Betrayal

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Naquele dia

Yoko POV

Completamente apaixonada.

Amor à primeira vista.

Naquela tarde eu encontrei o ponto alto de tudo aquilo que fui fazer naquele país. Parecia uma doce ironia perceber que tudo o que eu buscava soava infinitamente maior do que as adversidades enfrentadas até aquele momento, enfiando dentro de mim milhões de certezas ao pensar que nós estávamos indo atrás de algo grande e que eu não podia desistir.

Ursel é uma liderança interessante, levando em conta que eu não tenho prática de pesquisas presenciais, e que a minha área vai além da que está ali, ela conseguiu passar para mim uma segurança que eu só senti antes com Mr. Gold. Todo começo vem recheado com nossas expectativas, sejam estas mínimas ou não, em nossa equipe havia quatro professores da Yale formados em História com especialização em Arqueologia, e eles conseguiam ser práticos ao explicar que nós estávamos seguindo os rastros do sucesso.

Rudolph defendia que deveríamos cair na sedução de exclusividade da arqueologia marítima, enquanto Gold citava que a arqueologia terrestre ainda tinha muito a nos mostrar. Eu já me animava com qualquer sugestão. Sou doutoranda em história da arte, com especialização focada no Antigo Egito, minhas pesquisas, meus textos, minhas análises pessoais sempre foram focadas no Egito, e não me recordo ao certo de onde veio o fato motivador e divisor de águas que me fez optar por isso, mas é sem dúvidas uma das sociedades mais bem estruturadas socialmente e culturalmente, há muito a se saber, há tanto que até hoje não sabe nem metade.

Por isso que loucos como nós, arqueólogos, historiadores, loucas da arte como eu, viajamos milhares de milhas para nos enfiar em aventuras como estas. Se eu encontrasse algum vestígio de expressões artísticas, era meu ponto principal, meu enfoque é muito mais estrutural, seja esculturas, monumentos enterrados, ou até mesmo pinturas perdidas, do que evoluções de espécies e estruturações sócio geográficas.

Eu podia mesmo ter me entregado a sedutora tarefa de ter virado uma crítica de arte formada na Yale, mudaria para York, viveria entre viagens da França, e faria meu melhor em apenas ser curadora de exposições e viver de uma modernidade rentável e fácil, mas é aqui, dessa maneira, no meio da ação que eu me sinto feliz e verdadeiramente entregue a meu trabalho.

Eu literalmente não nasci para ser apenas uma crítica de arte ou trabalhar como supervisora de museus, eu sempre queria mais. Ser professora na Yale era meu sonho, e mesmo que estando aqui nessa expedição apenas para ceder informações que vinham da minha especialização ou em uma espécie de estágio, eu já me sentia grata.

Ao voltar no final daquela tarde, sem nada ainda descoberto, mas com planos já feitos e áreas já isoladas para supostas escavações, eu me sentia cansada, mas feliz ao perceber que os problemas da minha chegada não haviam atrapalhado em nada o que eu pretendia fazer. Ao sair do elevador, porém, eu quase parei ao perceber o mesmo homem que eu vi ao sair, ele continuava com seu olhar estranho e sua postura curvada.

Intazir! – Eu olhei sobre meu ombro, não havia mais ninguém no corredor, e ele me olhava, segurando um chapéu de couro desgastado entre suas mãos calejadas. Sua expressão era única e facilmente compreensível até para os mais leigos, pediu que eu esperasse, mesmo que a minha vontade não fosse nada como aquela.

Fuluss... – Eu congelei o olhando começar a se mover.

Dinheiro.

Aquele homem simplesmente estava em um corredor de um prédio, e eu não sei como ele foi parar ali, atrás de dinheiro. Minha primeira reação foi citar que não tinha, mas ele parecia obstinado. Menti que pegaria em meu apartamento e simplesmente caminhei depressa sentindo meu coração vir a boca ao enfiar a chave e entrar, trancando atrás de mim.

Hidden (Adaptação FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora