Extra 1. New Era

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Narradora- ponto de vista de Freen


Freen não visitava Becky muitas vezes, não tinha coragem de olhar para a mulher, desde a entrada de Becky no hospital Freen só a visitou uma única vez. 

No aniversário de Ryan.

De aniversário Ryan pediu que Freen viesse com ele cantar os parabéns com Becky no hospital, nesse dia Freen chorou a noite toda. 

Hoje Becky faria anos, então depois da sua consulta da manhã ela caminhou até ao hospital. Entrou falou na recepcionista o nome de Becky e então seguiu as instruções que lhe haviam dado.

Ela parou diante da porta do quarto, o coração batendo forte e as mãos trêmulas. Sabia que ia encontrá-la ali, em coma, tão frágil quanto ela mesma já tinha estado um dia. A mulher que estava na cama, inconsciente, era a mesma que a havia resgatado dos momentos mais sombrios de sua vida. E agora, era ela quem estava presa naquela escuridão. A ironia do destino fazia a dor dela parecer ainda mais cruel.

Ela respirou fundo, tentando reunir coragem para entrar. A imagem daquela mulher sorrindo e oferecendo a mão em seu momento de maior desespero passava em sua mente como um filme. Ela se lembrava de como, tempos atrás, estava perdida, presa em uma vida marcada pela dor e pela falta de esperança. O passado era um peso que a esmagava todos os dias, até que aquela mulher apareceu, oferecendo o que ninguém antes havia oferecido: compreensão, compaixão e amor.

Finalmente, abriu a porta e entrou. O quarto estava em silêncio, quebrado apenas pelo som constante das máquinas. Lá estava ela, deitada, com o rosto sereno e pálido. Era estranho vê-la tão vulnerável, tão diferente daquela mulher forte que ela conhecia. Aproximou-se devagar, o coração apertado ao perceber a fragilidade da mulher que, para ela, sempre foi uma rocha.

Sentou-se na cadeira ao lado da cama e observou-a em silêncio. Sentia um nó na garganta, uma angústia que ela não conseguia conter. Pegou a mão dela, pequena e fria, como se aquele simples gesto pudesse transmitir toda a gratidão que carregava.

— Sabe, eu sempre quis agradecer — começou, a voz quase um sussurro. — Acho que nunca te falei isso direito... Mas você me salvou. E agora, olha só onde estamos.

Ela riu, sem humor, e apertou um pouco mais a mão da mulher, lembrando de todas as vezes que aquelas mesmas mãos haviam lhe dado apoio, carinho, força. O que ela sentia era uma mistura estranha de tristeza e culpa. A mulher que a tirou das sombras estava ali, adormecida, enquanto ela, que antes era a frágil, agora estava ao lado dela, tentando encontrar forças para ambas.

— Eu nunca te contei o quanto você foi importante pra mim, né? — continuou, com a voz embargada. — Cada vez que você me dizia que eu podia enfrentar meus medos, que eu podia superar tudo aquilo... Eu achava que era impossível, mas você acreditava em mim quando nem eu mesma acreditava.

As lágrimas começaram a cair, e ela nem se incomodou em enxugá-las. De certa forma, era uma libertação.

— Eu queria poder fazer isso por você agora. Queria poder tirar você dessa escuridão, como você me tirou.

Ela fez uma pausa, procurando as palavras certas, tentando encontrar algum tipo de consolo para a dor que sentia.

— Então... aqui estou eu. Não vou sair daqui, tá bom? — disse, a voz se quebrando. — Eu vou ficar aqui, esperando. Porque foi isso que você me ensinou a fazer: a ter paciência, a não desistir das pessoas que a gente ama. Eu te amo muito, feliz aniversário querida.

Sentiu uma calma estranha ao dizer isso em voz alta, como se, de alguma forma, o simples fato de estar ali já fosse o suficiente. Ela não sabia se aquelas palavras chegariam a algum lugar, mas tinha esperança de que sim.

Tudo por causa de um café (freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora