VII - Changsana

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O céu aberto se revelava em tons de azul pálido enquanto Sokjhan e Hogotome avançavam pelo caminho da Terra Morta. A vastidão daquela terra, que outrora fora palco de batalhas sangrentas, agora parecia um campo pacato. Hogotome observava ao redor, intrigada. O nome "Terra Morta" não parecia combinar com a paisagem à sua frente. A vegetação rasteira, embora esparsa, ainda existia, e a superfície era uma mistura de planícies com leves elevações, o que quebrava o tom sombrio que o nome sugeria.

— Então, por que chamar isso de "Terra Morta" se ainda tem vida por aqui? — Hogotome perguntou, sua curiosidade velada em uma expressão sugestiva.

Sokjhan, demonstrou paciência em ter que explicar a mesma coisa, respondeu com um leve suspiro:

— Já te disse, Hogotome. O nome vem da guerra que aconteceu aqui. Os corpos queimados dos que perderam ainda deixam sua marca invisível neste chão.

Hogotome apenas assentiu, mas sua mente estava mais atenta ao que via do que às palavras do príncipe. Ela não estava convencida de que aquele lugar merecia um nome tão lúgubre. "Ainda tem vida... Então o que há de tão morto aqui?", pensou, enquanto seus olhos continuavam a escanear os arredores.

Após alguns minutos em silêncio, ela quebrou a quietude novamente:

— Quando chegaremos a Changsana?

Sokjhan olhou para o horizonte e respondeu, desta vez com um tom mais leve:

— Não falta muito. Só de entrar no caminho da Terra Morta já significa que estamos perto. Mais um pouco de cavalgada e chegamos lá.

— Hm... — Hogotome murmurou enquanto ainda observava ao redor, mais interessada no cenário do que na resposta em si.

Sokjhan percebeu a distração dela, mas resolveu continuar com a explicação:

— Lá em Changsana, poderemos comer algo decente e passar a noite.

Hogotome franziu a testa, intrigada:

— Por que pararíamos por lá se o sol ainda está um pouco acima de nossas cabeças? — Ela apontou para o céu, destacando que ainda havia bastante luz do dia.

Sokjhan olhou para o sol por um momento antes de responder:

— Precisamos comprar suprimentos. A próxima vila ou local de repouso fica mais longe, e até lá Fugoshi pode se desgastar. É melhor prevenir do que arriscar. — Ele olhou para Hogotome e, com um sorriso sarcástico, acrescentou: — Mas se você prefere dormir ao ar livre, podemos tentar a sorte com os ladrões que rondam a região.

Hogotome fez uma careta e rapidamente respondeu:

— Prefiro Changsana, obrigada. E, além disso, acho que vou precisar de roupas novas... — Ela franziu o nariz, olhando para suas próprias vestes com desagrado. — Minhas roupas ainda estão com o cheiro daquele maldito tarado. Tenho certeza de que, enquanto eu estava desmaiada, ele estava roçando a... — ela hesitou por um segundo, antes de continuar com nojo — a bingola murcha e fedorenta dele nas minhas roupas íntimas.

Sokjhan cerrou os olhos por um momento, mantendo a calma ao ouvir aquilo. A idéia do que aquele homem nojento poderia ter feito enquanto ela estava desmaiada, fervilhava em sua mente, mas ele disfarçou com uma pergunta súbita:

— Ei, Hogotome, me diz uma coisa... Nesse exato momento, o veneno já deve ter feito efeito, certo?

Hogotome, surpresa com a mudança de assunto, pensou por um instante, seus olhos se movendo de um lado para o outro, calculando mentalmente.

— Acredito que sim. Se fosse uma cobra de verdade, ele ainda estaria delirando no chão, sentindo o veneno queimando suas entranhas — disse ela com uma certa satisfação na voz.

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