Capítulo 8

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Christopher Uckermann

Algo em casa estava diferente desde o ataque a Dulce na boate.

Contei ao Poncho sobre isso assim que cheguei em casa naquela noite. Eu tinha motivos para pensar que se tratava de um executor enviado pela família Visegrad, uma máfia polonesa que vinha causando problemas para mim há muito tempo, mas eu não poderia ter certeza até chegarmos ao fundo da questão. O que significava que, por enquanto, Dulce estava ficando onde podíamos vê-la.

– É a única maneira de termos certeza de que ela ficará segura – concordou Poncho, quando lhe contei sobre minha nova abordagem.

Sim, eu queria que ela tivesse liberdade, claro que queria, mas isso poderia ser uma questão de vida ou morte. Associar-se a nós era lidar com a realidade de que o mundo simplesmente não era mais seguro, e eu precisava que ela entendesse isso.

– É você que vai dizer a ela que não pode sair de casa sozinha, ou sou eu? – comentou Poncho.

Eu estremeci. Eu sabia que ela não ia aceitar bem. Ela era uma mulher independente e, até se mudar para cá, era perfeitamente capaz de cuidar de si mesma. Eu sabia que ela se irritaria com a ideia de tentarmos controlá-la.

– Vamos resolver isso depois – suspirei – vamos apenas aumentar a segurança por aqui primeiro.

E agora, alguns dias depois do incidente na Pink's, ela estava se mantendo praticamente fora do nosso caminho. Além de nossos encontros noturnos, ela se escondia em seu lado da casa, e eu sentia falta de sua energia ao meu redor. Eu não queria pressioná-la, mas sentia falta dela, o que parecia ridículo, já que ela estava morando do outro lado da mansão.

Foi por isso que fiquei tão surpreso quando ela chegou à porta do meu escritório, com os braços em volta de si mesma e o rosto ligeiramente pálido. Poncho e eu estávamos tomando um drinque juntos para discutir os novos arranjos de segurança, e ambos levantamos os olhos quando ouvimos o ranger dos pés dela no assoalho.

– Dulce – murmurou Poncho, levantando-se e oferecendo-lhe seu assento imediatamente –você está bem?

Ela não respondeu. Ela não se mexeu. Ela olhou entre nós, com uma expressão ilegível no rosto. E, quando seus olhos finalmente se fixaram em mim, eu sabia o que ela ia dizer antes de abrir a boca.

– Estou grávida – ela respirou. As palavras ficaram suspensas no ar entre nós, tão pesadas e carregadas de tanto significado que eu nem sabia como interpretá-las. Fiquei olhando para ela por um momento, tentando descobrir se aquilo era real, mas eu sabia que ela não poderia ter fingido aquela expressão no rosto.

– Você está grávida? – Poncho repetiu depois dela, com os olhos arregalados.

Ela assentiu com a cabeça, mordendo o lábio.

– Que notícia incrível! – exclamou ele, e a puxou para os braços, abraçando-a. Eu esperava sentir uma pontada de ciúme ao ver os dois tão próximos um do outro, mas não senti. Ele se afastou, depositando um beijo em sua têmpora, e eu finalmente vi o mais leve sussurro de um sorriso cruzar seus lábios.

– Sim – ela murmurou – acho que sim.

Levantei-me e peguei sua mão, levando-a aos meus lábios e olhando-a nos olhos. Essa mulher estava carregando meu filho. Uma onda de proteção me percorreu, quando comecei a me dar conta. Naquele momento, eu teria feito qualquer coisa por ela. Eu teria matado por ela, se fosse isso que ela quisesse.

– Há quanto tempo você sabe? – lhe perguntei suavemente. 

Ela balançou a cabeça.

– Acabei de descobrir – respondeu – vim direto para cá no momento em que soube. Queria que você fosse o primeiro a descobrir...

SOB O MESMO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora