Capítulo 2 - nossos combinados.

131 10 0
                                    


Estou com 9 anos e o Sinny tem 11. Ele está conosco há três anos, mas parece que sempre fez parte da nossa família. Nossa casa é aconchegante, cheia de cores e risadas. Adoro ter um irmão mais velho, mesmo que ele seja tão quieto. Às vezes penso se falo demais, mas é que gosto tanto de conversar com todo mundo! Minha voz ecoa pela casa como um passarinho animado.

O Sinny tem uns olhos verdes lindos, como duas esmeraldas brilhantes. Quando ele olha pra mim, sinto um calorzinho gostoso no peito. É como se ele pudesse me proteger de qualquer coisa ruim no mundo. Mesmo quando estou sozinha no meu quarto, rodeada de ursinhos de pelúcia e livros coloridos, sinto a presença dele. É como se ele fosse meu anjo da guarda! Sei que ele só quer o meu bem, então tento sempre ser a melhor irmãzinha do mundo pra ele. Arrumo meu quarto sem que me peçam, ajudo a mamãe na cozinha, tudo para ver um sorriso no rosto do Sinny.

Quero tanto que ele fique orgulhoso de mim! Estudo muito na escola, sempre com as melhores notas da turma. Em casa, pratico piano todos os dias, mesmo quando minhas mãos doem pelo esforço. Tudo isso para que o Sinny saiba que pode contar comigo para qualquer coisa. Mesmo quando ele está sério, com aquela carinha fechada que me lembra uma nuvem de chuva, sei que no fundo ele se importa muito comigo. Isso me faz sentir tão especial e amada!

Quando o Sinny fala, às vezes é um pouquinho rude, mas sei que ele não faz por mal. Outro dia, eu caí no quintal enquanto brincava, machuquei o joelho e lágrimas brotaram nos meus olhos. Na mesma hora, o Sinny veio correndo me ajudar, seus passos fazendo as folhas secas estalarem no chão. Ele ficou um pouquinho bravo comigo por eu ter sido desastrada, mas limpou meu machucado com tanto cuidado! Seus dedos eram gentis como plumas enquanto passava o remédio que ardia.

— Toma cuidado. — Sinny diz, sua voz grave ecoando no quintal ensolarado. Seus olhos verdes brilham com preocupação enquanto ele limpa delicadamente meu joelho machucado. — Nem sempre vou conseguir estar por perto para te proteger.

Sinto um nó na garganta, mas engulo as lágrimas. Não quero que o Sinny me ache fraca ou chorona. Quero tanto que ele fique orgulhoso de mim! Forço um sorriso, mesmo com a ardência do machucado.

— T-tá bom, irmãozão — respondo, minha voz tremendo um pouquinho. O cheiro das flores do jardim mistura-se com o aroma do remédio que Sinny passa no meu joelho. — Obrigada por cuidar de mim.

Olho ao redor, vendo as borboletas dançando entre as margaridas coloridas. Queria poder ser tão livre e leve quanto elas, penso. Mas sei que preciso ser forte e corajosa, como o Sinny sempre me ensina. Prometo a mim mesma que vou tomar mais cuidado, só para não preocupar meu irmão querido.

Eu sempre tento fazer o Sinny sorrir mais. Na sala de estar, com o cheirinho de café da mamãe no ar, conto as piadas que ouvi na escola. Faço caretas engraçadas na frente do espelho grande do corredor, minha imagem distorcida refletindo meu esforço. Tudo isso para ver aqueles olhos verdes do Sinny brilharem de alegria, mesmo que por um segundo.

Às vezes, raramente na verdade, consigo arrancar um pequeno sorriso dele. É como se o sol tivesse aparecido depois de dias e dias de chuva! Quero tanto que ele saiba o quanto é especial para mim. Mesmo quando ele está quietinho no canto dele, sentado na poltrona de couro gasta, lendo um livro ou desenhando, eu fico por perto. Me sento no tapete fofinho, abraçando meus joelhos, só para sentir o calor da presença dele. O silêncio entre nós é como um cobertor quentinho.

Na escola, as coisas são bem diferentes. O barulho do recreio, as risadas das outras crianças, tudo parece tão distante do nosso mundinho em casa. Tenho vários colegas de classe — não sei se posso chamar de amigos de verdade. Mesmo assim, adoro conversar com todo mundo! Minha voz animada ecoa pelos corredores enquanto cumprimento cada pessoa que passa.

meu caos | taboo romance.Onde histórias criam vida. Descubra agora