Capítulo 10 - Confissões

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 Depois da pizza, o grupo se dispersou. Garnet voltou para a cidade para dar apoio à população, Ametista foi em busca de mais diversão, e Steven seguiu para casa, exausto e satisfeito por mais um dia de caos resolvido. Isso deixou Peridot e Lápis sozinhas. As duas decidiram caminhar até a praia, onde o som das ondas quebrando na areia proporcionava um raro momento de calma após o frenesi dos gatinhos mágicos. Sentadas lado a lado, ambas olhavam para o horizonte, a brisa do mar bagunçando suavemente seus cabelos.

 Peridot tamborilava os dedos nervosamente nas coxas. Ela sabia que esse era o momento perfeito para falar — mas falar nunca foi seu forte. As palavras sempre soavam mais fáceis na cabeça, mas quando tentava dizê-las... era como um robô travando. Lápis estava calma, com os braços cruzados sobre os joelhos dobrados, observando o céu começar a se tingir de laranja com o pôr do sol. Peridot respirou fundo. Vai, Peridot. Agora ou nunca. 

— Lápis... Eu, hã... Tenho algo para... te comunicar.

 Lápis ergueu uma sobrancelha, virando-se para encará-la com um meio sorriso. 

 — Sério? Você e suas "comunicações importantes" nunca decepcionam.

 — Olha, isso é mais sério do que qualquer análise de dados! — Peridot respondeu, inflando o peito. Ela segurou o ar por um segundo, tentando lembrar do que tinha ensaiado mentalmente. — A questão é... Eu... Bom, eu... gosto de você. Tipo... muito. Mais do que é lógico! O que é um grande problema, porque, francamente, você não faz o menor sentido!

 Lápis piscou, tentando acompanhar a avalanche desajeitada de palavras. — Não faço sentido?

 Peridot se apressou em continuar, mexendo freneticamente as mãos. — Exatamente! Você é impulsiva e misteriosa e... e gosta de olhar para coisas sem propósito, o que me deixa LOUCA! Mas, por algum motivo... eu gosto disso. De você. É... é como gostar de um erro de cálculo que, sei lá, melhora o resultado no final! — Ela parou, respirando fundo, sentindo o rosto queimar. 

 Lápis ficou em silêncio por um momento, o que só aumentou o pânico interno de Peridot. — Eu não sei o que estou dizendo! — Peridot finalmente explodiu, tapando o rosto com as mãos. — Pode esquecer! Você provavelmente está achando isso ridículo, e...

 Lápis riu. Uma risada leve, quase musical. Peridot espiou entre os dedos e viu que Lápis sorria de verdade. Não era uma daquelas expressões melancólicas ou distantes, mas um sorriso suave e sincero. — Ei, calma. — Lápis tocou o ombro dela de leve. — Você é... muito ruim com palavras, sabia?

 — Eu sei. — Peridot suspirou, derrotada. — Eu sou uma falha ambulante.

 — Não exatamente. — Lápis deu de ombros e voltou a olhar para o mar. — Acho que... você faz mais sentido do que imagina.

 Peridot piscou. — Isso é uma coisa boa?

 Lápis soltou um suspiro leve, mas dessa vez ele não soou triste — mais como alívio. — É. Acho que sim.

 Peridot ficou em silêncio por um momento, tentando processar a informação. Ela não sabia exatamente o que tinha acontecido ali, mas... parecia que alguma coisa finalmente se encaixou. — Então... o que fazemos agora? — Peridot perguntou, ainda um pouco desconfiada.

 — Que tal nada? — Lápis sugeriu com um sorriso de canto. — Só... ficar aqui, vendo o pôr do sol. Sem propósitos.

 Peridot abriu a boca para protestar, mas então, por algum motivo inexplicável, parou. — Hã... Certo. — Ela deu um pequeno sorriso, resignada. — Nada parece uma boa ideia.

 Lápis riu suavemente e, sem dizer mais nada, encostou de leve no ombro de Peridot. Não foi uma grande demonstração de afeto, mas para as duas, era mais do que suficiente.

O sol afundava lentamente no horizonte, e as ondas continuavam a quebrar na areia, em um ritmo calmo e constante. Pela primeira vez em muito tempo, Peridot sentiu que o caos ao seu redor finalmente havia encontrado um pouco de ordem.

E, para sua surpresa... ela gostou disso.

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⏰ Última atualização: Nov 02, 2024 ⏰

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