Sombras e Confissões

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No dia seguinte, Nina se pegou pensando em Erik mais vezes do que gostaria de admitir. Havia algo nele que ela não conseguia definir - como se ele carregasse um segredo pesado, um passado complexo que não combinava com o estilo perfeito e sofisticado que a maioria das pessoas em Beverly Hills parecia exibir. Era intrigante e, ao mesmo tempo, assustador.

À noite, ela resolveu caminhar até a mesma cafeteria onde se conheceram. Talvez ele estivesse lá, talvez não, mas a ideia de voltar ao mesmo lugar a fazia sentir um pouco mais no controle, como se fosse uma maneira de se conectar com algo familiar.

Quando entrou, viu que o lugar estava um pouco mais cheio, mas nem precisou procurar por ele. Erik estava lá, sentado em uma mesa no canto, os olhos baixos enquanto folheava distraído um livro de capa preta. Ela hesitou, mas ele levantou a cabeça e a viu. Um sorriso breve e enigmático surgiu em seu rosto, e ele fez um sinal para que ela se juntasse a ele.

"Oi, Nina. Achei que você não voltaria," ele disse, com um tom que parecia brincar, mas ao mesmo tempo era sério.

Ela se sentou e deu de ombros. "Acho que ainda estou me acostumando com o lugar... ou com as pessoas," respondeu, tentando não soar nervosa.

Erik assentiu, e então o silêncio caiu entre eles, um daqueles silêncios que parecem falar mais do que qualquer conversa. Até que ele quebrou a tensão.

"Nina, você acredita que algumas coisas... simplesmente têm que acontecer?" Ele olhou para ela, os olhos intensos. "Como se fossem inevitáveis?"

A pergunta a pegou de surpresa, e ela hesitou antes de responder. "Acho que sim. Tipo... como se algumas pessoas estivessem destinadas a se encontrar?"

Ele sorriu levemente, mas seus olhos ficaram sérios. "Exatamente."

Nina sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas não soube dizer se era bom ou ruim. Havia algo naquela conversa que parecia mais profundo, quase sombrio, mas não conseguia parar de ouvir. Como se cada palavra dele fosse um segredo que ela tinha o poder de desvendar.

"E você? Tem algo inevitável na sua vida?" ela perguntou, tentando espelhar a intensidade dele.

Erik desviou o olhar, apertando os lábios. Era como se ele estivesse pensando em uma resposta que ela talvez não estivesse preparada para ouvir. Após um breve silêncio, ele respondeu: "Sim, tem. Algumas coisas que... eu preferia que não fossem inevitáveis."

Ela não insistiu, mas sentiu que ele estava escondendo algo. Algo grande.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele se inclinou para mais perto dela, seus olhos fixos nos dela, e disse, em um tom de quase confidência: "Às vezes, as pessoas podem nos surpreender, Nina. Nem sempre para o bem."

Aquilo a fez prender a respiração. Parecia mais um aviso do que uma confissão. Mas, em vez de recuar, Nina sentiu uma estranha atração, como se estivesse cada vez mais presa àquela conexão. Mesmo com todas as dúvidas e alertas soando na sua mente, ela sabia que não conseguiria simplesmente se afastar. Havia algo em Erik que a puxava como um ímã, algo que ela precisava descobrir.

Sem perceber, ela já havia tomado sua decisão: estava disposta a correr o risco.

Entre Confissões e Silêncios - Erik Menendez Onde histórias criam vida. Descubra agora