Você é como eles

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Rebecca Patricia Cuthbert.

Algumas semanas tinham-se passado desde que Freen havia dormido em Green Gables, decidimos que nos conteríamos para evitar qualquer conflito. Tudo ainda era muito confuso na minha cabeça, toda a ideia de que eu não me casaria, e seria a protagonista da minha própria história estava se desmanchando à medida que idealizava meus dias com Freen, mesmo que essa conversa ainda não estivesse acontecido, não poderia conter a urgência de estar com ela cada vez mais e me sentir preenchida na presença dela. Ela tinha todas as qualidades que imaginei que alguém deveria ter, caso um dia eu finalmente me apaixonasse, ou as qualidades de um personagem principal de uma história heroica que provavelmente eu irei escrever um dia.

Freen era cuidadosa, responsável, benevolente e definitivamente já era adulta pois trabalhava e estudava para os exames da Queen's. tarefa essa que eu estava começando a iniciar. No momento, estávamos iniciando os ensaios da festa da colheita e depois da aula praticávamos em grupos.

- Está lendo o que? – Ruby pergunta ao se aproximar com Diana.

- Apenas um dicionário tailandês – Respondo fechando o dicionário, enquanto observava Freen, Prissy ajudando os meninos com a lenha.

- Esse idioma não é extremamente difícil? – Diana pergunta tomando da minha mão.

- Sim, perdi as esperanças de aprender – Sorrio vendo os cabelos de Freen colar no seu rosto a deixando visivelmente irritada.

Diana estrala os dedos na minha frente, chamando minha atenção.

- Freen ainda vai dançar hoje? Ela nunca participa desses eventos, nem mesmo do coral natalino. – Pergunta Diana, pois ontem obriguei que ela participasse comigo do ensaio. Diana sabia do que tinha acontecido entre nós, eu confiava o bastante na minha alma irmã para isso.

- Acredito que sim, acho que ela gostou de ter dançado ontem – Diana sorrir cumplice depois de me ver dando um beijo em Freen como recompensa.

Ouvimos os gritos do Sr. Phillips para adentrarmos, assim fazemos. Freen sorrir para mim abrindo passagem. Sr. Phillips explicava alguma coisa durante a aula, mas eu estava distraída demais com o meu dicionário tailandês, e sentindo que finalmente algo estava fazendo sentido.

- Minha aula não está interessante para você, Srt. Cuthbert? - Sr. Phillips pergunta me olhando de cima. Travo imediatamente fechando o dicionário sem conseguir responde-lo – Também ficou muda?! – Ele esbraveja me fazendo encolher os ombros

- Des... desculpa, Sr. Phillips – Ele toma bruscamente o livro da minha mão, e Freen levanta da sua cadeira do outro lado do cômodo – Eu..eu estava distraída apenas.

- Lendo essa porcaria? Você não está na Tailandia, Srt. Cuthbert, você está no Canadá! – Ele olha para Freen que o encarava – Eu mandei você levantar?!

- Quem mandava em mim está enterrado na minha fazenda, Sr. Phillips – Freen responde cerrando os punhos, enquanto todos da sala se chocam com a sua resposta

- Nessa sala de aula eu sou a autoridade, Sarocha. – Ele se direciona para mim – Enquanto a você, levante-se – Ele vai para o quadro e eu me levanto com Freen ainda em pé, o Sr. Phillips começa a escrever no quadro – Eu, Rebecca Patricia Cuthbert sou uma menina imatura e estúpida. – Direciona o giz para mim – Pegue, escreva 10 vezes no quadro!

Meus olhos começam a arder e sinto que poderia chorar a qualquer momento – Ela não vai escrever isso, muito menos ir até aí. – Freen diz ao Sr. Phillips que caminha lentamente até ela.

- Cuidado, Sr. Phillips ela é louca – Billy diz fazendo a sala rir.

- Ou talvez não seja frouxa como você, Billy – A sala rir quando Freen o responde sem tirar os olhos do Sr. Phillips

- Já chega, Srt. Blythe...comporte-se como uma garota – Freen que era quase do tamanho do Sr. Phillips aproxima com mais um passo dele, e começo a temer o que poderia acontecer por minha causa, Diana me olha apreensiva e entendo o que ela gostaria que eu fizesse

- Freen, por favor...não – Eu digo e ela ainda mantem o olhar sobre o Sr. Phillips.

- Eu decido como devo me comportar, Sr. Phillips. - Sr. Phillips arremessa o giz no chão da sala, enquanto o silêncio e olhos arregalados tornam a tensão da sala palpável.

- Na. Minha. sala. Quem. Manda. Sou. Eu. – Ele fala dando pausas tocando seu dedo indicador no ambro de Freen que o empurra quando ele termina fazendo Moody levanta entrando na frente.

- Freen, por favor vamos embora – Eu digo e o Sr. Phillips me olha

- Defendendo sua namorada, Freen? – Prendo a respiração quando ele pergunta para Freen que arregala os olhos, toda a turma se choca. – Por isso tão protetora?

- Não seja estupido e não é da sua conta – Freen diz e os olhos caem sobre mim

- Não somos namoradas! – Digo por impulso me arrependo logo em seguida com o olhar surpreso de Freen

- Não é o que parece – Billy diz fazendo o Sr. Phillips gargalhar alto. – Não é a primeira vez que você corre para defende-la

- Cala a boca, Billy! – Diana esbraveja na direção do garoto.

- Você é um péssimo professor, não aprendemos nada com você, um homem medíocre que fede a fracasso, você não deveria ser o responsável por uma turma de vida jovens. – Freen arremessa seu material fora da mesa dando as costas para todos nós em meio a pedidos para Freen se acalmar e meu peito pulsando de dor – Espero que os seus dias em sala de aula estejam acabando!

- Está me ameaçando, mocinha?! – Ela não se dá ao trabalho de responder apenas vai embora sem olhar para trás. E eu decido ir até ela também deixando múrmuros pelo cômodo.

Freen caminhava rápido e quando percebo, estava correndo para tentar alcança-la aos gritos completamente ignorados por ela, quando puxo por seu braço a encarando de frente percebo que ela estava chorando.

- Freen, por favor! – Ela puxa seu braço de volta, meu coração aperta.

- Nunca mais me toque! – Ela diz com as lagrimas caindo me fazendo chorar imediatamente com o seu estado.

- Me perdoa, eu falei por impulso, me perdoa por ter te colocado nessa situação, eu... eu juro que não queria que isso acontecesse. – Imploro para ela que me olhava indiferente e com raiva nos olhos

- Eu sempre quis dizer coisas ao Sr. Phillips – Ela olha para o lado limpando o rosto – Só me deixa ir para minha casa, não me siga e não me procure.

- Freen, não. Eu não pensei antes e não acho que seria o momento de admitir na frente da turma que temos alguma coisa, você mesma disse para sermos discretas – Falo atropelando as palavras

- Você negou imediatamente me deixando ainda mais ridícula na frente de todos, eles sabem sobre mim, ao invés de me apoiar você apenas contribuiu para a ridicularização do Sr. Phillips. Era melhor não ter dito nada, na verdade você pode dizer o que você julgar melhor, eu realmente quero ficar sozinha agora. – Ela diz me deixando para trás, confusa e totalmente afundada no meu próprio erro.

- Freen, o que eu deveria ter feito? - Grito

- Diferente do que você fez a primeira vez quando me julgaram, você é como eles. – Ela some na estrada que levaria para sua casa, pela primeira vez me deixando ir sozinha, me deixando com o gosto amargo na garganta.

Forever, your love. #FREENBECKYOnde histórias criam vida. Descubra agora