Capítulo 4

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Alfonso Herrera (Poncho)

Assim que vi os guardas no portão a deixando entrar, eu sabia que ela tinha se decidido.

Sorri ao me inclinar na porta. Eu tinha ouvido alguns momentos antes que havia uma visitante querendo entrar na mansão. A equipe de segurança me mostrou o rosto dela na câmera e, quando vi que era a Ruby, disse a eles que a deixassem entrar. Christopher estava na academia, mas eu sabia que ele não queria perder a chance de fechar esse acordo com ela.

Tenho que admitir que, quando ele me contou o plano que havia bolado, achei que ele estava louco. Pagar uma garota para ter um filho dele? Parecia loucura para mim. Mas quanto mais ele falava sobre o assunto, mais sentido fazia, mais claro ficava para mim que ele não ia deixar isso passar e que, afinal de contas, poderia dar certo.

Ele precisava de um herdeiro, isso era óbvio. E, em sua idade, quanto mais cedo ele se empenhasse nisso, melhor. Do jeito que estava, ele teria pelo menos uns bons vinte anos para preparar o próximo na linha de sucessão, mas se ele deixasse passar mais tempo...

Eu estava surpreso por ele querer alguém como uma dançarina para o cargo. Não me entenda mal, Dulce é um arraso, mas ela também tinha um trabalho que a maioria dos homens desprezaria. Eu não achava que Christopher a olharia duas vezes para algo sério, mas ele parecia insistente.

– Eu vou precisar me sentir atraído pela mulher com quem eu fizer isso se quiser que dê certo – ele apontou – e ela é...

Ele se afastou, mas eu sabia exatamente o que estava em sua mente. Eu sabia que ele estava pensando na dança que ela havia lhe dado antes, na maneira como ela se moveu em cima dele, provocou-o, tocou-o. Se eu não tinha conseguido parar de pensar nisso quando tinha acabado de assistir, não conseguia nem imaginar como deve ter sido sedutor estar diretamente na recepção.

Voltando ao clube e colocando a oferta na mesa, ela nos recusou de cara. O que eu já esperava. Fora uma barriga de aluguel profissional, era difícil imaginar qualquer mulher que concordasse com uma oferta tão ousada como essa. Mas Christopher me disse para ter paciência - me disse que não tínhamos nada com que nos preocupar. E, geralmente, quando se tratava desse tipo de coisa, ele estava certo. Sua perspicácia o havia levado longe nesse negócio, e ele parecia ter certeza de que Dulce se recuperaria.

Ou, mais provavelmente, ele simplesmente não estava disposto a considerar outra pessoa como a possível mãe de seu filho. Ele podia ser teimoso dessa forma, se empenhando quando tinha algo em mente. Isso o tornava difícil de se mover quando se tratava de questões como território ou negócios, mas isso era diferente. Certo?

Dulce chegou à porta, com os braços enrolados em volta de si mesma para afastar o frio do início da primavera. Ela parecia diferente do lado de fora da boate, com os cabelos presos em um rabo de cavalo, sem maquiagem. Ela olhou para mim, mordendo o lábio por um momento, como se estivesse tentando descobrir se estava realmente fazendo isso.

– Posso entrar? – perguntou. 

Assenti com a cabeça e me afastei. Notei que alguns seguranças no portão estavam olhando para ela, provavelmente se perguntando o que ela estava fazendo aqui. Eu os ignorei. Eles descobririam em breve se Christopher conseguisse o que queria.

Dulce me seguiu até a mansão e parou por um momento no saguão de entrada, olhando em volta com os olhos arregalados.

– Você mora aqui? – ela me perguntou, parecendo chocada.

Sorri e acenei com a cabeça.

– Sim, moro – respondi com orgulho. Eu sabia que esta era uma casa e tanto. Ela servia para intimidar quase todos que passavam por ela, o que eu sempre gostava. Ver a expressão em seus rostos quando percebiam quanto dinheiro e poder estavam lidando com a família Uckermann sempre nos dava vantagem.

SOB O MESMO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora