24 de dezembro de 2012
Paris, França.
Jennie Ruby JaneA neve caía incessantemente sobre Paris, encobrindo a cidade com uma brancura imaculada e silenciosa. Era como se o tempo houvesse se aquietado, envolto por um manto de serenidade que se estendia pelas ruas e praças, suavizando as arestas de edifícios e árvores sob uma camada de gelo que parecia eterna. Dentro da casa dos Ruby Jane, o calor suave irradiava da lareira e das velas tremulantes, refletindo-se em enfeites de vidro antigos, que pendiam da árvore de Natal. Havia uma luminosidade discreta e acolhedora no ambiente, como se a noite em si sussurrasse segredos ao compasso de "Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!", a voz de Dean Martin ecoando nos cômodos e preenchendo o ar com uma melodia nostálgica e impregnada de saudade.
A casa pulsava com as vozes das conversas, que fluíam sem pressa, intercaladas por risos e memórias compartilhadas com a naturalidade de uma tradição antiga. Próxima à lareira, Jennie mantinha o olhar fixo nas chamas, que dançavam em um balé silencioso de luz e sombra, contando uma história muda que apenas ela parecia perceber. Embora cercada por familiares e amigos, Jennie sentia-se distante, à margem da celebração, como uma espectadora de um momento que, outrora, teria carregado significados que as palavras não poderiam alcançar. Era como se as cores e os sons ao redor pertencessem a um mundo que ela já não conseguia tocar, separados por uma barreira invisível que a isolava.
Perto da árvore de Natal, Rosé e Jisoo estavam com os rostos iluminados pelas luzes cintilantes que pulsavam em tons suaves de dourado e vermelho. Rosé, com seus cabelos loiros e riso fácil, ajudava a pequena Ella a pendurar um enfeite em formato de estrela no galho mais baixo, enquanto Jisoo observava com um olhar terno. A pequena Ella, com seus três anos de idade, era a própria personificação da inocência, batendo palmas e rindo a cada luz que piscava, como se cada brilho fosse uma nova descoberta mágica. Seus pais, Yoona e Suho, estavam próximos, trocando olhares carinhosos, enquanto se recordavam dos Natais passados. Yoona, irmã de George, trazia consigo a aura calorosa de quem sempre soubera cultivar o espírito natalino, e seus sorrisos misturavam-se aos de Mark e Lily, pais de Rosé, que se uniam à conversa com a cumplicidade de amigos de longa data.
Do lado de fora, Karina e Haerin, as primas adolescentes de Jennie, brincavam na neve com a energia própria de suas idades. Filhas de Seohyun, irmã de Marie, as duas exalavam a alegria despreocupada da juventude. Cada risada que atravessava as janelas parecia dançar no ar gelado, fazendo os flocos de neve se moverem em sincronia, como se o próprio inverno respondesse ao espírito jovial que preenchia o jardim. Sehun, o primo de vinte anos, juntava-se às garotas, fingindo repreendê-las quando arremessavam bolas de neve umas nas outras, mas o sorriso em seu rosto traía a cumplicidade e o carinho fraternal que nutria por elas.
Jennie, sentindo-se estranha naquele ambiente familiar, aproximou-se da janela e encostou a testa no vidro frio, observando os flocos caírem sem cessar, desaparecendo no manto branco que se acumulava no jardim. O ar gélido do lado de fora fazia o vidro embaçar sob sua respiração, e por um instante, seus pensamentos vaguearam até o Jardim de Luxemburgo. Era impossível afastar a imagem da jovem misteriosa que ela avistara junto à fonte, com o olhar perdido na distância. Algo naquele encontro fugaz permanecia com Jennie, como se o tempo tivesse parado para eternizar aquele instante e guardá-lo nas profundezas de sua memória.
A pequena Ella surgiu ao seu lado, puxando a barra de seu casaco com as mãozinhas frágeis. "Jen," chamou a menina, com uma voz doce e cheia de curiosidade, "por que você está triste? Não gosta do Natal?" Jennie se abaixou para ficar à altura de Ella, acariciando gentilmente os cabelos da criança. "Eu gosto do Natal, querida," respondeu, com um sorriso melancólico. "Mas às vezes, mesmo quando gostamos de algo, sentimos falta de outras coisas." Ella a observou com olhos que traziam uma mistura de confusão e ternura, típicos da inocência infantil. "Então vamos brincar na neve! Isso faz a tristeza ir embora, não faz?" sugeriu, com um entusiasmo que trouxe um sorriso genuíno aos lábios de Jennie.
