O desafio do palco-2

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Assim que chego ao lado do Leo, ele me lança aquele sorriso típico

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Assim que chego ao lado do Leo, ele me lança aquele sorriso típico.

— Demorou, hein? Acabou perdendo um round incrível — diz ele, tentando conter a animação.

Sorrio, ainda com a cabeça no encontro inesperado de minutos atrás.

— Esbarrei com um cara no corredor — explico, distraída.

Antes que eu termine a frase, o apresentador retorna ao microfone, chamando os próximos MCs. Olho para o palco, e lá está ele: o cara do corredor, vestindo uma jaqueta de couro, com um olhar que exala confiança. Ele é um MC.

Ele olha para a multidão, e, por um breve momento, seus olhos encontram os meus. O suficiente para despertar uma curiosidade leve. Ele então percebe o Leo ao meu lado e esboça um sorriso discreto, quase desafiador.

Leo me cutuca, empolgado.

— Aquele é o Apollo — sussurra ele, como se estivesse compartilhando um segredo. — O melhor daqui, manda demais.

— Apollo? — repito, surpresa. Quem diria que o "cara do corredor" era uma lenda.

No palco, Apollo ergue o microfone e, com um sorriso provocador, anuncia:

— Tenho uma proposta! Quero uma dupla comigo nesse round. Quem aí se garante?

A plateia explode em gritos e aplausos, e Apollo fixa o olhar em Leo, o desafiando de longe.

— E aí, moleque, topa fazer dupla? — provoca, com a segurança de quem sabe o que está fazendo.

Leo fica boquiaberto, e me encara com uma mistura de surpresa e excitação. Dou um sorriso encorajador.

— Vai lá, Leo. Essa é sua chance!

Ele hesita por um instante, mas logo sorri de volta e sobe no palco com um brilho nos olhos que nunca vi antes. Apollo o recebe com um toque firme e um aceno de aprovação. Fico na beira, com o coração acelerado, como se estivesse lá com ele.

O beat começa, e Apollo toma a frente. Suas rimas são afiadas, cada verso preciso, e a plateia vibra em cada punchline. Ele domina o palco com naturalidade, como se ele pertencesse a ele.

Então chega a vez do Leo. Ele respira fundo, segura o microfone com firmeza e solta sua primeira rima. Sua voz soa confiante, e cada palavra vem com uma força que leva a plateia ao delírio. Ele se solta mais a cada linha, o rosto iluminado por uma energia que nunca vi. É como se aquele momento fosse dele.

Apollo sorri ao lado, satisfeito, quase como um professor que vê o aluno acertando. A química entre eles é instantânea, cada um complementando o ritmo do outro, até que Leo solta a última linha, arrancando gritos da plateia.

Meus olhos estão fixos nele, e por um momento, o som ao redor se apaga. Ver o Leo ali, no palco, completamente entregue, me faz sentir um orgulho imenso. Ele parece outra pessoa.

Quando ele termina, Leo corre até mim, o sorriso radiante, ainda ofegante.

— Você viu isso, Dara? Eu consegui! — diz ele, a voz tremendo de emoção.

— Leo, você foi incrível! — respondo, tentando encontrar palavras para expressar o que senti ao vê-lo lá.

Antes que possamos nos recompor, Apollo se aproxima.

— Ei, precisamos voltar pro palco — avisa, olhando diretamente para mim com um olhar firme e direto.

A plateia começa a gritar, escolhendo Apollo e Leo como vencedores do round, quebrando nosso contato visual.

— É melhor a gente subir — Leo diz, olhando para Apollo, o que me faz olhar para ele também.

— É melhor mesmo — concorda Apollo, subindo ao palco, seguido por Leo.

Após alguns segundos, o apresentador pede que a plateia escolha sua dupla preferida. Os gritos por Leo e Apollo são altos. Eu apenas observo, orgulhosa de ver meu irmão feliz, algo que não via desde a perda do nosso pai.

— Vamos chamar agora a dupla vencedora do primeiro round! — anuncia o apresentador.

Os MCs do round anterior começam a subir no palco. Leo e Apollo estão num canto, discutindo estratégias. Após alguns segundos, eles se posicionam.

— A final será entre Apollo e Leo contra Jotapê e Neo! — declara o apresentador, antes de soltar o próximo beat.

O beat é familiar, é o que Leo sempre usa para praticar em casa. A batalha começa, e o público responde com entusiasmo.

Apollo abre com uma rima afiada, arrancando gritos. Jotapê responde à altura, e o público vibra mais ainda.

Leo entra no jogo, mas não puxa tantos gritos quanto Apollo. Neo aproveita, e a plateia vai à loucura com suas rimas provocativas.

Eu perco algumas palavras no meio da intensidade, mas logo o round termina, e a decisão fica com a plateia. Ao final, Jotapê e Neo levam o round.

Outro beat começa e mais um round se inicia. Apollo ataca, Jotapê devolve, Leo defende, e Neo o pressiona.

O som é alto, e a plateia vibra a cada linha. Eles estão dando tudo, num verdadeiro combate de palavras.

O segundo round acaba, e o apresentador pede à plateia que grite para escolher uma dupla. A divisão é clara, mas a decisão vai para os jurados, que finalmente escolhem Jotapê e Neo como os vencedores.

A plateia grita, e algumas pessoas ao meu redor murmuram que a decisão foi injusta.

Descemos do palco, e eu tento alcançar Leo em meio à multidão. Quando finalmente o encontro, Apollo está ao lado dele, ambos exaustos.

Apollo nota minha presença e murmura algo para Leo antes de se aproximar de mim.

— Ele precisa de um tempo pra se recompor. Gastou muita energia lá em cima — comenta, se aproximando.

— Vocês foram ótimos — digo, sorrindo.

— Só não precisava daquela velocidade toda, né? Deu pra entender nada — brinco.

— Valeu. Aliás, meu nome é Apollo — ele diz, estendendo a mão.

Sorrio.

— Já fiquei sabendo — respondo, apertando sua mão. — Sou Dara.

Ele segura minha mão por um instante a mais, antes de sorrir.

— Bonito nome — comenta, e, antes que eu possa responder, Leo se aproxima.

— Dara! — ele chama, com um sorriso tímido.

Abraço meu irmão apertado, sussurrando um "você mandou bem demais" no ouvido dele.

Solto-o e me viro para Apollo.

— Obrigada, de verdade — digo, mantendo o olhar.

— Não precisa agradecer — ele responde, e por um momento, ficamos ali, um olhando para o outro.

— Vamos, Dara? — Leo diz, nos puxando de volta à realidade.

— Claro. Já vamos — respondo, me virando para ele.

Leo bate as mãos com Apollo.

— Valeu por tudo hoje. Nunca vou esquecer isso — diz Leo, emocionado.

— Não precisa agradecer. — Apollo sorri, puxando-o para um abraço rápido. — Você tem futuro, moleque. Confia.

Entre Rimas Afiadas e Batidas PulsantesOnde histórias criam vida. Descubra agora