Por você, eu vou -1

156 18 8
                                    

— Poxa, Dara, custa ir comigo? Não quero ir sozinho! — reclama Leo pela décima vez, com aquela expressão de quem tá quase se jogando no chão

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


— Poxa, Dara, custa ir comigo? Não quero ir sozinho! — reclama Leo pela décima vez, com aquela expressão de quem tá quase se jogando no chão.

— Já falei, tô ocupada, Leo. E você tem a mamãe pra ir com você! — retruco, tentando não olhar pra ele, focando na tela do computador.

Mas, do nada, ele chega mais perto, põe a mão na minha cadeira e se inclina pra me encarar.

— Por favor, Dara… — ele pede, com aquela voz de cachorro abandonado. — A mamãe não curte essas batalhas, e eu preciso de você lá. Se eu for sozinho, vou parecer um idiota!

Solto um suspiro, tentando manter minha pose de durona, mas é difícil resistir ao olhar desesperado dele. Fico encarando ele por uns segundos, e pronto, já tô derrotada.

— Tá bom, mas só se você prometer que vai ser divertido — digo, tentando esconder o sorriso que ameaça aparecer.

— Obrigado, Dara! — Ele me abraça com força, do jeito desajeitado dele. Abraço de volta, meio sem jeito, porque não sou muito de abraços, mas com ele sempre foi diferente.

— Vai ser demais, você vai ver! — Ele solta o abraço e sai correndo pra se arrumar, rindo.

Fico ali, meio que rindo sozinha e aceitando meu destino. Abro o celular pra dar uma olhada no evento. Só vejo uns nomes de MCs no line-up que não me dizem nada. Decido que um banho quente vai ajudar a me preparar.

---

Depois do banho, escolho uma blusa branca larguinha, que cai pelo ombro, uma calça jeans boca larga e meu all-star surrado. Dou uma borrifada do meu perfume doce e prendo o cabelo num coque.

Bato na porta do quarto dele.

— Leo, já terminou?

— Falta pouco! — ele responde lá de dentro, como sempre.

— Anda logo, tô te esperando lá embaixo!

Desço e fico na sala, rolando o feed do Instagram. Tô distraída até que escuto uma voz atrás de mim:

— Tô pronto!

Quase pulo de susto.

— Meu Deus, Leo! Quer me matar do coração? — reclamo, colocando a mão no peito.

Ele ri, achando graça. — Foi mal, Dara! Bora?

Tranco o computador, pego minha blusa, e a gente vai pro carro. Ele já pega o celular e coloca o endereço no GPS.

— Pronto! É só seguir, motorista — diz ele, rindo.

Enquanto dirijo, ele tá todo imerso em uns vídeos de batalhas passadas. De repente, ele vira a tela pra mim, empolgado.

— Olha esse cara, Dara! O que você acha? Eu consigo ser bom assim?

Dou uma olhada rápida.

— Você não vai ser igual ele, Leo… — faço uma pausa, ele me olha surpreso. — Vai ser melhor, só precisa acreditar.

Ele abre um sorriso largo e eu dou um de volta. Acho que, no fim das contas, tô até curtindo a ideia de ir com ele.

---

Chegamos e ele já desce do carro, quase correndo. O lugar tá lotado, o som dos beats pulsa nas paredes. Leo aponta pros apresentadores, todo animado:

— Olha, Dara! É o Bob e o Alva!

Eu sorrio, contagiada pelo entusiasmo dele. O clima é incrível, e Leo tá no elemento dele, totalmente vidrado.

Ele me explica que hoje é batalha em dupla, e os MCs já tão subindo no palco. O beat começa, e a galera vai à loucura. Cada rima é um ataque, a galera responde com gritos a cada linha. Me deixo levar pela empolgação.

Quando o primeiro round acaba, sinto que preciso achar um banheiro. Me aproximo de Leo e pergunto:

— Leo, onde tem banheiro aqui?

Ele mal olha pra mim, focado na batalha. — Acho que tem uns banheiros químicos lá atrás.

Vou até lá, me afastando um pouco da multidão. Acho os banheiros e entro, ajeitando o cabelo no espelho.

Saio e acabo esbarrando num cara que vem chegando com uns amigos. Ele tem um sorriso despreocupado, cabelo bem arrumado, e uma jaqueta de couro.

— Foi mal — digo, meio surpresa.

Ele sorri de volta. — Sem problema. Tá curtindo a batalha?

Dou de ombros. — Vim acompanhar meu irmão, na real.

Ele solta uma risada e diz: — Bom, aproveita! Nos vemos por aí.

E se afasta com os amigos. Respiro fundo, tentando ignorar um leve desapontamento, e volto pra onde Leo tá, imerso no evento.

A multidão tá ainda mais animada e eu me junto a ele, assistindo as rimas rolarem, agora com um sorriso no rosto. Me sinto parte de algo grande, e isso até que é bom.

Entre Rimas Afiadas e Batidas PulsantesOnde histórias criam vida. Descubra agora