Edwin estava sentado na mesa do escritório lendo o diário (ou grimório) que Daniel havia lhe entregado no anexo secreto, não havia nada de muito estranho nos feitiços e rituais, só as coisas habituais de um grimório, mas Edwin estava interessado nas anotações sobre a vida de Matilda, não porque eram relevantes pra desvendar oque era aquela criatura, mas porque ele havia gostado dela, da maneira em que se descrevia, e acima de tudo de como contava a dificuldade e as inseguranças que tinha em relação a amar uma mulher.
A estar a apixinada sua melhor amiga.
Edwin sentia compaixão, mas acima de tudo se identificava com os registros dos sentimentos da mulher, sentia que havia alguém que o entendia, e lamentava que o espírito dela não estivesse lá, ela parecia ser uma boa pessoa, quem sabe não desse conselhos?
Um barulho no vidro da janela fez o fantasma virar a atenção para o lado de fora, era um corvo que bicava o vidro incessantemente.
- Olá corvo...
Edwin olhou o relógio, 2h38 da manhã, oque um corvo queria alí naquele momento? De maneira inevitável, a mente do fantasma vagou para Monty, ele havia ficado irritado com o fato de ter sido usado, mas não odiava ele, as vezes Edwin de pega pensando como teria sido se não tivesse regeitado Monty, será que se ele tivesse dado uma chance pra ele se explicar, os dois poderiam ter sido amigos? Poderiam ter sido felizes?
- Olá.
Edwin se assusta com a resposta do corvo, corpos tem a capacidade de imitar timbres humanos, é por isso que muitas histórias de terror alegam ouvir os corvos falarem, o corvo parecia machucado, com uma ferida na asa.
O fantasma sentiu um sentimento ruim no peito, se sentiu na obrigação de ajudar aquele animal, como se dessa forma sentisse que tivesse ajudado o Monty, como se dessa forma ele se redimisse de ter abandonado o amigo, como se isso tivesse salvado ele da Ester.☆Monty☆
Finalmente eu encontrei o tal do escritório, demorei quase três semanas pra conseguir, mas encontrei.
Depois que a Ester praticamente me estripou e me tirou da minha forma humana eu fiquei muito atordoado, as memórias são turvas mas me lembro claramente da morte da Niko...
Depois que tudo aconteceu minhas memórias começaram a ter mais clareza, não me lembro de muita coisa, me lembro da Niko, me lembro das estrelas, me lembro do Edwin, me lembro de ter beijado ele e chateado ele.
Me lembro de ver ele chorar pela Niko (não de verdade porque fantasmas não produzem lágrimas), lembro da Ester sendo arrastada, de sentir ela ser levada, e de desmaiar por dias.
Quando eu acordei, um tempo depois, eu sabia que ela tinha morrido, não sentia mais a ligação que tinha com ela por ser seu familiar, mas uma moça veio até mim, ela era negra e tinha cabelos cacheados e pretos, eu não sei quem ela era, mas ela me pegou no colo e me perguntou se eu queria ir com a Ester, eu disse que não, porque ela tinha me feito sentir coisas boas que haviam me feito mal, e que ela me fez machucar uma pessoa que me fazia feliz, que me fazia ter sentimentos estranhos, confusos e felizes.
A mulher rio, mas ela disse que entendia e que eu poderia voltar, desde que eu fosse atrás do menino que "fugiu do inferno".
Eu não sei oque ela quer com esse menino, muito menos como eu vou encontrá-lo, mas eu vou né.
Quando eu vi Edwin pela janela, após dias voando e depois de ter levado uma pedrada de uma criança idiota eu senti algo bom, não sei como definir, porque não sou mãos humano, e é difícil definir um sentimento de corvo que lembra um humano, eu só sei dizer que era bom...
Edwin abriu a janela e me begou nos braços, já era madrugada e ele estava lendo algo na mesa, mas mesmo assim ele abriu a janela e me enrolou em um cobertor após cuidar do meu machucado.
- Você me lembra alguém sabia?
Edwin disse enquanto me encarava com um olhar triste e distante, então ele sorriu pra mim, sorriu, e apesar dele não ver (porque eu sou um corvo e corvos não sorriem teoricamente) eu sorri também.☆Charles☆
Cristal não falou direito comigo, trocamos meias palavras mas ela colocou o fone assim que entrou no ônibus e mão disse mais nada, quando chegou na frente da sua casa deu um sorriso sem graça pra mim e entrou pela porta enorme, eu nem me surpreendi ao ver a mansão onde ela morava, sabia que seus pais tinham dinheiro, mas a frustração de não conseguir falar com ela estava me afetando muito, e tudo piorava quando eu lembrava da forma que eu tinha me "despedido" de Edwin, me sentia meio mal, porque parecia que eu estava trocando o tempo com ele pela Cristal, pior ainda, o tempo de investigação de um caso, ele devia estar bravo, saí andando dem rumo por Londres, quando cheguei no escritório já batiam as 4h40 da manhã, o dia já estava quase nascendo.
Assim que entrei vi Edwin abraçado com a cabeça apitada na mesa entre os braços, ele não estava realmente dormindo, a gente não dorme, mas provavelmente ele só estava de olhos fechados pensando sobre as coisas, ele faz isso as vezes quando está triste, quando a Niko morreu ele ficou quase dois dias completos assim.
- Bom dia Ed-
- Olá.~☆~
Charles pulou de susto com um som grave que dizia "olá"
- Que porra é essa?
Edwin começou a rir da situação
- Olá.
O corvo, que estava em cima da porta voou até a mesa e parou ao lado do fantasma.
- Adotei um corvo.
- Eu vi
- Vai chamar ele de Monty?
Charles falou por impulso, sem pensar, e se arrependeu completamente ao ver o silêncio do amigo, mas Edwin suspirou e respondeu.
- Não.
Charles sentiu que havia falado besteira mas continuou a conversa já que Edwin não brigou ou pareceu ofendido.
- Já pensou num nome pra ele?
Edwin negou com a cabeça e então Charles respondeu.
- Que tal Demétrio?
- Que nome é esse Charles?
- E um bom nome pra um corvo!
Edwin olhou pro corvo, sem saber quem ele era, sem saber seu real nome, sem saber que alí estava a pessoas que o havia traído, que havia gostado tanto de estar com ele que quiz beijá-lo.
Olhando pra aquela criatura ele então disse.
- Bem vindo então, a agência dos garotos detetives mortos, Demétrio.
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Agência dos detetives mortos (O final que não pudemos ter)
FanficCharles começa a entender oque sente por Edwin, Cristal mostra que é mais difícil mudar do que parece, Edwin aprende a lidar com seus sentimentos e o fato de que ele e Charles não são mais só uma dupla de detetives, Monty o corvo volta, Jane continu...