A viagem de volta para Al Zubarah foi tranquila, mas o Sultão Amim Ali Aziz estava imerso em seus pensamentos. Cada palavra do sábio de Doha ressoava em sua mente, especialmente a lição sobre sabedoria e liderança. Contudo, havia uma questão que ainda não havia sido completamente resolvida: o segredo final de seu turbante. Embora o sábio tivesse mencionado algo sobre o poder da peça de vestimenta, o Sultão sentia que havia mais a descobrir.
Ao retornar ao seu luxuoso palácio, a saudade de sua cidade e do povo o preencheu. Al Zubarah era, sem dúvida, uma cidade majestosa, com suas muralhas imponentes, ruas movimentadas e o brilho do deserto ao redor. Mas, mais do que isso, ele percebeu que sua conexão com a cidade e seu povo havia se fortalecido. Ele agora entendia melhor suas responsabilidades como governante, graças à sabedoria que recebera em Doha.
No entanto, o mistério do turbante continuava a perturbá-lo. Todas as noites, ele o colocava cuidadosamente sobre sua cabeça, mas o leve chacoalhar dentro dele nunca cessava. Os dentes que ele havia perdido, e que foram encontrados lá dentro, estavam guardados agora em uma caixa especial, como relíquias. Mas a sensação de que havia algo mais, algo que ele ainda não havia desvendado, o incomodava profundamente.
Uma noite, enquanto olhava o céu estrelado do deserto do alto de sua varanda, o Sultão chamou seu vizir de confiança, Harun, para lhe fazer uma pergunta.
— Harun, meu fiel amigo — começou o Sultão, com um tom pensativo —, você esteve comigo em todos os momentos desse estranho episódio com meu turbante. Eu pergunto a você agora: acredita que há algo mais escondido nele, algo que ainda não vimos?
Harun, que sempre fora calmo e ponderado, pensou por um momento antes de responder.
— Majestade, o que sabemos sobre o turbante já é surpreendente. Ele guardou seus dentes perdidos e simbolizou suas preocupações. Mas, se me permite, acho que o verdadeiro segredo não está apenas dentro do turbante, mas no que ele representa para vossa majestade.
O Sultão, intrigado, pediu que Harun explicasse melhor.
— Veja bem, Sultão Amim Ali Aziz, o turbante é parte de vossa identidade como governante. Mas, ao mesmo tempo, ele foi um fardo, um peso que carregou seus medos e ansiedades. Eu acredito que o segredo final que procuras não está escondido fisicamente no turbante, mas na maneira como vossa majestade lida com o poder que ele representa — disse Harun com sabedoria.
As palavras de Harun ecoaram no coração do Sultão. Ele havia passado tanto tempo tentando descobrir o que havia de especial no objeto que esquecera de olhar para dentro de si mesmo, onde talvez estivesse a resposta. Mesmo assim, ele sentia que uma última revelação estava prestes a acontecer.
Naquela mesma noite, enquanto o palácio dormia, o Sultão resolveu confrontar de vez o mistério. Sentado diante de um grande espelho em seus aposentos, ele retirou lentamente o turbante de sua cabeça. Segurou-o nas mãos, observando cada detalhe de suas finas bordas douradas e das jóias incrustadas.
De repente, algo aconteceu.
O Sultão sentiu uma leve vibração no turbante. O chacoalhar, que antes era sutil, se intensificou, e, com um leve movimento de suas mãos, o tecido começou a se desfazer lentamente, revelando algo que ele jamais esperava. No centro do turbante, oculto por camadas de tecido fino, havia um pequeno compartimento secreto, quase imperceptível. E, dentro desse compartimento, algo brilhava.
Com o coração acelerado, o Sultão puxou delicadamente o objeto. Era uma pequena pedra, perfeitamente esculpida, do tamanho de uma moeda. Sua superfície era lisa, e ela brilhava com uma luz suave e mística. Gravado em sua superfície havia uma inscrição que o Sultão mal conseguia ler à primeira vista. Ele aproximou o objeto da luz de suas velas e, com grande esforço, decifrou as palavras:
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O Segredo do Turbante do Sultão
FantasyHouve um tempo em que o poderoso Sultão Amim Ali Aziz reinava sobre a luxuosa cidade de Al Zubarah, no emirado do Catar. Porém, algo estranho começou a perturbá-lo: durante trinta noites consecutivas, ele sonhou que todos os seus dentes caíam, até q...