Paixão

10 2 0
                                    

         
                                      Chris

   — Mas, você tá apaixonado por ela?— Lizzy entra de repente no meio da conversa com essa pergunta simples e carregada de inocência, mudando o rumo dos meus pensamentos.

  Passei semanas pensando e pensando, mas isso sequer passou pela minha cabeça. Foi uma pergunta ingênua, óbvio, porque foi feita por uma criança, mas me trouxe uma perspectiva completamente nova.

  Tive mais de um mês para tomar a decisão se deveria ou não oficializar meu relacionamento com Sadie, hoje o prazo expira e tenho que informar para ela minha decisão, e nesse momento estou há quase vinte quilômetros de onde deveria estar para informá-la, me prontifiquei a levar minha irmã e Holly para um posto de gasolina que tem uma loja onde aparentemente é o único lugar da cidade que vende um tipo específico de amendoins caramelizados que as duas gostam.

  Holly estuda na mesma escola que eu, é um ano mais nova, minha mãe a contratou meses atrás para ser a babá de Lizzy e desde então somos amigos. Meus pais estão passando um fim de semana sozinhos na nossa casa no lago, eles pediram para chamá-la caso eu ou Gracie precisássemos sair, chamei-a horas atrás e ainda não me despedi dela e de Lizzy para ir me encontrar com Sadie na casa do Taylor. Assim que elas constataram que seria bom ter esses tais amendoins incríveis que só tinham para vender bem longe da cidade para comer durante o filme eu me ofereci para ir busca-los.

— Tem um monte de sorvete na geladeira pra gente tomar vendo esse filme, não precisa buscar o amendoim— insistiu Holly.

— Tá frio pra tomar sorvete hoje— respondi entrando no carro.

— Chris, o que tá acontecendo?—Holly perguntou antes que eu fechasse a janela do carro— Você tá mais estranho que o normal.

Nesse momento me dei conta de que Holly não era como os meus outros amigos. Se eu falasse para Drew, Taylor ou qualquer uma das meninas que eu estava me decidindo se teria um relacionamento sério com Sadie ou não todos imediatamente a defenderiam e tentariam me convencer de que era o ideal. Holly era neutra, exatamente como eu precisava, então expliquei a ela o porquê de eu estar empatando a maratona de filmes dela e de Lizzy.

— Você gosta dela?— Holly perguntou com o antebraço apoiado na parte debaixo da janela aberta do carro, ela é baixa demais para apoiá-lo mais para cima como as pessoas costumam.

— Gosto.

— Então tá aí sua resposta.

—Gosto mas... tem vezes que não.

Assim que eu disse isso, Holly começou a gritar por Lizzy, que demorou um pouco para aparecer, quando apareceu ficou irritada por seu nome ter sido gritado tantas vezes e perguntou o porquê de ser chamada desse jeito.

— Nós vamos buscar o amendoim com seu irmão, entra no carro— instruiu Holly entrando do lado do passageiro e ignorando o muxoxo que Lizzy soltou após entrar no banco de trás batendo  a porta do carro.

Pedi para Holly por a localização do posto e comecei a dirigir, e ao checar se Lizzy estava prestando atenção na conversa, entramos em consenso que ela estava entretida demais jogando no celular para nos ouvir.

— Já que você precisa decidir isso hoje, vamos fazer tipo uma lista de prós e contras— começou Holly— pra começar, vocês se dão bem?

— A gente briga muito, mas tem vezes que é legal tá com ela.

— E porque vocês brigam tanto?

— Pra começar porque eu nunca quis oficializar o relacionamento, e pra terminar porque ela é ciumenta.

Gracie's PlaceOnde histórias criam vida. Descubra agora