Os primeiros raios da manhã despontavam no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e dourado. A estrada parecia um longo rio de asfalto que cortava o mundo, misteriosa e convidativa, com uma promessa infinita de aventuras. Simone parou a Rosa-Choque no alto de uma colina e olhou ao longe, respirando fundo o ar fresco e sentindo a vibração silenciosa da estrada que agora fazia parte de sua alma. Desde a sua primeira jornada, muita coisa havia mudado; seu nome, sua história, e o som do sino guardião que balançava no guidão de sua moto haviam se tornado símbolos sagrados para os viajantes sobre duas rodas.
Por toda parte, motoqueiros carregavam agora pequenos sinos guardiões, como um amuleto de proteção e união, inspirados pela coragem e pelas histórias de Simone. "A Garota da Moto Rosa-Choque", como ficou conhecida, era mencionada em conversas à beira de fogueiras e em encontros clandestinos de motoqueiros. Ela se tornara uma lenda viva.
De Cidades Pequenas a Grandes Metrópoles
A jornada de Simone a levou a todos os tipos de lugares, cada um com suas particularidades e encantos. Pequenas cidades no interior, com ruas de paralelepípedos e praças rodeadas por igrejas centenárias, a recebiam com um misto de curiosidade e respeito. Em uma dessas cidades, os habitantes contavam histórias de outros motoqueiros que haviam passado por ali recentemente, todos falando dela. O som dos sinos que pendiam nas motos tornara-se tão comum que até os moradores passaram a adotar pequenos sinos em suas casas e lojas, acreditando que eles trariam a mesma proteção.
Já nas grandes metrópoles, o ritmo era outro. Os motoqueiros urbanos, inicialmente céticos, logo se renderam à narrativa de união que Simone inspirava. Eles decoravam suas motos com sinos e adesivos com o símbolo de uma rosa, um tributo silencioso à lenda que havia nascido na estrada. As luzes dos arranha-céus e os neons refletiam na pintura metálica da Rosa-Choque, dando-lhe uma aura quase sobrenatural. Nessas cidades, Simone sentia que sua presença não passava despercebida; olhares se voltavam, motoristas a observavam com admiração, e o som da moto cortando o trânsito pesado era como um anúncio de que ela estava ali.
Histórias ao Redor da Fogueira
Nas estradas mais remotas, em encontros secretos de motoqueiros, a lenda de Simone crescia ainda mais. As noites eram frias, mas o calor das fogueiras e das histórias compartilhadas mantinha todos unidos. Os rostos iluminados pelas chamas revelavam expressões de fascínio e respeito enquanto alguém, sempre algum veterano da estrada, recontava a última aventura de Simone contra os Sinistros, detalhando cada momento com paixão.
— Dizem que ela enfrentou sozinha uma dúzia daquelas criaturas numa estrada deserta — narrava um velho de voz rouca, gesticulando dramaticamente. — E que seu sino guardião tocou tão alto que as criaturas foram repelidas para sempre daquela região!
As histórias, muitas vezes aumentadas e embelezadas pela imaginação dos contadores, faziam a figura de Simone crescer. Ela, que apenas buscava liberdade e aventura, tinha agora um status quase mítico. E, para cada motoqueiro que pendurava um sino em sua moto, o ato de andar na estrada não era mais apenas uma travessia; era uma jornada protegida, uma forma de honra ao legado da "Garota da Moto Rosa-Choque".
A Última Jornada
Sentindo o peso do tempo e das aventuras, Simone decidiu fazer um último percurso, um trajeto que cruzaria o país inteiro, de norte a sul. Sua jornada final seria um tributo à estrada que a havia moldado e a todos que a acompanhavam. Partiu ao amanhecer, com a Rosa-Choque cintilando sob a luz do sol e o sino guardião balançando suavemente, emitindo seu tilintar protetor.
Durante o percurso, Simone passava por desertos silenciosos, onde o calor criava ondas visíveis no asfalto, e por florestas densas, onde o ar era úmido e as sombras das árvores formavam padrões dançantes. Em cada trecho, ela encontrava outros motoqueiros que a acompanhavam por alguns quilômetros, trocavam histórias e deixavam suas próprias marcas no caminho. Era como se cada motoqueiro que a encontrava quisesse se despedir, sabendo que aquela era a jornada final de Simone.
