora sem casa. 

— Ótimo... — murmurou para si mesma, enquanto jogava as roupas na mala com raiva, o rosto ainda queimando do tapa.

Ao abrir a porta, Stela deu de cara com Douglas. Ela apertou o passo para passar por ele, mas não resistiu a lançar um olhar furioso.

— Te odeio, traidor. — disparou, sem desacelerar.

Douglas, confuso, virou-se para ela.
— Ei, você vai viajar?

— Sua mamãe me mandou embora. — Stela respondeu, seca.

— O quê? — Ele arregalou os olhos, sem acreditar.

— Pois é. — Stela deu de ombros, ajeitando a alça da mochila.

Douglas franziu o cenho, determinado.
— Não, espera! Eu vou falar com ela. Você não precisa ir.

Stela balançou a cabeça, impassível.
— Não precisa.

— Claro que precisa! Eu converso com ela, você fica. Calma, Stela... você sabe como a mamãe é.

Douglas se virou, pronto para descer as escadas, mas Stela segurou sua mão. Ele parou, encarando-a com preocupação.

— Doug... Nós dois sabíamos que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. — Stela deu um suspiro pesado, tentando disfarçar a dor. — E já passou da hora de sair da casa da mamãe, não acha?

Douglas a olhou por um momento, mas então correu até ela e a puxou para um abraço apertado.

Stela retribuiu, segurando-o firme por alguns segundos, como se aquele momento pudesse durar mais do que o necessário.
— Mas eu ainda te odeio, traidor. — sussurrou, com um sorriso fraco nos lábios.

Ela se afastou dele, dando um último olhar.

Douglas tentou sorrir, mas era um sorriso triste.
— Onde você vai ficar?

— Sei lá... Eu me viro.

Ele suspirou profundamente, sentindo-se impotente enquanto ela se afastava. Stela parou na porta por um breve instante, lançando um último aceno para o irmão.

Douglas retribuiu, levantando a mão devagar, com o peito apertado. Ele a observou atravessar o portão e desaparecer na rua.



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