5 - Posso confessar uma coisa?

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Na manhã seguinte, eu podia praticamente tocar a expectativa nos olhos de Rosa quando ela me questionou sobre o porquê da minha pergunta no dia anterior.

Eu devia ter mantido a boca fechada.

Rosa era brilhante e tão atenta quanto um gato, e o fato de eu ter lhe pedido que traduzisse para mim algo que, como ela me informou esta manhã, parecia porto-riquenho a deixou com a pulga atrás da orelha.

Eu tinha olhado para aquela mensagem de texto — aquelas três palavras — por uma quantidade ridícula de tempo. Tão paralisada pela... pela quantidade infinita de coisas que eu poderia responder que, quando enfim cheguei a uma resposta decente, já era mais de uma da manhã e fiquei preocupada demais com a possibilidade de acordá-la.

Eu era uma idiota. Sério.

Agora eu estava com sono e aprendi muito rápido que tentar percorrer, sonolenta os corredores apinhados da escola poderia ser uma trama saída diretamente de um dos livros distópicos que eu lia.

Jogando o livro de oratória dentro do túmulo de aço cinza que era meu armário, peguei os livros das duas primeiras aulas, sabendo que teria tempo de passar ali para trocá-los mais tarde. Fechei a porta, fazendo tudo o que podia para não pensar em ver Lisa, ao mesmo tempo que dizia a mim mesma que, se Keira falasse comigo hoje, eu responderia como uma pessoa normal. A porta emperrou. Suspirando, eu a abri de novo e fiz um pouco mais de esforço para batê-la. Dessa vez ela fechou. Satisfeita, eu me abaixei para pegar a mochila e comecei a me virar.

— Você?

Virando, procurei o som da voz e então a vi. A menina da aula de oratória. A menina que havia tocado Lisa de um jeito que dizia que muita coisa tinha acontecido e Lisa estava feliz com isso.

— É você. — Seus olhos castanhos se estreitaram. — Eu poderia estar em negação agora, mas é você mesma.

Pelo canto do olho, vi a menina de trancinhas que me dera um oi ontem parar a alguns metros de nós, olhando para o armário na frente do qual essa garota estava. Ela recuou e virou para o outro lado.

Oh, Deus, isso não era um bom sinal.

A garota na minha frente apertou os lábios com gloss cor-de-rosa.

— Você não tem ideia de quem eu sou, não é?

Balancei a cabeça lentamente.

— Eu sei quem você é, e não por causa da aula de oratória. Só não consigo acreditar que seja você — continuou ela. — Achei que você estivesse morta ou algo assim.

Meu coração parou. Segundo dia de escola e eu já estava recebendo ameaças de morte?

A alça de sua surrada bolsa carteiro verde-oliva deslizou uns centímetros em seu ombro.

O Problema do Para Sempre (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora