Capítulo 2: O Peso do Passado e o Mistério do Presente
Pov: Malia Simphiwe Baker
Subi para o quarto, tentando disfarçar meu sorriso de satisfação. Desde pequena, sempre soube que aquele colar tinha um poder especial. Só não sabia ao certo o que ele significava, nem até onde ele poderia ir. Mas, depois de tantos anos convivendo com eles, aprendi a usá-lo ao meu favor, especialmente em situações como essa com a Kylie.
Ainda que eu fosse humana, aquele colar me dava um controle, uma autoridade sobre eles. E, para ser sincera, às vezes era bom ter um pouco de vantagem. Só que, quanto mais o tempo passava, mais perguntas surgiam.
Por que minha mãe me deixou com eles? E o que ela quis dizer com "quando precisar chamá-los, apenas uive"? Essas perguntas rodavam na minha cabeça, mas Brandy, Joshua e os outros sempre mudavam de assunto quando eu tentava descobrir.
Olhei para o espelho. Minha pele tinha o mesmo tom de chocolate quente da minha mãe, mas meus olhos, ah, meus olhos eram diferentes... Um brilho misterioso que eu ainda não entendia. Suspirei, ajustando o colar em volta do pescoço.
No meio dos meus pensamentos, ouvi uma batida na porta. Era Joshua.
— Pronta pra encarar o dia, pequena? — Ele entrou, com aquele sorriso familiar e caloroso.
— Acho que sim, Josh. Como sempre, né? — respondi com uma leve risada.
Ele se aproximou e passou a mão nos meus cabelos, ajeitando um cacho que tinha escapado do penteado.
— Você cresceu tanto... — ele disse, parecendo nostálgico. — Parece que foi ontem que a gente te encontrou naquela floresta.
— E você não vai me dizer o porquê, vai? — perguntei, meio brincando, mas com um tom de curiosidade real.
Joshua hesitou, o sorriso sumindo.
— Algum dia, Malia... algum dia você vai entender tudo isso.
Ele não disse mais nada, mas senti o peso do que ele deixou no ar. Eles sabiam mais do que diziam, e eu começava a pensar que meu aniversário, que estava tão perto, talvez fosse a chave para desvendar o passado que escondiam de mim.
Mais tarde, na sala de estar
Eu estava deitada no sofá, distraída com um livro, quando ouvi Kylie e Sofia conversando ao lado da janela. Sem perceber, acabei prestando atenção.
— ... E ela realmente acha que a gente vai contar tudo? — Kylie sussurrou, visivelmente preocupada.
— Temos que ter paciência, Kylie. Ela ainda é uma criança, ao menos aos nossos olhos — respondeu Sofia.
Kylie bufou, impaciente.
— Ela não é mais uma criança, Sofia. Em poucos dias, tudo vai mudar para ela, quer a gente goste ou não. E você sabe o que isso significa.
Me encolhi no sofá, sentindo um calafrio. "Tudo vai mudar"? As palavras ecoavam na minha cabeça. Que segredo tão grande era esse? E por que todos estavam tão preocupados com o meu aniversário?
Mais tarde, naquela noite
Estava escuro quando fui para o quintal, tentando afastar os pensamentos e pegar um pouco de ar. A floresta ao redor da casa era densa e misteriosa, mas, por alguma razão, sempre me senti segura ali.
De repente, senti uma brisa gelada, e o vento começou a soprar mais forte. Olhei em volta, e a escuridão pareceu se tornar ainda mais densa.
No meio do silêncio, ouvi um som baixo, quase um sussurro, vindo da floresta. O som parecia um uivo distante, como se estivesse me chamando.
Instintivamente, levei a mão ao colar, sentindo sua superfície fria contra minha pele. Uma voz interna me dizia que aquilo tinha algo a ver com o segredo que guardavam de mim.
Dando um passo hesitante, caminhei em direção à escuridão da floresta, o coração batendo rápido. Sabia que essa era minha chance de desvendar, ou ao menos, começar a entender o mistério que me rodeava.
E então, ao dar o próximo passo, senti o chão firme sob meus pés desaparecer. Era como se estivesse atravessando para outro lugar, uma parte da floresta que nunca tinha visto antes...
A brisa fria da floresta me cercava, e uma sensação de perigo pairava no ar. Eu ainda tentava entender o que fazia ali, mas a ansiedade de desvendar o segredo que envolvia minha mãe e o colar me impulsionava a seguir em frente.
Então, do nada, uma figura sombria surgiu entre as árvores, bloqueando meu caminho. Era um homem de olhos vermelhos, com um sorriso ameaçador, e pude ver suas presas afiadas quando ele se aproximou.
— Uma humana solitária... fácil demais — ele disse, com um tom de voz ameaçador e uma expressão de puro prazer.
Tentei recuar, mas algo dentro de mim dizia que eu não poderia escapar dele sozinha. Eu me lembrei das palavras da minha mãe: "Quando precisar chamá-los, uive."
Respirei fundo e, sem pensar duas vezes, uivei o mais alto que pude. O som ecoou pela floresta, e o vampiro à minha frente hesitou por um instante. Em questão de segundos, uma névoa densa surgiu ao nosso redor, exatamente como naquela noite.
As sombras foram tomando forma, revelando rostos familiares — Ruby, Sofia, Joshua, Peder, Morgan, Dove, China... e, por último, Kylie. Cada um deles parecia imponente e pronto para proteger.
— Parece que demos um aviso bem claro sobre não invadirem nosso território — Joshua disse, sua voz grave e ameaçadora.
O vampiro à minha frente olhou ao redor, seu rosto agora tomado pelo medo.
— Eu... não sabia que ela estava com vocês... — ele gaguejou, especialmente ao olhar para Kylie, cuja expressão de frieza parecia ainda mais mortal.
Ela deu um passo à frente, seu olhar afiado como uma lâmina.
— Esta é sua última chance. Se você voltar aqui, da próxima vez, não terá ninguém para lhe salvar — Kylie afirmou, enquanto a névoa ao seu redor se adensava, como se fosse parte de sua própria presença. O vampiro não perdeu tempo e desapareceu na noite.
O clima de tensão se dissipou aos poucos, e todos me lançaram olhares misturados entre alívio e reprovação. Ruby se aproximou de mim, colocando a mão em meu ombro.
— Malia, é perigoso sair assim sozinha — ela disse, sua voz carregada de preocupação.
— Volte pra casa com a gente, não queremos correr esse tipo de risco de novo — Sofia falou, um pouco irritada, mas entendi o motivo.
Assenti, me sentindo envergonhada. Eu sabia que estavam certos, mas algo dentro de mim me impulsionava a descobrir mais.
— Vamos, antes que a noite piore — Morgan disse, enquanto todos começavam a retornar para a casa.
Enquanto subíamos as escadas para entrar, percebi que Kylie continuava ao meu lado, em silêncio. Diferente dos outros, ela não parecia minimamente interessada em conversar ou se certificar de que eu estava bem. Era como se me tolerasse por obrigação.
Assim que entramos, os outros foram se dispersando pela casa, mas eu percebi que Kylie ainda me observava. Era difícil decifrar o que se passava em sua mente — havia algo em seu olhar, um misto de frieza e algo que eu não conseguia entender completamente. Eu dei um meio sorriso, mas ela apenas virou as costas e subiu para o andar de cima, como se o que acabara de acontecer não tivesse nenhuma importância.
Fui para o meu quarto, mas me peguei refletindo sobre ela e a forma como parecia se manter distante de mim. Apesar de viver com todos há anos, Kylie era a única com quem eu sempre sentia essa tensão no ar, como se tivesse algo a mais ali.
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Vampire - Kylia
VampireMalia Simphiwe Baker, uma garota assustada de 5 anos um dia, estava saindo pra passear com sua mãe até que sua mãe te deixou com um colar e ele entregou para um grupo de Vampiros que cuidariam e protegeriam ela a qualquer custo. E então ela a deixou...