Marie, que assistia à cena de longe, aproximou-se silenciosamente, envolvendo Ella em um abraço protetor antes de repousar uma mão leve no ombro de Jennie. "Talvez o ar frio lá fora ajude a clarear seus pensamentos, minha querida," disse, com um olhar compreensivo e afetuoso, como se ela própria carregasse uma tristeza antiga e não dita. Jennie assentiu, vestiu um casaco pesado e seguiu com Ella para o jardim, onde o frio cortava sua pele como lâminas finas de gelo, mas o calor da alegria genuína da menina irradiava como um alívio inesperado. Do lado de fora, o mundo parecia ainda mais quieto, interrompido apenas pelas risadas de Karina e Haerin, que se jogavam na neve com o vigor próprio da juventude.
"Olha, Jennie! Nós fizemos um anjo," exclamou Karina, apontando para a figura desenhada no chão. "Você costumava fazer isso conosco quando éramos pequenas." Jennie olhou para o anjo de neve e sentiu uma onda de nostalgia a invadir. "Eu me lembro," murmurou, com a voz quase inaudível. "Foram bons tempos."
Haerin, com os olhos brilhando de curiosidade, perguntou: "Por que você não faz um agora, Jennie? Seria divertido!" Jennie hesitou, mas ao ver o olhar animado de Ella, deixou-se cair na neve, sentindo o frio penetrar em sua pele, enquanto movia os braços e pernas para formar o anjo. Era como se, por um breve momento, ela pudesse se reconectar com a simplicidade das coisas que havia perdido.
Ella se deitou ao lado dela, imitando seus movimentos, e o som cristalino do riso da menina encheu o ar. Karina, Haerin e Sehun logo se juntaram a elas, entregando-se àquele instante de inocência e alegria, como se também pudessem, por um instante, retornar à infância.
Ao olhar para o céu, onde os flocos caíam suavemente sobre seu rosto, Jennie sentiu uma paz passageira, como se o tempo houvesse realmente parado. Ela contemplou o anjo que formara na neve, e uma onda de nostalgia a tomou, trazendo lembranças de Natais passados, quando ainda acreditava que a magia do Natal poderia transformar tudo. Era como se o presente e o passado se tocassem, mas antes que ela pudesse se agarrar a essa memória, o vento frio a trouxe de volta.
Ao retornarem para dentro, o calor da lareira ofereceu alívio aos rostos ruborizados e mãos entorpecidas. Jennie sentiu-se momentaneamente grata pelo calor, mas uma inquietação persistente continuava a latejar em seu peito. Ela se dirigiu ao piano, onde George tocava uma melodia suave e melancólica, e ficou ali, observando os dedos do pai deslizarem sobre as teclas, criando uma música que parecia falar de coisas que as palavras não alcançavam.
Rosé e Jisoo se aproximaram, as duas trazendo consigo o calor de suas presenças. Sentaram-se ao lado de Jennie, com os olhos fixos na árvore de Natal, e por um momento, nenhum som foi necessário entre elas. Era como se a amizade que compartilhavam falasse por si mesma, oferecendo uma trégua aquela sensação de vazio que Jennie não conseguia afastar por completo.
O brilho das luzes refletia-se nos olhos de Jennie, e mais uma vez, a imagem da jovem misteriosa atravessou seus pensamentos. Tentou afastá-la, concentrando-se nas vozes familiares ao seu redor, mas a sensação de que havia algo esperando para ser descoberto não a deixava, algo que escapava das luzes calorosas e dos risos daquela sala. Existia algo nos olhos da jovem, uma profundidade e uma tristeza que pareciam refletir a sua própria. Não conseguia entender por que aquela figura se mantinha tão presente em seus pensamentos.
Enquanto observava o brilho suave das luzes de Natal, Jennie se deixou perder na música que continuava a tocar, imaginando que, talvez, em algum lugar lá fora, a jovem também estivesse olhando para o céu, envolta pela mesma sensação de saudade e incerteza. Era um pensamento reconfortante, mas também terrivelmente triste. Havia algo de inevitável nessa conexão que Jennie sentia com ela, como se seus destinos estivessem de alguma forma entrelaçados, como se ambas estivessem destinadas a se perderem juntas nesse vasto oceano de incerteza e dor. Jennie Ruby sabia, no fundo de sua alma, que aquele encontro não havia sido por acaso. Havia algo naquela jovem que ela precisava entender, algo que ela precisava confrontar dentro de si.
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Música que toca na casa dos Ruby Jane:
Let It Snow, Dean MartinO que vocês mais gostam de fazer no Natal?
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On the Last Day, Jenlisa
RomanceUma jovem, perdida na solidão, busca significado em sua existência. A verdadeira essência da vida. Amor e dor entrelaçam-se na fragilidade do adeus.