Connexions Inattendues

Capítulo VI - Sentimentos Revelados

Os dias frios de inverno em Hogwarts pareciam se arrastar, mas para Harry, cada momento ao lado de Draco se tornava uma nova descoberta. Ele não conseguia evitar. Cada vez que seus olhos pousavam em Draco, algo dentro dele se aquecia, como se uma faísca estivesse sempre pronta para se inflamar.
Agora, não era só o aroma de Draco – a mistura reconfortante de maçã verde, torta de melaço e livros antigos – que o atraía, o que realmente o deixava inquieto era a beleza sutil do loiro. Harry já não via apenas o Draco que conhecera por tantos anos, o rival de Hogwarts. Ele via um Draco que ninguém mais parecia notar: o jeito como seus cílios loiros e longos piscavam devagar quando estava concentrado, o contorno suave de seus lábios quando ele estava prestes a sorrir, ou a forma como a luz do sol iluminava seus cabelos platinados, dando-lhes um brilho quase dourado.

Harry se pegou fitando-o mais vezes do que gostaria de admitir. Havia algo hipnótico na maneira como Draco movia as mãos enquanto falava, gesticulando suavemente, ou como sua postura sempre elegante parecia natural, como se ele estivesse em total controle de cada parte de seu corpo. Era fascinante.

- Harry?

A voz de Draco o tirou de seus pensamentos. Eles estavam na biblioteca mais uma vez, trabalhando em silêncio em uma mesa no canto. Draco o observava com uma expressão curiosa, como se estivesse tentando entender por que Harry o olhava tanto.

- Sim? - Harry piscou, tentando focar nas anotações em sua frente, mas sua mente ainda estava presa nas nuances da presença de Draco.

- Você tem estado distraído ultimamente. Está tudo bem? - Draco comentou, sua voz suave, mas com uma pontada de preocupação.

Harry hesitou. Claro que não estava tudo bem. Ele estava se  apaixonando por Draco Malfoy. Mas como ele poderia explicar isso?

- Sim, só... cansaço. - Harry mentiu, forçando um sorriso, esperando que fosse convincente.

Draco não pareceu inteiramente convencido, mas não insistiu. Ele voltou a se concentrar em seu pergaminho, e Harry suspirou de alívio, mas seu coração ainda batia rápido, especialmente quando Draco se inclinava levemente para mais perto da vela que iluminava a mesa, fazendo com que a luz dançasse em suas feições.

Durante o jantar no Salão Principal, Harry não conseguiu evitar observar Draco mais uma vez. Mesmo à distância, com os alunos da Sonserina sentados juntos, algo sobre Draco parecia... magnético. Ele estava rindo de algo que Pansy havia dito, e o som de sua risada chegou até Harry de forma suave e distante, mas marcante. Harry notou como os lábios de Draco se curvavam de uma forma leve, mas encantadora, e como ele jogava uma mecha de cabelo para trás com naturalidade. Era impossível ignorar a crescente atração que ele sentia. E, a cada novo detalhe que ele descobria sobre Draco, essa sensação só aumentava.

Durante a noite, enquanto estava deitado em sua cama na Torre da Grifinória, Harry tentou, mais uma vez, entender o que estava acontecendo. Ele sabia que estava começando a se apaixonar por Draco. Mas essa revelação o deixava confuso e, de certa forma, ansioso. Nunca em sua vida ele havia se sentido assim por alguém, nem mesmo por Gina – muito menos por alguém como Draco.

"Eu não consigo parar de pensar nele," Harry admitiu para si mesmo, virando-se para o lado na cama. Ele se lembrava do cheiro de Draco, da voz suave que sempre o acalmava, e de como seus olhos cinzentos pareciam ver mais do que Harry estava disposto a mostrar.

Harry sabia que não podia continuar ignorando esses sentimentos. O que começou como uma curiosidade crescente agora era uma paixão que o consumia por dentro. E o mais assustador era que ele não sabia o que fazer a respeito. Ele adormeceu pensando no ômega.

Na manhã seguinte, em mais uma de suas caminhadas  pelos corredores desertos do castelo, Harry se pegou observando a forma graciosa com que Draco se movia ao seu lado. O aroma familiar de maçã verde e melaço enchia o ar, mas, desta vez, Harry percebeu que não era o cheiro que o atraía. Era Draco, simplesmente. Tudo nele. E, enquanto eles continuavam a caminhar lado a lado, Harry sentiu, pela primeira vez, que talvez fosse impossível ignorar o que estava crescendo dentro de si. Algo forte, avassalador, e inegavelmente real.

Continua......