1 - Passado sombrio e confuso

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Capítulo 1: Passado Sombrio e Confuso

Pov: Malia Simphiwe Baker

Eu era uma garota que sempre estava animada e me divertia. Ia para a escola e tinha uma vida tão normal quanto a das outras crianças. Pelo menos, era o que eu pensava... até completar cinco anos.

No meu aniversário de cinco anos, depois da festa, minha mãe me levou para uma floresta à noite. Eu estava com medo, mas ela me dizia para não me preocupar com nada. Notei que ela parecia doente – sua pele estava pálida, e ela caminhava lentamente.

Seguimos para o meio da floresta até que ela parou de caminhar. Estávamos cercadas por arbustos e árvores densas. Ela se abaixou ao meu lado, me olhando com uma expressão que eu não conseguia entender.

— Mamãe, tá tudo bem? — perguntei, insegura.

— Sim, querida. Agora, tome isso — ela disse, colocando em meu pescoço o colar que sempre usava. — É meu presente de aniversário para você.

Sorri e a abracei. Naquele momento, parecia ser a melhor coisa do mundo. Mas, então, ela se afastou de mim lentamente. Fiquei confusa e tentei segui-la, mas uma ventania gelada nos cercou, trazendo uma névoa densa e fria que envolveu o lugar. O pavor começou a tomar conta de mim.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Adeus. Quando precisar chamá-los, apenas uive — disse ela, desaparecendo na névoa.

Uma rajada de vento me atingiu, me fazendo cair no chão. Aos poucos, a brisa e a névoa se dissiparam, e, quando olhei ao redor, estava sozinha. Comecei a chorar, mas logo enxuguei as lágrimas ao ouvir passos ao redor. Meu coração disparou quando vi figuras surgirem de todos os lados, saindo de dentro dos arbustos.

— Uma criança? — perguntou uma mulher negra, mais velha, franzindo o cenho.

— O que uma criança está fazendo sozinha aqui? — outra mulher falou, se ajoelhando na minha frente. Ao ver suas presas, um grito se formou na minha garganta, mas fiquei paralisada pelo medo.

— Filha! Não assuste a criança! E ela está com o colar da família Baker — disse outra mulher, que parecia ser a mais velha do grupo. A mulher ajoelhada voltou a ter a aparência normal, e eu virei o rosto, ainda tremendo.

— Então agora temos que cuidar de uma criança? Eu me recuso, odeio crianças — disse a mulher de cabelo escuro e com uma mecha vermelha, cruzando os braços.

Eles ficaram em silêncio, como se discutissem o que fazer comigo. Ao fim, a mulher mais velha se aproximou, me olhando com um sorriso gentil.

— Vamos cuidar de você como sua mãe queria, Malia — disse ela, enquanto um homem se abaixava e me pegava no colo. — Meu nome é Brandy, mas pode me chamar de Tia Bran.

— Eu sou o Joshua, pequena — disse o homem com um sorriso acolhedor.

Eles me levaram até a casa deles e cuidaram de mim. Apesar de ter sido o pior aniversário por ter perdido minha mãe, foi também o melhor, pois ganhei uma nova família.

Presente

O som irritante do despertador me acordou. Abri os olhos com dificuldade e me sentei na cama, tentando espantar o sono. Tomei um banho, coloquei uma calça branca, prendi meus cabelos cacheados, vesti uma blusa azul e fiquei descalça. Antes de sair, peguei o colar que estava na cabeceira.

Desci as escadas em direção à cozinha e, ao perceber que meu carregador havia sumido, já entrei gritando:

— Quem pegou meu carregador?!

Todos me olharam surpresos na cozinha.

— Primeiramente, bom dia. E, segundamente, fui eu — disse Josh, segurando uma xícara de café.

— Avise antes, tá, Josh? Bom dia, pessoal — respondi, recebendo um “bom dia” em coro, exceto por uma dupla que continuava conversando.

Preparei meu café da manhã e me sentei à mesa, vendo Tia Bran me observar com um sorriso no rosto. Sorri de volta.

— Querida, está animada para o seu aniversário? Está chegando — comentou Rita.

— Muito empolgada! — disse com entusiasmo.

— Quantos anos mesmo? Oito? Porque você parece uma criança — provocou Kylie, com um sorriso cínico.

— Pelo menos eu não tenho mais de um século — retruquei, rindo.

— Vocês vão começar a brigar logo cedo? — perguntou Sofia, suspirando.

— É essa pirralha que não me respeita — reclamou Kylie.

— Repete — ameacei, apertando o colar. O sorriso de Kylie sumiu, e ela hesitou.

— Pira... Na verdade, nada não — disse, soltando um leve gemido de dor. Soltei o colar e a encarei, vitoriosa.

— Ótimo — falei, me levantando da mesa e subindo para o quarto, mas não antes de lançar um sorriso vitorioso em sua direção.


Vampire - KyliaOnde histórias criam vida. Descubra agora