Impure

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Parece coisa de cinema, o esquema de segurança dela é uma das coisas mais surreais que já presenciei na vida.

Quando nossos carros se aproximaram da mansão, eu pude avistar os corvettes pretos parados na entrada, escoltando não só ela para entrar em casa, como a nós por sermos seus convidados. O sol era tão quente quando eu desci do carro, olhando confusa para o gramado verde e extenso que ia até a entrada daquilo que mais parecia um palácio em forma de mansão.

A decoração árabe, tão bonita e ostensiva, paredes brancas com estes detalhes em marrom escuro, varandas com flores e vasos decorados, grama tão bem cuidada para ser tão exposta ao sol. Dava uma sensação de hospitalidade, mesmo que eu me sentisse mais do que desconfiava.

Eu olhei sobre a fileira de Land Rovers estacionadas uma atrás da outra e nosso grupo de historiadores descendo com brilho nos olhos para se deleitar com aquela visão tão linda das pirâmides tão perto da mansão dessa princesa, ao fundo, demoraria 10 minutos de carro e nada mais.

Ela é uma mulher privilegiada para viver nesse isolamento tão sofisticado.

— Nossa anfitriã deve nos aguardar para um almoço. – Ursel falou baixo, perto de mim. Eu estava mesmo me acostumando que seria Ursel a minha parceira dentro dessa longa jornada, apesar de Gold ser próximo de mim, eu me sentia mais confiante com ela.

— Acha pertinente que eu fique? – Perguntei temerosa, aguardando seu ponto de vista.

— Não é nada demais, você está conosco... Nada pode te acontecer. – Ela parecia bastante certa daquilo. Eu apenas a segui, olhando os seguranças em roupa preta nos observando caminhar em direção as escadarias onde quatro mulheres de hijab sobre os cabelos nos esperavam, seus rostos descobertos, sorriso repletos e simpáticos para nós.

Malisorn está indisposta nesse momento, mas estamos a servir um almoço. – Uma delas, que tinha um hijab azul sobre os cabelos falou em simpatia. Eu senti meu estômago se revirar. Indisposta? É surreal colocar-me como fator crucial de sua indisposição, pensar que era culpa minha logo de cara me colocava aflita e me sentindo estranha.

Eu acho que não quero mesmo comer. – Eu me sentia verde de tão enjoada ao falar aquilo perto do rosto de Ursel, que ao perceber meu estado, simplesmente assentiu falando com uma das quatro moças, pedindo que me levasse onde me era designado estar acomodada.

— Siga-me, vou lhe apresentar seu recinto.

Segui-a para dentro da mansão, segurando minha bolsa em mãos, a sala principal estava entreaberta a direita, enquanto eu presumi que o caminho para a sala de jantar fosse à esquerda, onde o grupo extenso de historiadores ia com as outras três mulheres. A decoração interna é o completo oposto de tudo o que eu vi ali fora, tanta cor quente tendendo ao dourado, mosaicos, arabescos, caligráficas árabes desenhadas nas paredes.

Em nosso caminhar pelo corredor central, eu parei ao ver que o ambiente se abriu para um pátio com jardim central, olhando o quanto os corredores que rodeavam aquele pátio eram largos, cheio de vasos enormes tão bem decorados, as longas pilastras davam uma altura intimidante.

Meus olhos se atraíram de imediato para a fonte central do pátio a luz do sol, com velas apagadas em toda sua volta, a ventilação e iluminação daquela abertura natural dava um contraste intenso nos corredores. A moça decidiu que iriamos pela direita, contornando o pátio até o final dele onde subimos em escadas amplas, com azulejos coloridos debaixo de nossos pés.

Era uma única lateral aberta que dava a aquela escada ao rodear o pátio de que lado fosse, subindo dois jogos de escadas para conseguir alcançar os quartos. A moça parecia compenetrada em sua missão de me guiar a meu quarto, mas eu me perdia na extensão de todo o corredor até seu fim, olhando sobre o batente e me deparando com a fonte e o pátio lá em baixo, era uma vista bonita para se apreciar.

Hidden (Adaptação FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora