Zaiden

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O que você seria capaz de fazer para conquistar a pessoa que você mais ama? Mentir? Roubar? Matar?

Essas perguntas me assombram mais do que deveriam. A maioria das pessoas responderia com indignação, dizendo que nunca fariam nada do tipo. Afinal, o que a outra pessoa pensaria se descobrisse? Provavelmente sentiria nojo, desprezo... talvez até ódio.

Mas é isso que me atormenta: o ódio também é um sentimento. Talvez até mais poderoso que o amor. Porque, no fim, o que realmente importa é ocupar um espaço no coração dela, não importa como. Odiando ou amando, contanto que ela sinta algo por mim.

Essa é a verdade que me devora. Margot é a única coisa que quero, e ao mesmo tempo, a única que não posso ter. Ela está com Kael, meu irmão mais novo. O garoto de ouro da família. O filho perfeito, o namorado perfeito.

Mas se tem uma coisa que eu sei, é que quando se trata de Margot, certas linhas não parecem mais tão impossíveis de cruzar.

Seu sorriso era a coisa mais linda deste mundo. A maneira como ele iluminava tudo ao redor, como se o resto simplesmente desaparecesse. E aqueles buraquinhos na bochecha quando ela sorria...Meu Deus, eles eram a perdição. Pequenos, quase imperceptíveis, mas tão devastadores.

Ela era uma maldita obra de arte. Uma que eu nunca conseguia parar de admirar, mesmo quando sabia que deveria. Era quase um tormento. Cada detalhe dela parecia feito para me enlouquecer. O jeito como ela ria, como jogava o cabelo para trás quando estava distraída, como sua presença preenchia qualquer espaço em que estivesse.

Eu não queria isso. Não queria ela. Não queria me importar com cada pequeno detalhe, não queria me pegar pensando nela em momentos aleatórios, desejando coisas que eu sabia que nunca poderia ter.

Deus... por quê ela? Por que justo ela?

Por que a única pessoa que eu não posso ter é a que não sai da minha cabeça? Por que a única que parece importar mais do que deveria é a namorada do meu irmão?

Eu tentei. Por anos, tentei ignorar isso. Fingi que não me importava, que ela era só mais uma garota. E quando isso não funcionava, fazia questão de tratá-la com frieza, de agir como se eu a odiasse. Como se fosse possível odiar algo tão... perfeito.

Mas ela está em todos os lugares. Nos corredores da casa, nas conversas na mesa de jantar, nos olhares que lança para Kael. Cada vez que ela sorri para ele, sinto como se algo em mim fosse esmagado.

Ela não sabe. Ela nunca soube. Para ela, sou apenas Zaiden Salvatore, um velho distante e amargo. Talvez seja melhor assim. Porque, se ela soubesse o que realmente passa pela minha cabeça, o que sinto toda vez que a vejo... Ela sentiria nojo.

E eu não poderia culpá-la. Afinal, o que poderia ser mais patético do que desejar algo que você nunca poderá ter?

Eu te senti antes de te ver. Era como se o ar tivesse mudado, se tornado mais denso, carregado com algo doce e perigoso, algo que eu sabia que era você. O cheiro sutil de algo proibido, algo que eu não deveria querer, mas que não conseguia ignorar. Meus olhos te encontraram, e ali estava você, como uma miragem no meio do meu inferno. Todos aqueles anos de solidão e frio, anos em que o mundo não passava de uma sombra desbotada, perderam o sentido no instante em que você entrou nele. Você não era apenas uma mulher. Não, você era uma maldita explosão, como uma galáxia inteira se revelando diante de um telescópio, iluminando tudo o que estava ao redor.

Alguém já te disse que com todas essas manchas, todas essas imperfeições que você carrega, você é uma constelação? Algo feito para ser adorado, explorado, descoberto. Não apenas com os olhos, mas com as mãos, com os lábios. Eu vi você, minha Ratinha.Sempre tão inquieta

O nome dela sempre soava como um sussurro na minha mente, suave e perigoso. Ela era tudo o que eu queria, a única coisa neste mundo que fazia meu coração morto bater com algo além de raiva. Mas, ao mesmo tempo, ela era minha destruição. Eu sabia disso. Eu sempre soube.

Ela era minha luz, mas também seria a minha ruína. Eu sabia disso desde o momento em que a vi pela primeira vez. E mesmo assim, aqui estava eu, nas sombras, observando cada pequeno passo dela. Sabendo que, no fundo, não importava quanto tempo eu esperasse. Não importava quantas vidas eu tirasse. Eu não iria parar até que ela fosse minha, de corpo e alma.

Eu sabia tudo sobre ela. Cada pedaço da vida dela, desde as coisas mais banais, como o perfume leve de lavanda que ela usava, até as verdades mais sombrias e enterradas que ela nem sequer imaginava que eu conhecia. E eu amava cada detalhe. Cada descoberta alimentava algo em mim, como se, a cada fato, ela ficasse mais presa a mim. Mas isso ainda não bastava. Observar de longe, saber de tudo, sentir o controle... não era o suficiente. Eu queria mais. Queria tocar, ter, dominar cada parte dela, de um jeito que nenhum homem jamais ousou.

Eu estava pronto para ser o monstro, o que ela nunca saberia até que fosse tarde demais.

Kael me mataria se soubesse o que sinto por ela. Ele não hesitaria. E, pra ser honesto, eu não o culparia. No lugar dele, eu faria o mesmo. Mataria qualquer um que ousasse sequer olhar pra ela como eu olho.

O problema é que nem eu consigo me livrar disso. Eu já tentei, juro. Tentei ignorar, tentei enterrar esses sentimentos em qualquer canto escuro da minha mente. Mas quanto mais eu tento, mais ela parece invadir cada pensamento, cada maldito momento da minha vida.

Eu não me orgulho do homem que estou me tornando. Sei que estou andando numa linha fina, perigosa, mas é como se eu não tivesse escolha. Como se algo em mim fosse puxado por ela, por aquela luz que ela carrega e que eu nunca vou alcançar.

Talvez parte disso seja culpa dos meus pais. Nunca fui o favorito. Nunca fui o perfeito. Eles nunca esconderam isso, nunca fizeram questão de disfarçar. Kael era o filho dourado, o prodígio, aquele que carregava o nome Salvatore com orgulho. E eu era a sombra, o irmão mais velho que nunca foi bom o bastante.

Eu cresci aprendendo que amor não era algo dado de graça. Não era um direito, era algo que você tinha que conquistar, implorar, sangrar por. Então, eu aprendi o que era amor sozinho. Na dureza, no silêncio, na rejeição.

E talvez seja por isso que eu me agarro a ela de um jeito tão desesperado, mesmo sabendo que nunca será minha. Porque ela representa algo que eu nunca tive: pureza, carinho, um tipo de amor que não exige nada em troca.

Mas isso só torna tudo pior. Cada vez que vejo Kael ao lado dela, cada vez que ela sorri para ele daquele jeito que eu daria qualquer coisa para receber, é como uma faca. Ele tem tudo o que eu nunca tive. E o pior? Ele não dá valor.

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