O pequeno vilarejo de Sacramento era um ponto de encontro no árido Velho Oeste. Com suas casas de madeira e uma rua principal coberta por uma poeira fina, Sacramento parecia modesta, mas escondia histórias e aventuras dignas dos maiores heróis e vilões do faroeste. Era um lugar onde a coragem e a reputação valiam ouro – e ninguém entendia isso melhor do que o xerife da cidade, Jack Pipoca.
Jack Pipoca era conhecido em Sacramento por ser corajoso, embora seus planos raramente saíssem como esperado. Alto, com longos bigodes grisalhos que pareciam ter vida própria ao vento, ele mascava grãos de milho sem parar, sempre pronto para "explodir" em ação. Vestia um chapéu maior que sua cabeça e carregava uma estrela brilhante no peito, o que indicava sua posição de autoridade. Mesmo quando ele se atrapalhava, a cidade o respeitava e gostava dele – mas, para Jack, a vida seria ainda melhor se ele conseguisse conquistar o coração da charmosa Lady Mary Pamonha.
Lady Mary era a dama mais admirada de Sacramento, uma espiga de milho tão bonita que os moradores juravam que seu brilho dourado era como o próprio sol da Califórnia. Ela era dona de um sorriso contagiante, cabelos dourados que reluziam ao sol e um jeito charmoso de cuidar de todos. Os homens do vilarejo suspiravam por ela, mas, na realidade, Mary gostava mesmo era de pessoas genuínas, leais e, de certa forma, engraçadas – exatamente como o atrapalhado xerife Jack Pipoca.
Numa manhã quente, o xerife Jack Pipoca saiu para sua ronda pela cidade. Ele cruzou a praça, onde alguns moradores já estavam acordados, cumprimentando-o com acenos amigáveis.
— Bom dia, xerife! — gritou a Sra. Bertilda, a senhora mais velha da cidade, que vendia tortas de milho com carinho para todos.
— Bom dia, Sra. Bertilda! — respondeu Jack, animado, com uma piscadela. — Fique tranquila, porque hoje Sacramento está sob a minha proteção!
A frase era dita quase todos os dias, mas o xerife acreditava fielmente em seu papel. Contudo, Sacramento estava prestes a passar por uma manhã diferente de todas as outras. Quando Jack entrou no seu pequeno escritório na prefeitura, encontrou uma carta misteriosa sobre sua mesa. Era um telegrama, e sua leitura fez o coração do xerife disparar:
"ATENÇÃO, XERIFE JACK PIPOCA: O FORA DA LEI JESSE CURAU JAMES ESTÁ DE VOLTA A SACRAMENTO. EXTREMA CAUTELA RECOMENDADA."
O xerife Pipoca arregalou os olhos. Jesse Curau James era o criminoso mais procurado da região e conhecido por nunca ser capturado. Ele tinha um sorriso provocador, uma pontaria infalível e um magnetismo que encantava a todos – até mesmo a adorada Mary.
Jack amassou o papel nas mãos, decidido a acabar de vez com essa rivalidade. Sabia que Jesse não estava apenas atrás de fortuna ou fama; ele queria também conquistar o coração de Lady Mary, e Jack não podia deixar isso acontecer.
— Não dessa vez, Jesse... — sussurrou Jack para si mesmo, enchendo-se de coragem. Ele pegou seu chapéu, ajustou o coldre e foi até o saloon, onde Mary costumava passar as manhãs.
Ao entrar no saloon, Jack se deparou com o burburinho de sempre: os homens jogavam cartas e trocavam risadas, e o pianista tocava uma melodia animada no canto da sala. E lá estava ela, Mary, sentada perto da janela, com seu chapéu de palha inclinado e um sorriso doce enquanto observava o movimento da cidade. Ao ver Jack entrar, ela acenou para ele com um brilho nos olhos.
