Narradora
Aquela foi a pior noite pela qual a Kylie passou. Os seus pensamentos perturbadores e as mil e uma ideias de acabar com a Dara, não a deixaram dormir ou melhor, ela nunca fechou os olhos.
Quando o seu alarme tocou, levantou-se da cama, tomou um banho quente, vestiu algo, mas não comeu nada. Saiu de casa a correr e chegou à faculdade num ápice.
Ela sabia que a Dara chegaria, dentro de momentos, por isso, esperou-a na sala de aula.
A raiva não tinha abandonado o seu corpo, muito pelo contrário, encontrava-se mais ativa, mais fulminante.
Assim que ouviu a voz da Dara, fechou os olhos, cerrou os punhos e respirou fundo.
- Kylie? - a sua amiga disse surpreendida, por vê-la ali tão cedo.
- Sim, estás surpreendida? - perguntou controlando a sua raiva, mas a sua voz saiu cínica.
- Um pouco, não costumas vir tão cedo- a Dara encolheu os ombros e sentou-se no seu lugar.
- Hm...Incomodo? Estraguei alguma coisa? - a Kylie aproximou-se da mesa dela, arqueou a sobrancelha e cruzou os braços. No seu rosto havia um sorriso irónico e divertido, quase maléfico.
- Claro que não, Kylie! A sala é de todos...- a sua amiga respondeu de forma simples e direta. Algo que aumentou a chama de raiva sentida por ela. - Está tudo bem? Pareces estranha! - a Dara comentou, analisando a Kylie de cima a baixo.
- Chega! Não aguento mais...- disse furiosa, num ato imperceptível, apertou o pescoço da Dara, deixando-a em desespero, à procura de ar.
- Por que é que mataste o meu avô? - a Kylie perguntou enquanto a sua mão se tornava mais forte ao redor do pescoço da sua amiga. A Dara não conseguia respirar, estava a sufocar. Estava assustada, não compreendia o porquê da Kylie estar a agir daquela forma. Afinal, ela não tinha feito nada, era tão boa pessoa que magoou o pulso a salvar um gato preso no telhado da sua casa.
- Eu vou acabar contigo! - a voz da Kylie transparecia toda a raiva que existia dentro dela.
- KYLIE! - uma voz familiar gritou pelo seu nome. - Meu Deus, Kylie! PÁRA ! - a Malia gritava desesperada.
Apressou-se a aproximar-se das duas amigas e segurou o pulso da Kylie, apertando-o, fazendo com que a Kylie soltasse o pescoço da Dara. Esta que tossiu, as suas mãos seguravam o seu pescoço, onde a mão da Kylie tinha estado. Respirava, de forma aflita, tentando recuperar o ar que tinha perdido.
A mão da Malia, ainda, segurava o pulso da Kylie que a encarava mortalmente, puxou o seu braço para trás, livrando-se da mão da mais nova.
- Sai daqui, Malia! Eu tenho algo para fazer e não quero espetadores! - a mais velha ordenou e mostrou intenção de voltar a magoar a Dara. A Malia colocou-se em frente à Kylie, fazendo-lhe frente, os seus rostos ficaram muito próximos, as suas respirações, quentes e descontroladas, misturavam-se e os seus olhares estavam, intensamente, conectados.
- Malia, cuidado, ela está louca!- a Dara avisou, ainda, ofegante.
O olhar da Kylie desviou-se do olhar da Malia, porém, a mais nova segurou no seu queixo, captando, novamente, a atenção da mais velha.
- Dara, vai-te embora, por favor! - a Malia suplicou, mantendo contacto visual com a Kylie.
Ao ouvir a porta fechar-se, a Malia soltou o queixo da Kylie e, num ato inesperado, abraçou-a, fortemente. A mais velha ficou tão surpresa que demorou para retribuir o abraço.
Ficaram, ali, durante uns segundos, mais parecia que tinham ficado por uma eternidade, nos braços uma da outra.
Pouco a pouco a sua respiração se tornava-se mais calma e leve. Porém, a mais velha soluçava e deixava que as suas lágrimas molhassem o ombro, desnudo, da Malia.
Separam-se, rapidamente, quando outros alunos entraram na sala, a Kylie secou as suas lágrimas e foi para o seu lugar.
- Kylie, está tudo bem? - a Ruby questionou preocupada, por ver a expressão chorosa e o olhar vazio da sua melhor amiga.
- Sim...- a Kylie sussurrou.
Batidas insistentes na porta ecoaram, por toda a sala, a figura que apareceu por detrás dela assustou a Kylie. Era a Diretora da Faculdade.
- Kylie Lorena Cantrall, para a minha sala, agora! - a diretora ordenou friamente....
(...)
A Kylie ficou suspensa por dois dias, quando regressou à sala deparou-se com mais um bilhete. A raiva voltou a tomar conta do seu corpo, olhou em volta, mas a Dara não estava lá....Surpreendeu-se ao ver a Camila sentada à sua frente...
- Camila, o que fazes aqui? - perguntou num sussurro, a sua irmã olhou para ela e sorriu de lado.
- Estou a ter uma aula....- respondeu de forma simples e voltou-se para a frente, deixando a Kylie com uma expressão curiosa.
A sua atenção voltou a focar-se no bilhete, respirou fundo, abriu-o e começou a ler, aquela imensidão de palavras sem sentido algum.... A The Bloody Poet, não tinha muito talento para escrever poemas, se ela não tivesse morto um homem, a Kylie, provavelmente, brincaria com a situação.
Bilhete
" Esvaía-se em sangue no chão,
Ouvia-se a morte do seu coração.
Os gritos silenciosos foram em vão,
Pois todo o mal que ele fez não merecia o meu perdão. "The Bloody Poet
Frase ( escrita na parte de trás da folha)
" Podes admitir Cantrall, estou a ficar mestre, na arte da poesia...Matar o teu avô transformou-me numa ótima poeta."
Continua.....
Autora
Consegui escrever mais um capítulo...espero que tenham gostado!!!
Até ao próximo capítulo! ❤️
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The Book
FanficEu vou torturar, destruir, matar a Kylie Cantrall com as minhas próprias mãos. The Bloody Poet