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Daemon mantinha os olhos fixos nos castanhos dos olhos claramente assustados da mulher. Há anos ele não a via, não sabia notícias sobre ela e muito menos como ela havia reagido depois do último acontecimento entre os dois — acontecimento esse que Daemon se esforçava demais para esquecer, porém o sentimento de culpa tinha voltado com toda a força assim que seus olhos se encontraram com os dela.

Mysaria se mantinha em silêncio, vez ou outra olhava para os lados como se estivesse procurando por alguém ou simplesmente quisesse fugir dali o mais rápido que conseguisse e naquele momento a segunda opção estava ganhando.

– Quanto tempo. - Daemon disse com um tom de voz fraco.

– Nunca é tempo demais… - Mysaria sussurrou.

– Como você tá? - Daemon perguntou e a viu soltar uma leve risada.

– Que pergunta contraditória, Daemon. - Mysaria disse num tom firme. – Me responde como você acha que eu tô?

– Acho que ainda não superou…

– O que você fez para mim? Acha mesmo que eu ia superar toda aquela… Maldade?! - Mysaria balançou a cabeça negativamente. – A minha vontade era te ver atrás das grades.

– O que eu fiz foi um erro que não tem perdão, mas entenda que…

– Foi uma atitude desesperada. - Mysaria completou. – Eu sei… Você me disse isso quinhentas vezes depois da maldade que cometeu, sinceramente?! Eu tô bem… Bom, pelo menos estou viva.

– Mysaria… Eu nunca quis que as coisas acontecessem daquele jeito, eu implorei para que eles não fizessem daquele jeito… - Daemon disse num tom de voz agonizante.

– E tinha jeito melhor para se fazer? Ah… Me perdoa eu esqueci que você tinha uma esposa que nunca poderia saber o que estava acontecendo… Aliás me conte Daemon o que aconteceria caso sua esposa e sua filha descobrissem? Pelo que eu saiba sua filha já tem idade suficiente para entender, ao contrário daquela época em que ela era só uma bebê. - Mysaria o olhou esbanjando rancor e deu um passo em direção a ele. – Não leve isso como uma ameaça até porque eu não sou disso e se depender de mim elas nunca vão saber, mas eu acho que elas deveriam descobrir o quão baixo você consegue ir para não se prejudicar.

– Eu sinto muito por tudo o que aconteceu, sinto mesmo. - Daemon sussurrou incapaz de pronunciar mais frases.

– Eu poderia dizer que foi um prazer te rever, mas nós dois sabemos que seria mentira… Passar bem, Daemon. - Mysaria sussurrou e passou a mão pelo rosto para limpar a lágrima que havia escapado e sem dizer mais nada deu as costas para ele caminhando para longe dali.

Daemon soltou um suspiro pesado, sua garganta doía e seu coração batia mais forte em arrependimento. Se arrependia de tudo que que havia feito para Mysaria, sabia que ela estava com a razão assim como sabia que se a mulher quisesse ela poderia acabar com seu noivado com Rhaenyra apenas com um estalar de dedos.

A verdade era que há muito tempo não pensava nesse assunto, não remoía jamais o sentimento ruim que sentia só de se lembrar dos gritos de Mysaria chamando por ele — essa era a parte mais doía quando se lembrava do exato momento que destruiu a vida da mulher.

Daemon engoliu seco segurando as lágrimas e voltou a pegar os tomates, assim que terminou se virou para o lado vendo Rhaenyra se aproximar tranquilamente segurando uma cesta que continha a carne dentro.

– Prontinho, amor. - Rhaenyra sorriu logo que parou ao lado dele.

– Terminei aqui também podemos ir? - Daemon perguntou tentando demonstrar tranquilidade. Rhaenyra o encarou com os olhos semi-cerrados e apenas concordou com a cabeça.

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