O barulho de vozes e do motor do caminhão de mudança acordou Agatha do seu sono tranquilo naquela manhã de domingo. A mulher descia as escadas irritada, pronta para xingar quem quer que fosse o causador daquela poluição sonora. Abriu a porta de entrada abruptamente, vendo a movimentação na casa ao lado. Desceu os três degraus da sua varanda, não se importando por estar de pés descalços. Agatha ia na direção das pessoas como um cão feroz.— Ei, que barulho de merda é esse? — sua voz saiu alta e irritada, assustando as pessoas, que pararam o que estavam fazendo.
A mulher de cabelos pretos e roupas confortáveis, aproximou-se da outra, a olhando de cima a baixo, soltando um sorrisinho debochado.
— Bom dia, senhora. — estendeu a mão, oferecendo um sorriso. — Sou Rio Vidal, sua nova vizinha da direita, mas não da sua direita e sim da minha.
Agatha grunhiu.
— Não estou nem um pouco interessada! Quero que parem de fazer esse barulho agora mesmo!
Rio jogou sua cabeça para trás, gargalhando.
— Calma, minha senhora. Eu só estou fazendo a minha mudança. — desdenhou com as mãos levantadas para cima.
— Escuta aqui, sua inconveniente! — disse em um tom de ameaça se aproximando de Rio, que abriu um sorriso sarcástico. — Pouco me importa a porra da sua mudança. São 08h35min da manhã e tem gente querendo descansar. É bom fazer silêncio, senão se verá comigo.
Rio abriu mais ainda seu sorriso. Seus olhos brilhavam em divertimento.
— Adoro mulher mandona e estressadinha. Então não fala assim porque me apaixono.
Harkness sentiu seu sangue ferver com tamanha audácia. Fechou suas mãos, apertando os dedos na palma das mãos, se controlando para não voar na mulher. Agatha já não estava de bom humor, sua vida era estressante, e agora tinha que aguentar uma inconveniente como sua nova vizinha.
Antes que pudesse formular qualquer resposta, um grito infantil a chamando tirou sua atenção de Rio. Virou-se e viu seu marido e filho na porta de casa a olhando confusos. Retornou seu olhar para Rio, que ainda tinha um irritante sorriso nos lábios. Lançou um olhar enraivecido para a outra, antes de lhe dar as costas e caminhar de volta para casa.
— Tenha um bom dia, vizinha! — exclamou acenando exageradamente sua mão. — ¡Te veo!
Agatha retornou a sua casa. Bateu a porta atrás de si assim que entrou. Não estava se importando com o olhar de Joseph, tão pouco queria falar com ele, a briga entre eles ainda era recente. Caminhou até seu filho que abriu os braços para recebê-la.
— Bom dia, meu príncipe! — exclamou amorosa, o pegando no colo. — Desculpa a mamãe? Ela só se estressou um pouco.
Nicholas gargalhou ao sentir os beijinhos que Agatha dava em seu rosto.
— Bom dia, mamãe! E tudo bem. Os adultos são estressados mesmo.
Agatha olhou para o filho com os olhos arregalados de surpresa.
— Você acabou de me chamar de estressada?
O pequeno Harkness forçou para descer do colo da mãe, para sair correndo e gargalhando.
A mulher ria desacreditada, seu menino era um pestinha.
— Precisava desse escândalo todo, Agatha?
Virou-se para o homem, cruzando seus braços e o olhando friamente.
— Não está satisfeito com a discussão de ontem? Nunca vi gostar tanto de bater boca. — retrucou Agatha.
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Um Caminho Para Duas | agathario
RomanceAgatha Harkness sempre fora uma filha exemplar. Fazia de tudo para agradar sua mãe, Evanora Harkness, que nunca ficava satisfeita com as ações da filha. Casou com um homem que não amava, se formou na profissão que não queria, para apenas para agrada...