9 - Eu não conseguiria...

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Subi as escadas rangentes nas pontas dos pés, estremecendo a cada vez que as placas gemiam sob meus passos. Eu tinha que ser silenciosa ou o Sr. Henry me pegaria. Isso seria ruim. Muito ruim.

Desci o corredor escuro. A Srta. Becky estava doente de novo, de cama, mas, se eu conseguisse fazê-la se levantar, ela ajudaria Lisa. Abrindo a porta lentamente, de modo que não fizesse barulho, olhei ao redor do quarto. A luminária na mesinha de cabeceira estava acesa, inundando o cômodo com uma luz amarela. Garrafas marrons vazias estavam espalhadas por cima da cômoda. O quarto tinha um cheiro estranho. Estagnado. Fui em direção à cama, apertando as mãos fechadas. A Srta. Becky estava deitada ali, mas não parecia bem. Era como um daqueles manequins nas lojas, pálida e imóvel.

— Srta. Becky — sussurrei, quebrando uma regra. Eu nunca devia acordá-la, mas Lisa precisava de ajuda. Não houve nenhum movimento na cama. Cheguei mais perto. — Srta. Becky?

Assustada, hesitei perto da cama. O quarto ficou turvo. Lágrimas arderam em meus olhos quando troquei meu pé de apoio. Tentei chamar o nome dela de novo, mas não saiu nenhum som. A alça de sua camiseta estava na metade do braço, e seu peito não parecia se mover.

Comecei a me virar, para me esconder, porque alguma coisa estava muito errada, mas Lisa estava do lado de fora e estava tão frio que meus dedos sem luvas tinham doído no parquinho da escola mais cedo. Levantei meus ombros ossudos e voltei para a cama. Estendi a mão e peguei o braço da Srta. Becky. Sua pele estava fria e... ácida. Puxei minhas mãos de volta e me virei, correndo para fora do quarto. A Srta. Becky... Ela não ia poder ajudar. Agora a coisa era comigo, e eu não ia decepcionar Lisa. Rastejei de volta pelos degraus e passei silenciosamente pelo banheiro com cheiro de mofo.

O Sr. Henry gritou um palavrão da sala de estar, fazendo meu coração pular, mas eu insisti e alcancei a porta dos fundos. Esticando-me, destranquei a porta, o estalo ecoando como um trovão pela cozinha. Girei a maçaneta.

— Que diabos você está fazendo, garota?

Hesitei, encolhendo-me enquanto meu corpo se retesava. Eu me preparei para os punhos quando abri a boca. Gritos cortaram o ar, a casa e...


— Jennie! Acorde! — Mãos apertavam meus ombros, me sacudindo. — Acorde.

Sentando-me ereta, eu me libertei das mãos e me encolhi em cima da cama. Minha mão direita bateu no ar. Sem equilíbrio, oscilei à beira da cama. A mão no meu braço esquerdo apertou mais. Outro grito se formou em minha garganta. Meu olhar selvagem correu pelo quarto iluminado. O passado aos poucos recuou, como uma mancha de alcatrão e fumaça sendo lavada. Não havia garrafas de cerveja. Nenhuma mesa de cozinha coberta de jornais. Fitei os olhos escuros de Carl. A preocupação estava estampada em seu rosto cansado. Seu cabelo apontava em todas as direções, e sua camisa cinza estava amarrotada.

O Problema do Para Sempre (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora