Capítulo 2: Lady Mary e o Vilão Carismático

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O sol já estava alto quando Lady Mary Pamonha saiu de sua modesta casinha na colina para ir ao mercado. Ela era uma visão encantadora, com seus cabelos dourados presos em uma fita simples e um vestido azul claro que balançava ao vento. Carregava uma cesta de palha, onde guardava os itens que comprava para sua casa e para os vizinhos mais velhos de Sacramento, que ela gostava de ajudar. Todos no vilarejo admiravam sua bondade e a doçura que transbordava em cada gesto.

Ao descer a ladeira, Mary percebeu que a cidade estava agitada. Movendo-se rapidamente entre as lojas e barracas do mercado, os moradores pareciam ansiosos, como se soubessem de algo importante. Ela mal terminava de acenar para um conhecido quando ouviu os murmúrios ao redor:

— Jesse Curau James está de volta! — cochichou uma senhora com olhos arregalados.

— E parece que ele veio para conquistar Lady Mary de uma vez por todas! — comentou um senhor com o rosto queimado pelo sol.

Mary ficou paralisada por um instante. Jesse Curau James! O nome dele lhe provocava arrepios e, ao mesmo tempo, uma pontada de curiosidade. Ela sabia que ele era um fora da lei perigoso, mas também tinha ouvido falar de sua fama de cavalheiro e de seu jeito carismático. O coração dela batia mais rápido. Será que ele realmente estava em Sacramento, e ainda por cima por sua causa?

De repente, uma sombra passou por trás dela, e Mary sentiu um leve arrepio ao perceber uma presença ao seu lado. Ela virou lentamente e deu de cara com um sorriso atrevido, de quem sempre tinha uma resposta na ponta da língua: era Jesse Curau James em pessoa, encostado numa pilastra com um ar de tranquilidade absoluta.

— Lady Mary, que prazer em finalmente revê-la — disse ele com um sorriso confiante. Ele usava um chapéu escuro e um colete preto que destacava ainda mais seus olhos expressivos. — Ouvi dizer que o xerife Pipoca tenta capturar meu coração, mas parece que ele é um tanto... desastrado, não é?

Mary sentiu as bochechas corarem, mas não queria parecer facilmente impressionável.

— Ora, Jesse, você sempre com suas provocações — respondeu ela, com um leve sorriso. — Mas acho que esqueceu que Sacramento não é lugar para bandidos.

Jesse riu, jogando a cabeça para trás. O riso dele era cativante e despertou a atenção de todos ao redor. Mesmo quem não aprovava suas ações sabia que ele tinha um charme quase irresistível.

— Lady Mary, eu sou muito mais do que um mero "bandido" — replicou ele, dando um passo em sua direção e a observando com intensidade. — Sou um homem de aventuras, sempre à procura de algo valioso. E o que poderia ser mais valioso do que o seu coração?

Mary o olhou diretamente nos olhos, tentando não deixar que ele percebesse a confusão que causava em seu peito. Ela sabia que não podia confiar em Jesse Curau James, mas algo nele a fascinava. Sua maneira de falar, a confiança exagerada que ele exibia... tudo isso o tornava diferente dos outros homens da cidade. Mas ela não poderia esquecer que ele era procurado pelo xerife, e que uma aliança com um fora da lei traria perigos para ela e para o vilarejo.

— Talvez meu coração não seja algo que você possa ganhar, Jesse — respondeu ela, olhando para ele com firmeza. — E Sacramento está sob a proteção de Jack Pipoca, o xerife mais corajoso que já vi.

Ao ouvir o nome de Jack, Jesse revirou os olhos, como se o pensamento o entediasse. Ele ergueu a mão e fez um gesto despreocupado.

— O "corajoso" Jack Pipoca? Ah, Lady Mary, corajoso ele até pode ser... mas ele nunca me venceu. Nunca! — Jesse falou, sua voz cheia de orgulho. — E eu me pergunto se ele tem algo mais a oferecer além daquela sua estrela brilhante e daquele bigode cômico.

Nesse exato momento, Jack Pipoca, que vinha observando a cena de longe, decidiu que já tinha escutado o suficiente. Ele caminhou a passos largos em direção a Jesse e Mary, com a mão no coldre e o olhar determinado. Ao ver o xerife, Jesse apenas arqueou uma sobrancelha, mantendo o sorriso provocador.

— Então, Jack Pipoca! Chegou para proteger Sacramento, ou apenas para garantir que eu não roube o coração da senhorita Mary? — provocou Jesse, dando uma risadinha enquanto olhava de Jack para Mary.

Jack ignorou o comentário e manteve os olhos fixos em Jesse.

— Curau James, esta é sua última chance de sair da cidade em paz. Sacramento não precisa de seus truques ou de suas investidas — afirmou Jack, tentando manter a calma. Mas, lá no fundo, sabia que sua paciência estava se esgotando.

Jesse deu de ombros, parecendo indiferente à ameaça. Ele olhou novamente para Mary e, em um gesto surpreendente, segurou a mão dela e lhe deu um beijo leve, que fez o coração de Jack acelerar de raiva. Mary ficou imóvel, sem saber como reagir, mas sabia que a cidade inteira estava observando a cena.

— Bom, Lady Mary, se o xerife não me quer por aqui, é uma pena — murmurou Jesse, olhando para ela com intensidade. — Mas eu não vou desistir tão fácil. Volto em breve, e quando voltar, quero que pense em quem é o verdadeiro homem da sua vida.

E, com um último sorriso, Jesse deu um passo para trás, colocando o chapéu e caminhando calmamente para fora do saloon. Os moradores assistiram a tudo em silêncio, ainda processando o que tinham acabado de ver. Quando Jesse desapareceu, Jack virou-se para Mary, que parecia perdida em pensamentos.

— Está tudo bem, Mary? — perguntou ele, suavizando o tom, preocupado com o efeito que Jesse poderia ter causado nela.

Mary olhou para Jack e deu um sorriso reconfortante, mas seus olhos ainda mostravam um certo conflito. Ela sabia que Jesse Curau James era uma figura perigosa, mas havia algo nele que a atraía, como se sua vida tão controlada e previsível pudesse se tornar uma aventura com ele ao lado.

— Estou bem, Jack — respondeu ela, suspirando. — Mas Jesse é mais esperto do que parece. Não subestime o que ele pode fazer.

Jack assentiu, entendendo o que ela queria dizer. E, no fundo, sabia que teria que se esforçar ainda mais para conquistar a confiança e o afeto dela.

Naquela noite, o vilarejo estava em silêncio, mas Sacramento nunca esteve tão agitado por dentro. Enquanto os moradores murmuravam sobre a possível volta de Jesse e as chances do xerife contra ele, Mary refletia sobre o que o coração realmente queria.

Ela olhou para a janela de seu quarto, observando as estrelas cintilarem no céu escuro do Oeste. A vida em Sacramento estava prestes a mudar para sempre, e Mary sabia que logo teria que fazer uma escolha. A questão era: Jack Pipoca conseguiria vencer Jesse Curau James não apenas em duelo, mas também em seu coração?

Jack Pipoca e Mary Pamonha: Uma Aventura no Velho OesteWhere stories live. Discover now