Infância Compartilhada- Lorran.

02

Narração de Isabela

Finalmente, o dia do jogo chegou, e a ansiedade estava a mil. Meu coração disparava só de pensar em ver Lorran em campo. Escolhi uma blusa preta e short jeans, algo neutro para não causar polêmica entre as torcidas. Afinal, eu era vascaína de coração, mas hoje meu único objetivo era apoiar meu melhor amigo.

Chegando ao estádio, a energia era contagiante. O som da torcida animada e os gritos dos vendedores de comida. Assim que entrei no camarote, a visão do campo iluminado e a preparação dos jogadores. Os torcedores ao meu redor estavam agitados, e eu mal podia esperar para ver Lorran jogando.

O jogo começou, e logo nos primeiros minutos, vi Lorran em campo. Ele jogava como meia, controlando o ritmo da partida. A forma como ele dominava a bola, passando por adversários e fazendo jogadas incríveis. Meu coração acelerou a cada toque na bola.

-Vai, Lorran! 

eu gritei, mesmo sabendo que ele nem ia me ouvir, sem me importar se alguém me olhasse estranho. Hoje, estava ali para apoiá-lo, e era isso que importava.

O primeiro tempo foi uma montanha-russa de emoções. O Flamengo pressionava, mas não conseguia marcar. A cada tentativa, eu sentia meu coração apertar. Queria muito ver Lorran brilhar, mas mais do que isso, queria que ele se sentisse bem jogando. Aquele menino que corria atrás de uma bola na infância agora era um jovem talentoso, e eu estava incrivelmente orgulhosa dele.

Durante o intervalo, decidi aproveitar para esticar as pernas e tomar um pouco de água. O calor estava intenso. Enquanto caminhava, não pude deixar de notar a energia da torcida. Algumas pessoas se viraram para mim, e eu sorri de volta, sem me importar. Era um momento de celebração.

Quando o segundo tempo começou, voltei ao meu lugar, e meu coração estava disparado novamente. O Flamengo ainda não tinha marcado, mas a expectativa estava no ar. Lorran parecia determinado, correndo de um lado para o outro, sempre buscando a melhor jogada.

Então, em um momento de pura mágica, Lorran pegou a bola no meio do campo e começou a driblar. Meu coração parou por um segundo enquanto eu o observava. Ele se movia com tanta habilidade.
As jogadas se sucediam, e a torcida foi à loucura.
Lorran fez uma jogada impressionante, passando por dois adversários, e meu coração estava a mil. Ele chutou a bola para o gol, e a sensação de suspense me deixou sem fôlego. A bola passou pelo goleiro e foi para o fundo da rede. O estádio explodiu em gritos e aplausos, e eu não consegui evitar de me levantar e pular de alegria.

-Ele fez! Ele fez! -eu repetia, enquanto todos ao meu redor comemoravam. A felicidade que sentia era indescritível, e eu queria compartilhar aquele momento com Lorran, que agora estava sendo cercado por seus companheiros de time. O sorriso dele iluminava o campo, e eu estava tão orgulhosa dele.

Depois do jogo, todos estavam eufóricos, e eu me senti como parte da festa. Assim que consegui sair do camarote, fui em direção ao campo, mal conseguindo controlar a empolgação. Lorran estava sendo cumprimentado por todos, e sua felicidade era contagiante. Quando ele me viu, seus olhos brilharam.

-Foi incrível, Lorran! Você jogou demais!- eu falei, tentando não transparecer o quanto aquela conexão me deixava nervosa. O abraço que trocamos foi apertado, e a sensação de estar ali, apoiando-o, era tudo o que eu precisava. O cheiro dele, aquele perfume que eu já conhecia tão bem, me envolveu.

-Eu achei que você não ia vir- ele disse, ainda com um sorriso radiante no rosto.

-Claro que eu vim! Eu nunca perderia um jogo seu- eu disse, tentando parecer mais tranquila do que realmente estava.
-tava ansiosa para ver você jogando.

-E você trouxe sorte! Vou querer você em todos os jogos a partir de agora- ele respondeu, e eu não consegui conter um sorriso. A ideia de estar presente para apoiá-lo me deixou animada.

Assim que as comemorações acabaram, Lorran me convidou para ir até a casa dele para celebrar a vitória. Era uma oportunidade de ficarmos mais próximos, e eu não hesitei. No caminho, ele falava sobre o jogo, com entusiasmo e brilho nos olhos. O jeito que ele falava, com tanta paixão, fazia meu coração disparar ainda mais. Aquilo era mais do que amizade, e eu sentia isso.

Ao chegarmos na casa dele, a energia ainda estava alta. Lorran me conduziu até a sala, onde sua família estava reunida, comemorando a vitória. Eles me cumprimentaram com sorrisos, como se eu já fosse parte da família, e isso me fez sentir bem-vinda. Era reconfortante estar ali, cercada por pessoas que já me conheciam e que tinham visto crescer ao lado de Lorran.

A sala estava cheia de risadas e histórias sobre o jogo. Tava tendo um churrasquinho,  para comemorar a vitória. Lorran estava no centro das atenções, contando sobre sua jogada favorita e rindo das reações da torcida. Eu me sentei perto dele, admirando como ele brilhava em cada momento. Quando a conversa se voltou para as lembranças da infância, eu não pude deixar de sorrir. Aqueles momentos compartilhados agora pareciam ainda mais valiosos.

Com o tempo, a casa foi se acalmando, e a noite foi se desenrolando em uma atmosfera de tranquilidade e satisfação. Eu sabia que aquele dia tinha sido especial, não apenas por ver Lorran jogar, mas por estar ao seu lado, como sempre estivemos.

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