— Ora, ora, xerife. Vejo que está mais determinado do que nunca — brincou ela, ajustando a aba do chapéu.
Jack se aproximou e, tentando esconder o nervosismo, respondeu:
— Lady Mary, acabei de receber uma notícia importante. Parece que nosso velho amigo, Jesse Curau James, está de volta a Sacramento. Mas desta vez, eu vou capturá-lo. — Jack tentou soar confiante, mas sabia que, no fundo, Jesse era um adversário astuto.
Mary sorriu, como se já conhecesse o plano todo. Ela sabia do que Jesse era capaz, mas também sabia que, no fundo, o coração de Jack era genuíno.
— Ora, Jack, Jesse já escapou de você algumas vezes, não é? — Mary brincou. — Mas não se preocupe, eu acredito que você tem alguma chance, desde que esteja preparado.
Jack engoliu em seco. Estava tão focado em mostrar seu valor para Mary que não percebeu quando as portas do saloon se abriram com força. Todos se viraram, e um silêncio tomou conta do local. Na entrada estava ele: Jesse Curau James, o famoso fora da lei, com um sorriso largo e sombrio nos lábios.
Jesse tirou o chapéu e fez uma reverência exagerada, olhando diretamente para Mary.
— Bom dia, Sacramento! — exclamou Jesse, sua voz ecoando pelo salão. — E especialmente, bom dia para você, Lady Mary.
O rosto de Jack ficou vermelho de raiva. Ele se levantou, colocando a mão no coldre, e apontou para Jesse.
— Jesse Curau James! Finalmente apareceu! Esta é a sua última chance de sair de Sacramento antes que eu te leve para a cadeia!
Jesse, imperturbável, ergueu as mãos num gesto de inocência e respondeu, com o mesmo sorriso:
— Calma, xerife Pipoca. Não vim aqui para briga. Na verdade, tenho uma proposta. — Ele parou, deixando o suspense no ar, e continuou: — Que tal um duelo justo? O vencedor conquista o coração de Lady Mary. O que me diz, Jack?
O saloon inteiro soltou um suspiro de espanto, e todos os olhos se voltaram para Mary, que estava boquiaberta.
— Vocês estão malucos? — protestou ela. — Eu não sou um troféu para ser conquistado em duelo! — Seus olhos passavam de Jack para Jesse, cheia de indignação.
Mas Jack e Jesse estavam completamente focados um no outro. Jack apertou o punho e respondeu, sem tirar os olhos de Jesse:
— Muito bem, se é isso que quer, eu aceito o desafio. Vou vencer, não só para proteger a cidade, mas também... por Mary.
Mary deu um suspiro frustrado, mas já sabia que nenhum dos dois cederia. E assim, a notícia de que haveria um duelo se espalhou pelo vilarejo em segundos, atraindo todos os moradores curiosos para a rua principal. Eles queriam ver o xerife Jack Pipoca e o bandido Jesse Curau James se enfrentarem em um duelo que definiria o destino do coração de Lady Mary.
Com o sol a pino e todos os olhos sobre eles, Jack e Jesse se posicionaram no meio da rua, encarando-se em silêncio, cada um com a mão próxima ao coldre. A tensão era palpável; um vento forte passou levantando poeira e fazendo com que o bigode de Jack tremesse ainda mais.
— Vejamos, Pipoca... — provocou Jesse, sorrindo confiante. — Mostre do que é feito.
E assim, Sacramento se preparava para assistir ao duelo que ficaria para a história do vilarejo e, talvez, mudaria para sempre a vida de Jack e Mary.
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Jack Pipoca e Mary Pamonha: Uma Aventura no Velho Oeste
FantasiaNas terras áridas e escaldantes do Velho Oeste, onde o sol brilha impiedoso sobre uma vasta paisagem e a coragem é tão essencial quanto a habilidade com o revólver, o xerife Jack Pipoca, com seu longo bigode grisalho e jeito atrapalhado, se vê diant...