10. | Is this revenge?

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Did I take it too far? Did I cross the line?

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Did I take it too far?
Did I cross the line?

WILDFLOWER – Billie Elish

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Era o segundo sorvete que Asterin devorava em uma tarde, mas esse estava derretendo pela casca, sujando seus dedos e os deixando preguentos.

Estávamos sentadas em um banco, na praça, assistindo o fim do pôr do sol, sentindo seus últimos raios solares iluminarem o céu enquanto a lua entrava em seu turno mais uma vez.

  — Tudo bem? Você está aparentando meio abalada... — A voz doce do meu lado me tira de meus pensamentos.

Eu estava pensando demais, cutucando meus dedos a tarde toda ao mesmo tempo que estou ouvindo-a falar.

  — Sim, estou.

Demoro mais do que eu preciso para responder, mas ela mantém sua expressão preocupada da mesma forma. Asterin sabe que eu odeio quando me olham assim.

Ela era uma ótima atriz, fingindo não ser quem está me ameaçando, forjando seu teatro de boa pessoa, não se importando nem um bocado de ter sido a única em que confiei para contar sobre ontem.

Meus pensamentos estavam revirados, não sabendo no que acreditar, pensando que os apagões momentâneos da minha visão era coisa da minha cabeça. Minha cabeça pesava, gritando para dormir e arrancar o que me atormentava, sumir com meus problemas.

Problemas.
Ela era meu problema.

  — Verena...

Sumir.

  — Estou bem. — Repeti, reforçando para ela não insistir mais.

Asterin se calou, pensando em qualquer solução para retirar palavras da minha boca.

  — Quer andar então? — Sua voz abaixou, mais carinhosa, mais enganosa.

Assenti com a cabeça, despregando a bunda do banco de madeira e começando a seguir seus passos curtos.

Passaram-se minutos em silêncio, observando o lugar e as pessoas, saindo da praça com um sorriso de orelha a orelha com seus amigos e famílias. No final, só havia sobrado nós duas.

Meus pés se familiarizaram com o material da ponte de pedra que ficava acima da água, profunda e azul, imprevisível com seus segredos que guarda. O vento se fortalecia ao golpear nossos corpos e cabelos, esvoaçando-os.

Ela terminava o resto do seu sorvete de morango, encostada na ponte com o olhar pregado na água, seu sorriso meigo ressurgindo com o frio em sua barriga. Era uma mania dela.

  — A água deve estar fria. — Comentou, achando algum fascínio por aquilo.

O oceano começou a ficar agitado com a medida que a brisa aumentou e a noite apareceu. As ondas seguiam a lua como um fã fanático, apaixonado por sua formosura e graciosidade.

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