Capítulo 14: Epílogo - Dulce Maria Saviñon

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Dulce Maria Saviñon

– Caramba, garota, você estava ótima lá em cima esta noite! – exclamei para Gracie enquanto ela entrava no vestiário. Ela balançou a bunda de brincadeira e riu, jogando na penteadeira um punhado de anotações que fez sobre sua apresentação.

– Você acha? – ela perguntou, e eu assenti.

– Mesmo que só de olhar para esses sapatos meus pés doam – comentei, abaixando a mão para esfregar meus próprios pés.

– É, eles não são para quem está tão grávida quanto você –ela brincou – de quanto tempo você está, mesmo?

– Uh, oito meses e meio? –respondi, fazendo uma careta.

Suas sobrancelhas se ergueram.

– Que diabos você está fazendo aqui? – ela riu – você deveria estar em casa, com os pés para cima.

– Sim, sim, logo estarei – respondi, consultando meu relógio – eu só queria saber como vocês estão.

– Certo – respondeu Gracie, passando a mão em seus cabelos castanhos e retocando a maquiagem. É claro que ela provavelmente estava certa. Por mais grávida que eu estivesse, eu deveria estar no hospital, esperando o momento da minha primeira contração, mas, em vez disso, eu estava no Pink's.

Mas eu não estaria em nenhum outro lugar. Esse lugar tinha sido minha segunda casa por muito tempo e, agora, como proprietária, eu estava totalmente dedicada a facilitar ao máximo a vida das moças que trabalhavam aqui. Gracie era uma das novatas que tínhamos lá. As inscrições dispararam quando as garotas descobriram que o clube era de propriedade de uma ex-dançarina, e nós tínhamos escolhido as melhores da cidade.

O clube estava gerando um lucro absurdo e não mostrava sinais de desaceleração em breve. Eu sempre disse que esse lugar seria melhor com a influência das garotas que conheciam o setor de dentro para fora, e poder provar esse ponto foi muito satisfatório. E ver o quão longe as dançarinas conseguiram chegar com o novo trabalho que eu lhes dei também foi incrível. Maite comprou sua primeira casa e Magda, uma das dançarinas mais velhas, conseguiu pagar o primeiro ano de faculdade de sua filha. Todas elas estavam se saindo muito bem e, embora minha nova gerência tenha contribuído para isso, uma parte muito maior foi o trabalho árduo que elas fizeram.

Bocejei e verifiquei meu relógio. Em alguns minutos, Poncho e Christopher estariam lá para me buscar. Ambos teriam preferido que eu ficasse em casa à noite, mas eles sabiam que não deveriam tentar me dizer o que fazer. De fato, nos últimos meses, eles fizeram tudo o que podiam para me dar toda a liberdade que sabiam que eu precisava.

Eles eram protetores, com certeza, mas nunca me impuseram regras que eu não quisesse seguir, nunca impuseram a lei ou tentaram me isolar do mundo exterior. Havia guardas de segurança comigo em todos os lugares que eu ia, mas isso não me incomodava muito. Ninguém ousava causar problemas depois que eles haviam eliminado com tanta brutalidade os homens que vieram atrás de mim antes e, com o nosso bebê prestes a vir ao mundo, eu sabia que o futuro da família Uckermann só se tornaria mais e mais promissor a cada dia que passava.

Levantei-me da cadeira, com as costas doendo, enquanto me dirigia para a porta dos fundos do clube. Eu tinha certeza de que Christopher e Poncho já estariam lá e, com certeza, quando saí, Christopher passou o braço em volta da minha cintura imediatamente.

– Precisamos levar você para casa – ele murmurou, balançando a cabeça carinhosamente – parece que você mal está aguentando, amor.

Senti uma pontada no estômago e fiz uma careta.

– Estou bem, meu amor – respondi, mas Poncho olhou para mim com preocupação.

– Tem certeza? – perguntou ele – você não parece...

E, de repente, senti uma pressão repentina entre as pernas, seguida de uma umidade que se espalhou pela minha calça e sapatos. Olhei para baixo, com os olhos arregalados para a bagunça no chão abaixo de mim, e levei um momento para entender o que exatamente tinha acabado de acontecer aqui.

– Oh, merda! – murmurou Poncho, com os olhos arregalados – será que sua...

– Acho que minha bolsa acabou de estourar – ofeguei, minha cabeça girando.

Isso estava acontecendo. Estava mesmo, mesmo acontecendo.

– Ok, temos que ir para o hospital. A bolsa do bebê já está no carro – Christopher me disse, assumindo o controle, com a voz calma. Ele me conduziu gentilmente para o banco de trás e Poncho o abriu para nós antes de entrar no banco da frente.

– O que eu faço? – perguntei, e Christopher alisou meu cabelo enquanto eu sentia uma dor no estômago. Coloquei a mão na barriga e soltei um suspiro.

– Está tudo bem – ele me garantiu – você sabe o que fazer. Lembra?

Assenti com a cabeça, fechando os olhos e soltando um longo suspiro. Fomos às aulas de parto algumas vezes. Poncho e Christopher insistiram em me acompanhar nas duas vezes, e os olhares que recebemos ao entrarmos juntos foram inestimáveis.

– Apenas respire – disse-me Poncho do banco da frente enquanto tirava o carro do beco.

Soltei um longo suspiro com os lábios franzidos, fazendo o possível para não deixar o pânico tomar conta de mim.

Christopher acariciou meu cabelo enquanto me orientava sobre minha respiração e, enquanto atravessávamos a cidade, comecei a me acalmar. Tudo ia ficar bem. Ia ficar tudo bem. Enquanto eles estivessem aqui comigo, o que quer que acontecesse depois, eu conseguiria lidar com isso.

– Você está bem? – Poncho perguntou, e eu assenti com a cabeça enquanto as contrações se apertavam novamente.

Christopher apertou minha mão com força.

– Você está indo muito bem – ele me disse – logo estaremos lá, está bem?

Assenti com a cabeça. Eu não conseguia falar, mas, se pudesse, teria dito aos dois o quanto eu estava grata por tê-los ali comigo - o quanto eu os apreciava e como eu sabia que não teria sido capaz de fazer isso sem eles.

Mas eles já sabiam disso. Sabiam cada palavra. Eu não precisava lhes dizer novamente. Eu havia demonstrado isso todos os dias desde que entrei naquela mansão, e faria isso pelo resto da minha vida - e pela vida dessa criança também.

Poncho parou o carro e Christopher saltou para pegar uma cadeira de rodas para mim enquanto eu respirava fundo. Pegando minha mão, Poncho a levou aos lábios e me beijou.

– Você está indo muito bem, querida – ele murmurou para mim.

– Ainda mais incrível depois que eu receber a epidural – brinquei, e ele riu.

Christopher voltou com a cadeira de rodas e Poncho correu para me ajudar a sair, colocando o braço em volta de mim e deixando que eu me apoiasse nele.

– Ela está contando piadas – disse ele a Christopher.

– Então, não temos nada com que nos preocupar.

Christopher riu e começou a me guiar em direção ao hospital. Além da dor, eu podia sentir a excitação me invadindo, dominando todo o resto. Eu estava prestes a trazer nosso bebê ao mundo.

E mal podia esperar para conhecer a criança que seria criada com a família mais amorosa possível. Não apenas uma mãe, não apenas um pai, mas todos nós três, juntos.

Era perfeito.

SOB O MESMO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora