Sokjhan disparava pelas ruas de Changsana, os olhos fixos na figura ágil que se esquivava entre as pessoas. A multidão abria caminho, surpresa com a velocidade e a habilidade de ambos. O ladrão era rápido e usava o ambiente a seu favor: desviava bruscamente para passagens estreitas entre cidadãos, saltava sobre caixotes e até derrubava barris para tentar bloquear a passagem de Sokjhan. Mas o príncipe, com reflexos afiados, desviava de cada obstáculo, mantendo a perseguição constante.
Após algumas voltas rápidas, o ladrão percebeu que as ruas da aldeia não seriam suficientes para despistar Sokjhan. Assim, com um último desvio, ele correu em direção à saída de Changsana, entrando numa região de mata densa. Sokjhan não hesitou e seguiu-o, aumentando a velocidade à medida que as árvores e o som do vento tomavam conta do cenário.
A floresta se tornou uma arena silenciosa, onde o ladrão tinha vantagem por conhecer o terreno. Ele tentou confundir Sokjhan, serpenteando entre as árvores, dobrando esquinas imaginárias e usando o barulho das folhas para mascarar seus movimentos. Em certo momento, ele desapareceu de vista, e Sokjhan precisou parar, os sentidos em alerta, tentando ouvir qualquer som que indicasse a direção do fugitivo.
O ladrão, acreditando que havia despistado o príncipe, finalmente desacelerou. Ele olhou para trás e, ao não ver sinal de Sokjhan, abriu um sorriso de alívio. "Idiota," pensou, convicto de sua vitória. Em suas mãos, um pequeno amuleto de metal brilhava sob a luz filtrada pela folhagem. Não era algo de valor inestimável, mas sua aparência exótica certamente renderia algumas moedas de ouro, o suficiente para se manter por um tempo.
Caminhando enquanto admirava o objeto, o ladrão não percebeu a sombra que surgia por trás dele. De repente, Sokjhan, usando um dos troncos como apoio, apareceu e desferiu um chute certeiro na barriga do homem. O ladrão perdeu o ar e seus olhos se arregalaram, enquanto seu corpo tombava para trás, rolando pelo chão. O amuleto que ele segurava se soltou e subiu no ar por um breve instante.
Sokjhan esticou a mão e agarrou o amuleto antes que ele caísse, firmando o objeto entre os dedos. Com um olhar calmo, ele se abaixou e colocou o amuleto no chão, a poucos passos de si, antes de caminhar até o ladrão que tentava se recompor.
— Quem é você? E por que está tomando para si algo que não lhe pertence? — questionou Sokjhan, com a voz firme e controlada.
O homem bufou e olhou para ele com desprezo, antes de responder com um resmungo:
— Tsc! — Ele desviou o olhar e continuou com uma voz embargada de amargura. — Se você soubesse a fome que eu passo... Entenderia por que eu estava roubando.
Sokjhan ergueu uma sobrancelha e retrucou com frieza:
— E por que roubar dos pobres? Existem nobres e mercadores que barganham suas riquezas. Por que não eles?
O ladrão lançou-lhe um olhar desdenhoso, mas havia algo de vulnerável em seu tom ao responder:
— Qualquer pessoa que não mora vagando pelas terra já é nobre para qualquer um que se arrasta e humilha para sobreviver. Qualquer coisa é melhor do que... insetos, camundongos e água de fontes podres
A resposta fez Sokjhan observá-lo com mais atenção. Agora, ele via o cansaço estampado no rosto do ladrão, um olhar vazio e um rosto encovado, marcas de uma vida vivida à margem.
— Mesmo assim — Sokjhan disse, com um tom suave, porém firme —, o que você fez ainda é errado. Se tudo que quer é comida, há outras formas de consegui-la. Trabalhar para alguém, procurar ajuda... Existe uma forma menos cruel de sobreviver.
O príncipe estendeu a mão para o homem, oferecendo-lhe uma chance de redenção.
— Qual é o seu nome?
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Infinity Flow
FantasyNo coração do reino de Rachzern, onde a nobreza governa com punhos adornados em ouro e púrpura, Sokjhan Nanrhi é o príncipe destinado a liderar um dos clãs mais influentes da dinastia. Filho da realeza, cercado por riquezas e privilégios que poucos...