Nos dias que seguiram sua última conversa, Nina ainda se sentia abalada pelas revelações sobre seu passado. Cada lembrança com sua mãe agora parecia carregada de significados ocultos, como se um segredo silencioso tivesse rondado a vida dela o tempo todo. No entanto, o apoio de Erik e Lyle era uma força nova, dando a Nina o impulso para enfrentar suas próprias sombras. Entre momentos tranquilos e palavras de conforto, Nina percebia o quanto sua amizade com Erik havia se tornado essencial - e, talvez, algo mais.
Naquela tarde, Nina decidiu vê-lo novamente. Caminhou em passos apressados pela rua que levava até a casa dele, sentindo o frio na pele, que parecia diminuir à medida que se aproximava.
Ao vê-la na porta, Erik sorriu. "Nina! Que bom que veio. Eu estava pensando em você."
Ela retribuiu o sorriso, acenando timidamente. "Preciso desabafar, Erik. Estou perdida com tudo que está acontecendo."
"Claro," ele disse, guiando-a para um banco no quintal da casa. Pegou um cobertor, o qual colocou nos ombros dela com carinho. "Aqui, vai te manter aquecida."
Eles se sentaram juntos, e o silêncio tomou conta por alguns segundos, até que Erik a incentivou a falar. "Então, como você está se sentindo?"
Ela deu um suspiro fundo antes de começar. "É como se eu não conhecesse minha própria história. Sabe? Como se minha vida inteira tivesse sido... uma ilusão."
Erik assentiu, olhando-a com atenção e respeito. "É compreensível, Nina. Tudo isso é novo e difícil de processar. Mas isso não define quem você é."
"Às vezes, me sinto como se as pessoas à minha volta esperassem que eu simplesmente lidasse com isso sozinha. Só que eu não sei como," confessou, sentindo um peso sair de seu peito.
Ele tocou suavemente a mão dela, sem soltar o olhar de seus olhos. "Você não está sozinha. Eu estou aqui, Lyle também. Seja qual for o caminho que você escolher, estaremos com você."
Ela sorriu levemente, sentindo o calor que aquela frase lhe causava. "Obrigada, Erik. Você nem imagina o quanto é bom ouvir isso."
Por um momento, os dois se olharam, em silêncio, como se o mundo ao redor estivesse suspenso. Nina se sentiu cativada pelo olhar de Erik, e uma onda de conforto - e talvez um pouco de nervosismo - a envolveu. Com os dedos ainda entrelaçados, ela notou que ele mantinha a mão firme, como se dissesse que estava ali para sustentá-la.
De repente, uma voz familiar veio de dentro da casa.
"Vocês dois querem chá?" Era Lyle, trazendo uma bandeja com xícaras fumegantes e um sorriso travesso. "Acabei fazendo demais."
Nina e Erik riram, tentando disfarçar o rubor em suas faces, mas Lyle percebeu e sorriu de maneira cúmplice, como se entendesse o que se passava entre os dois.
"Ah, vocês estavam só conversando, certo?" ele brincou, fingindo desinteresse.
"Sim, só... colocando os assuntos em dia," Erik respondeu, com um olhar de cumplicidade para Nina.
Eles riram juntos, e Lyle se sentou ao lado deles, compartilhando o chá enquanto a conversa fluía naturalmente para assuntos mais leves, como hobbies, filmes e até planos para as próximas semanas. Por alguns minutos, tudo parecia normal, e as tensões sumiram.
Após alguns minutos, Lyle fez uma pausa e olhou para Nina. "E então, como está a sua mãe? Você conseguiu conversar com ela depois de tudo?"
Nina ficou em silêncio, encarando a xícara de chá em suas mãos. "Não... ainda não tive coragem. É como se parte de mim ainda estivesse processando. Acho que estou com medo de abrir esse assunto."
Erik assentiu, observando-a com compreensão. "Às vezes, é difícil encarar essas coisas, mas a verdade é a única maneira de encontrar paz."
"Sim, você está certa, Nina," Lyle acrescentou. "Por mais que doa, conversar com sua mãe pode ajudar. Você não precisa carregar esse peso sozinha."
Nina se sentiu encorajada. "Talvez eu tente falar com ela mais tarde... só preciso de um pouco mais de tempo."
Mais tarde, enquanto o sol começava a se pôr, as nuvens no céu criavam uma mistura de cores intensas, e os três ficaram em silêncio, observando o espetáculo natural. Havia algo tranquilizador naquele momento, como se tudo fosse ficar bem, pelo menos por agora.
Quando Lyle se afastou para atender uma ligação, Erik se aproximou mais de Nina. "Eu quero que você saiba que, não importa o que aconteça, estou aqui para você, sempre."
Ela olhou para ele, sentindo o coração bater mais forte. "Obrigada, Erik. Eu também sinto... que posso confiar em você, de verdade."
Eles se entreolharam, e Nina percebeu que havia algo mais naquele momento. Ela se aproximou um pouco mais, instintivamente, e ele fez o mesmo, diminuindo a distância entre eles. Era um momento delicado, onde as palavras não eram necessárias - apenas o silêncio e a intensidade do olhar compartilhado entre eles.
O som de passos os trouxe de volta à realidade, e os dois se afastaram, disfarçando o momento. Lyle voltava com um sorriso suspeito, mas respeitou o silêncio que se estabeleceu entre Erik e Nina.
"Bom, acho que vou deixar vocês dois a sós," ele disse, com uma piscadela divertida.
Após a saída de Lyle, Nina e Erik continuaram sentados, mas com uma nova sensação de proximidade. A conexão entre eles agora era quase palpável, e nenhum dos dois sentia a necessidade de esconder.
"Esse é um bom começo," Erik murmurou, mais para si mesmo do que para ela.
Nina sorriu, sentindo-se mais leve, mesmo com todas as dificuldades. "Sim... é o começo de algo importante."
Eles ficaram juntos ali por mais alguns minutos, em um silêncio confortável, observando o céu escurecer e o ar esfriar. Mesmo sem muitas palavras, ambos sabiam que aquele momento representava uma mudança, um novo passo em suas vidas.
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Entre Confissões e Silêncios - Erik Menendez
Mistério / SuspenseNina Evans nunca quis se mudar para Beverly Hills, até que conhece Erik Menendez. Misterioso e cheio de segredos, Erik a atrai para um mundo sombrio, onde cada conversa traz mais perguntas do que respostas. Com ele, Nina sente que está em um jogo de...