Ao passar por uma estrada costeira, o som das ondas quebrando nas rochas acompanhava o ronco da Rosa-Choque. Simone parou a moto em um penhasco e desceu, observando o vasto mar que se estendia diante dela. Ali, no limite entre a terra e o mar, ela sentiu uma conexão profunda com a natureza e com a liberdade que tanto prezava. O vento que soprava trazia consigo o cheiro salgado do oceano, e ela soube, naquele instante, que sua jornada estava se completando.
Um Último Confronto com os Sinistros
Mas a estrada ainda guardava um último teste. Quando a noite caiu e Simone continuou pela estrada sinuosa, ela avistou, à distância, figuras nebulosas que bloqueavam o caminho. Os Sinistros. Eles pareciam diferentes, mais organizados, como se tivessem se reunido em um último esforço para impedir sua passagem. Simone sentiu um arrepio, mas seu coração, forte e destemido, continuava a bater em ritmo constante. Ela sabia que tinha enfrentado o suficiente para não recuar agora.
Desceu da moto, o sino balançando em suas mãos, e começou a tilintá-lo com uma intensidade nunca antes usada. O som era agudo e ecoava na noite, criando uma barreira de som que parecia pulsar em ondas, afastando as criaturas. Elas avançavam e recuavam, e cada vez que o sino tocava, os Sinistros se tornavam mais transparentes, até que, em um último grito de desafio, desapareceram na escuridão.
O Desaparecimento de Simone
No dia seguinte, ao amanhecer, os motoqueiros que esperavam encontrar Simone em seu destino perceberam que ela não chegara. A notícia se espalhou rapidamente, e logo todos sabiam: a "Garota da Moto Rosa-Choque" havia desaparecido. Alguns acreditavam que ela tinha partido para uma nova dimensão, um mundo onde pudesse proteger outras estradas e outros viajantes. Outros contavam que a viram cruzando a linha do horizonte, acelerando em direção ao infinito, sem nunca olhar para trás.
Seus amigos mais próximos, incluindo Jofre, seu mentor e companheiro, sentiram a perda, mas sabiam que Simone sempre pertencera à estrada. A lenda dela só se tornaria mais forte com o tempo, inspirando cada novo viajante a carregar um sino guardião e a respeitar a liberdade que só a estrada podia oferecer.
O Legado Eterno dos Sinos Guardiões
Com o passar dos anos, a presença de Simone transformou-se em algo espiritual entre os motoqueiros. A Rosa-Choque e o tilintar de seu sino tornaram-se emblemas de coragem, aventura e união, e os encontros de motoqueiros passaram a ser marcados por cerimônias de sinos, onde todos penduravam novos sinos em suas motos, pedindo proteção e renovando seus votos à estrada.
Nas grandes convenções, ao pôr do sol, todos balançavam os sinos ao mesmo tempo, e o som ecoava como um coro pela paisagem, atravessando montanhas, vales e rios. Aqueles que vivenciaram essas cerimônias diziam sentir uma presença quase palpável, como se Simone estivesse ali, ouvindo e guiando a comunidade que ela ajudara a criar.
A História da Estrada que Nunca Termina
A lenda da "Garota da Moto Rosa-Choque" continuou a crescer, e cada motoqueiro que saía para uma longa viagem tinha uma história dela para contar ou ouvir. Os jovens que entravam na comunidade conheciam os detalhes e os símbolos que a representavam: o sino guardião, a cor rosa-choque, e o espírito incansável de liberdade. A estrada nunca seria a mesma depois de Simone, e todos sabiam que, de certa forma, ela ainda estava ali.
Nas noites mais escuras, dizem que se você escutar atentamente, pode ouvir o som de um sino tilintando ao longe. É o som da proteção, o eco da coragem de Simone, e a promessa de que a estrada estará sempre ali para quem tiver a coragem de segui-la. Para todos os que enfrentam o desconhecido com bravura e união, Simone se tornou um farol, uma lenda que vive em cada curva da estrada e em cada coração que busca a liberdade nas duas rodas de uma moto.
E assim, com o som eterno dos sinos guardiões, a lenda de Simone, a "Garota da Moto Rosa-Choque", continuará a viver, como uma promessa de que a estrada sempre guardará um lugar especial para aqueles que ousam desafiar o mundo sobre rodas.
4o
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A Garota da Moto Rosa -Choque
FantasySimone é uma jovem de 19 anos apaixonada por motocicletas. Inspirada pelo experiente Jofre, o "Ancião das Motocicletas", ela sonha em conquistar o mundo sobre duas rodas. Com uma moto especialmente feita para ela - a poderosa "Rosa-Choque" - Simone...