Amor em campo

décimo sétimo.

Os batimentos do meu coração pareciam ecoar na sala de parto. Gabrielly estava ali, deitada, com uma expressão que misturava dor e coragem. Os médicos se moviam rapidamente, fazendo perguntas e preparando tudo para o que estava prestes a acontecer. As palavras da médica se tornaram um borrão em minha mente quando ela disse que a gravidez era de risco e que precisávamos nos preparar para o pior.

A cada movimento, a tensão aumentava. Fui até a sala de espera, o coração pesado, a respiração ofegante. A médica se aproximou de mim, seu rosto sério.

— Richard, nós precisamos conversar. — ela disse, o tom grave me fazendo sentir um frio na barriga.

— O que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma, mas a inquietação dominava meu corpo.

— A situação da Gabrielly é crítica. Estamos fazendo tudo o que podemos, mas a gravidez é muito arriscada. Um dos dois pode não sobreviver. Precisamos de uma decisão. — sua voz era firme, mas cheia de compaixão.

— O que você quer dizer com isso? — minha voz falhou.

— Você precisa escolher. Se chegarmos a um ponto em que precisemos decidir, o que você prefere? Nós vamos tentar salvar os dois, mas se não conseguirmos, você vai precisar nos dizer o que fazer. — ela olhou nos meus olhos, e a realidade daquele momento começou a pesar sobre mim.

Eu não conseguia processar. Como alguém poderia tomar uma decisão assim? Não consegui encontrar palavras, apenas negava com a cabeça, a mente, uma tempestade de pensamentos.

— Eu não consigo escolher. — respondi, a voz embargada.

Naquele instante, meu pensamento foi interrompido por um flashback.

Gabrielly estava sentada na cama, a barriga já estava grande, e a luz suave do sol entrava pela janela. Ela me olhou nos olhos, um brilho de determinação.

— Richard, se algo acontecer no parto e você tiver que escolher, por favor, salve nosso filho. Eu já vivi demais. Eu quero que ele tenha uma vida. — suas palavras ecoaram na minha mente como um mantra.