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— Você realmente veio para me sequestrar? 

Chuuya ri por baixo do capacete, ainda esticando o isqueiro na frente do seu rosto. Dazai o pega, segurando com força entre os dedos enquanto olha para a frente escura do capacete, que mostrava seu próprio rosto cansado refletido nele. 
Chuuya era baixo, mas não muito, talvez quatro, cinco centímetros mais baixo que ele. As pontas ruivas caiam por seus ombros, deixando um pouco amostra uma pequena tatuagem na lateral do pescoço. 
Dazai inclina a cabeça sem pensar, tentando enxergar melhor o que estava tatuado ali. 

— É uma rosa. 

A voz de Chuuya o assusta, o fazendo se afastar alguns passos e olhar para frente, desviando rapidamente o olhar quando novamente encara seu próprio reflexo. 
Seus dedos lentamente se afrouxam no isqueiro, sua outra mão tateando o bolso e tirando um cigarro de lá, sem se importar antes de acender e tragar a nicotina. 
Ele sopra a fumaça, vendo-a voar em direção ao próprio rosto, o fazendo bufar. 

— Nem um 'obrigado'? 

A voz dessa vez não parece tão abafada, fazendo Dazai se sentir nervoso porque sabia que Chuuya tinha tirado o capacete. Seus olhos se fixam nas árvores dentro do cemitério. 

— Eu não pedi pra você trazer um isqueiro pra mim. 

— Mas agora está usando-o, não é? 

Ele joga cegamente o isqueiro para Chuuya, ouvindo novamente aquele riso. Dazai treme um pouco quando escuta passos se aproximando dele, exalando nervosamente pelo nariz quando sente um peso no seu ombro. Pelo canto dos olhos ele pode ver a lateral do rosto de Chuuya descansando ali. Também consegue ver algumas pintinhas pintando seu nariz. Ele também consegue ver a curva larga se formando naqueles lábios, no que Dazai para de olhar quando percebe que é um sorriso. Novamente ele traga o cigarro, dessa vez observando a fumaça voar em outra direção. 

— Você não quer se virar e me olhar direito, Dazai? 

Ele treme, aquela voz próxima demais de seus ouvidos, ecoando ferozmente por todo seu ser. Dazai realmente não queria se virar, se sentia um pouco nervoso com a visão que teria do homem que o distraiu em sua tempestade de pensamentos ontem a noite por meio de uma chamada aleatória. 
Uma mão subindo por sua cintura e o virando para o lado o faz parar de pensar nesse nervosismo. 
Suspirando, ele permite que Chuuya o mova, ficando cara a cara com duas brilhantes safiras azuladas. 

Ele estava certo, Chuuya tinha olhos claros. Dazai só não imaginou que seriam tão claros assim. 

— Oi. — Chuuya sussurra com um sorriso quando seus olhares finalmente se encontram. Dazai engole a seco, reparando nas inúmeras sardas na região de suas bochechas e testa, não apenas no nariz como ele tinha visto segundos antes. Mas o que realmente o surpreende, é o arco prateado na sobrancelha esquerda, um piercing. 

— Oi. — seu sussurro consegue ser mais baixo que o de Chuuya, seu olhar não se desvia daquelas orbes azuis que pareciam brilhar pra ele. 

— Sabe, — Dazai sente os dedos subirem e descendo por sua cintura, fazendo seu corpo estremecer um pouco. — quando pensei em vir aqui, imaginei um encontro diferente disso. 

— Diferente como? 

— Sorrisos, abraços fortes...essas coisas, sabe? — Chuuya dá de ombros, tirando uma das mãos de sua cintura para segurar o cigarro queimando em seus dedos, evitando as cinzas que logo cairiam em seu braço. 

Dazai o avalia, não entendendo porque o ruivo tinha expectativas com isso, ao contrário dele, que nem imaginava que o conheceria pessoalmente. Algo fora de uma ligação de madrugada e no meio da manhã. Uma conversa cara a cara. 

LOVE ME, soukoku Onde histórias criam vida. Descubra agora