Capítulo 2

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Alfonso Herrera (Poncho)

Eu me levantei assim que o primeiro tiro foi disparado. Toda a atração por ela simplesmente desapareceu de minha mente. O que importava era tirar Christopher dali inteiro e garantir que a primeira noite na boate não terminasse em desastre.

– Christopher, se abaixe, agora – gritei para ele enquanto pegava minha arma. 

Os olhos de Dulce estavam arregalados e ela ficou parada por um momento enquanto tentava pensar no que faria em seguida. 

– Fique quieta você também! – disse para ela, enquanto engatilhava minha arma e me dirigia à porta, olhando ao redor para ver o que estava acontecendo.

Do lado de fora, a sala havia se esvaziado, os convidados que estavam lá antes desapareceram ao primeiro sinal de perigo. Eu não podia culpá-los. Ninguém queria estar por perto quando a merda começasse a acontecer. Fiz uma varredura de um lado para o outro, tentando localizar o responsável. Havia muitas pessoas irritadas com a forma como Christopher havia tentado expandir seu território e, claramente, elas queriam fazer com que a primeira noite na boate sob o novo proprietário parecesse a mais perigosa possível.

– Todos para fora! – um homem gritou descontrolado.

Eu segui o som daquela voz e olhei para o bar. Havia um homem em cima do balcão, com uma arma, mais especificamente, um revólver, que deve ter sido a causa do disparo anterior. 

Apontei minha arma para ele, tentando descobrir se conseguiria dar o tiro dali, mas o ângulo era muito apertado.

– Quem é? – Christopher se aproximou de mim quando Dulce passou correndo por nós.

Tentei pegar seu braço, mas ela já tinha ido embora, correndo em direção às meninas no palco, que estavam congeladas de medo.

– Não dá para saber daqui –murmurei – Fique aqui. Eu vou lidar com isso.

Saí da sala privada. A música havia sido desligada, o único som era o dos murmúrios de pânico das mulheres e dos poucos convidados que não haviam conseguido fugir. Eles estavam pressionados contra as paredes, colocando o máximo de espaço possível entre eles e o agressor.

Assim que saí, ele voltou sua atenção para mim, e eu levantei minha arma e a apontei diretamente para ele.

– Saia daí! – eu disse a ele, falando o mais calmamente que pude. 

Em momentos como esse, parecia que minha cabeça nunca estava mais clara. Eu sabia exatamente como me comportar com uma arma na mão. Foi por isso que Christopher me manteve como seu executor e guarda-costas por tanto tempo. Eu não reconheci esse cara. Provavelmente, era apenas um soldado enviado por alguma outra família mafiosa tentando fazer uma cena e diminuir o valor do lugar, agora que éramos os donos. O Pink's estava no limite de várias disputas territoriais diferentes, e o fato de finalmente termos vencido não significava que alguém iria recuar.

O homem empalideceu um pouco quando me viu. Devia saber de minha reputação. Mas ele manteve a mão em sua arma e balançou a cabeça.

– Este lugar não é seu – disse ele.

– O nome na escritura diz o contrário – respondi, olhando de um lado para o outro enquanto tentava descobrir se havia mais alguém aqui com ele. Eu duvidava que quem o tivesse enviado fosse tolo o suficiente para fazê-lo sozinho. Pelo canto do olho, vi um lampejo de movimento e me virei para ver outro homem saindo de baixo de uma mesa apontando uma arma em minha direção, mas disparei um tiro antes que ele pudesse atirar, atingindo-o no joelho e fazendo-o cair no chão com um uivo de dor.

SOB O MESMO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora