Entre Confissões e Silêncios - Erik Menendez

Passado

As semanas passaram desde que Nina e Erik começaram a se encontrar com mais frequência. A conexão entre eles parecia mais forte a cada dia, mas havia uma tensão sutil no ar, como se algo não dito estivesse esperando para ser revelado. Nina sentia que, em algum momento, Erik precisaria abrir o coração e compartilhar o que realmente o assombrava.

Numa noite clara e estrelada, eles se encontraram no parque, o lugar onde haviam compartilhado tantas risadas e conversas profundas. O céu estava limpo, e a lua brilhava intensamente, criando um ambiente que parecia convidativo para confidências. Nina estava determinada a dar a Erik a chance de se abrir.

"Oi! Como foi seu dia?" Nina perguntou, quebrando o silêncio enquanto caminhavam lado a lado.

"Foi tranquilo, apenas estudei", Erik respondeu, mas havia uma sombra em seu olhar que não passava despercebida.

Nina percebeu a hesitação nas palavras de Erik e decidiu que era o momento certo. "Sabe, eu tenho pensado muito sobre nós e sobre tudo o que você compartilhou comigo. Eu sei que ainda há coisas que você não disse. E está tudo bem. Mas quero que saiba que estou aqui para ouvir, se você sentir que é hora de falar."

Erik parou de caminhar e olhou para o chão, como se estivesse lutando contra uma tempestade interna. "Nina, eu... eu só tenho medo do que você pode pensar de mim. O que eu fiz... ainda me assombra. E se eu não conseguir me perdoar? E se isso mudar tudo entre nós?"

"Olha, Erik, eu não sou alguém que vai te julgar. Todos nós temos nossos demônios e nossos erros. O importante é como lidamos com eles agora", ela disse, colocando a mão no ombro dele de forma encorajadora.

Ele respirou fundo, como se estivesse tentando reunir coragem. "Eu sei que você é compreensiva, mas... é difícil. Às vezes, sinto que estou me afundando em um mar de culpa e vergonha. Eu quero ser melhor, mas o passado ainda me persegue."

Nina viu a vulnerabilidade em seus olhos e sentiu seu coração apertar. "Eu não posso imaginar a dor que você carrega, mas quero te ajudar a carregar esse peso. Não precisa enfrentar isso sozinho."

A tensão no ar parecia se dissipar enquanto Erik finalmente olhava para ela com um misto de gratidão e receio. "Você realmente estaria disposta a ouvir tudo? Mesmo as partes mais sombrias?"

Nina acenou

Ele hesitou, a dor visível em seu rosto. "Meus pais... eles não eram o que pareciam. Havia muita violência entre eles. Um dia, tudo saiu do controle. Eu estava tão cansado de viver naquele ambiente. O medo e a dor eram constantes. Uma noite, em um momento de desespero, eu perdi o controle."

Nina sentiu um frio na barriga. "Você está dizendo que... você machucou eles?"

"Não apenas machuquei. Eu... eu os matei", Erik confessou, suas palavras caindo como pedras em um lago calmo. "Foi uma reação impulsiva, algo que não pensei que pudesse acontecer. Mas, naquele momento, a dor e a raiva me consumiram."

O mundo ao redor de Nina parecia parar. "Erik, você... você não pode estar falando sério. Isso é sério demais."

"Eu sei. Eu sei que é. Mas não há como voltar atrás. Depois do que aconteceu, eu fiquei paralisado pela culpa e pelo medo. Ninguém sabia a verdade. Eu escondi tudo. Fui um fantasma na minha própria vida, sempre pensando no que fiz", ele disse, as lágrimas começando a se formar em seus olhos.

Nina sentiu seu coração partir. "Erik, isso... isso é algo que você precisa compartilhar com alguém. Não pode carregar esse peso sozinho. Você precisa de ajuda."

"Eu não posso, Nina. As pessoas não entenderiam. Todos veriam um monstro, não a pessoa que eu sou agora", Erik respondeu, o desespero em sua voz.

"Mas isso não é quem você é agora. Você estava lutando para sobreviver em uma situação insuportável. Isso não te define!" Nina disse, tentando convencê-lo de que ainda havia esperança.

"E se eu não conseguir me perdoar? E se eu nunca conseguir superar isso? Eu sinto que sou um perigo. O que eu fiz não pode ser justificado. Eu não sou uma vítima. Eu sou um criminoso", disse Erik, o desespero transparecendo em sua voz.

Nina se aproximou, colocando a mão sobre seu braço. "Erik, você pode aprender a viver com isso. Você pode buscar a ajuda que precisa. Não precisa ser assim. Eu estou aqui para você, e não vou te deixar sozinho."