Revelações à Meia-noite

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O celular vibrou na mesa de Nina exatamente às 22h30. Ela olhou a tela, surpresa ao ver uma mensagem de um número desconhecido. "Encontre-me no pier às 23h." Só isso. Nenhum emoji, nenhuma explicação. Apenas uma instrução direta, quase como uma ordem.

Ela pensou em ignorar, mas algo a incomodava. Aquelas palavras pareciam familiares. Só quando voltou a ler, de novo e de novo, percebeu o que a mensagem queria dizer: era ele. Erik.

Nina ficou se perguntando como ele tinha conseguido o número dela, já que eles nunca tinham trocado contato. Então, se lembrou de um detalhe: quando conversaram no café, Erik tinha dito que trabalhava algumas noites ali. Provavelmente, ele tinha perguntado para algum colega de classe ou conhecido dela - de algum jeito, ele achara um meio.

Um pouco nervosa, ela pegou a jaqueta, se enrolou em um cachecol e saiu, tentando não fazer barulho ao passar pelo quarto dos pais. Enquanto caminhava pelas ruas quase desertas, o ar frio da noite a fazia questionar se não estava sendo impulsiva. Talvez devesse ter perguntado antes... mas sabia que algo a puxava até ele.

Quando chegou ao pier, as luzes se refletiam nas ondas, dando um brilho suave ao lugar. Lá estava ele, encostado no parapeito, encarando o mar com uma expressão concentrada, como se tivesse passado horas ali.

"Oi," ela disse, aproximando-se.

Ele se virou devagar e sorriu, um sorriso leve, mas que não alcançava os olhos. "Oi, Nina. Achei que talvez você não viesse."

"Eu quase não vim. Não sei como conseguiu meu número," ela disse, com um toque de desconfiança.

Ele deu de ombros, como se fosse algo simples. "Às vezes, quando a gente quer encontrar alguém... encontra um jeito." O tom dele era misterioso, quase um desafio.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, até que Erik olhou para ela com uma expressão diferente, mais séria. Ele parecia lutar para encontrar as palavras, como se estivesse prestes a revelar algo importante, mas hesitasse. "Nina... você já teve a sensação de que carrega algo que não pode contar pra ninguém? Como se fosse algo pesado, algo que te puxa pra baixo... mas que precisa ficar em segredo?"

Ela o encarou, surpresa com a intensidade da pergunta. "Acho que... sim. Todos temos algo assim, de certa forma."

Erik desviou o olhar para o mar. "É, mas algumas coisas são mais difíceis que outras, sabe? Às vezes, é um segredo que parece crescer dentro de você, até que não tem mais espaço."

Nina sentiu um arrepio ao ouvir isso. Mesmo sem entender tudo, ela sabia que Erik estava se referindo a algo mais sombrio, algo que o consumia. Mas, por algum motivo, ele parecia querer que ela soubesse, mesmo que em partes.

"Erik, o que você está tentando dizer? Por que eu sinto que tem algo que você não está me contando?"

Ele respirou fundo e, sem olhar diretamente para ela, respondeu: "Talvez um dia eu te conte. Talvez você entenda... ou talvez eu só precise que você esteja aqui, agora."

E então, ele se afastou lentamente, deixando Nina sozinha com suas próprias perguntas, tentando entender o mistério que parecia envolver Erik Menendez e o que ele carregava dentro de si.

Entre Confissões e Silêncios - Erik Menendez Onde histórias criam vida. Descubra agora