Capítulo 6

2 1 0
                                    

A tarde estava tranquila, com o vento soprando suavemente entre as árvores que cercavam a mansão de Nicholas . Lira, ainda atordoada pela revelação do dia anterior sobre sua habilidade com armas, sentiu um impulso irresistível de explorar mais sobre suas capacidades. Era como se, agora que uma porta havia sido aberta, outras lembranças ou habilidades poderiam estar à espera de serem redescobertas.

Enquanto caminhava pelo jardim, ela viu Nicholas treinando em uma área mais afastada, próxima ao campo de treino que ele mantinha para atividades físicas. Ele estava praticando boxe em um saco de pancadas, seus golpes precisos e potentes.

Lira, observando-o, sentiu seu corpo reagir de forma instintiva, como se cada golpe de Nicholas despertasse uma lembrança esquecida dentro dela. Sem perceber, ela se aproximou e, antes que pudesse conter o impulso, comentou:

– Seus movimentos são bons, mas seu cotovelo esquerdo está muito exposto quando você avança.

Nicholas parou, surpreso com a observação dela. Ele ergueu uma sobrancelha, intrigado.

– E como você sabe disso? – perguntou, um meio-sorriso em seu rosto.

Ela hesitou. Não sabia como explicar, mas a sensação era clara. Seus instintos gritavam que ela estava certa.

– Eu... não sei. Acho que simplesmente sei – respondeu, com um leve rubor no rosto.

Nicholas , curioso e intrigado, apontou para o saco de pancadas.

– Quer tentar? Talvez isso ajude a despertar mais alguma memória.

Ela olhou para o saco de pancadas, seu coração acelerando. Sem entender de onde vinha a confiança, aproximou-se e assumiu uma postura de luta. Seus pés se posicionaram de maneira natural, e, em poucos segundos, ela começou a golpear o saco com uma precisão e técnica impressionantes.

Cada soco e cada chute eram executados com a destreza de alguém que já havia passado por um treinamento rigoroso. Seus movimentos eram fluidos, rápidos e potentes, como se fossem parte dela. Nicholas observava em silêncio, boquiaberto com a facilidade e a habilidade que ela demonstrava. Lira finalizou a sequência com uma torção rápida e um golpe de cotovelo, parando com a respiração um pouco acelerada, mas os olhos brilhando de surpresa e, ao mesmo tempo, confusão.

– Lira... isso foi... você luta muito bem – disse Ewan, visivelmente impressionado. – Isso não é algo que se aprende de forma amadora. Esse nível de habilidade vem de anos de prática.

Ela respirou fundo, tentando entender o que aquilo significava. Era como se cada movimento acionasse lembranças dispersas, flashes de um passado que parecia seu e, ao mesmo tempo, tão distante.

– Eu acho... acho que fui treinada – murmurou, com um misto de medo e fascínio. – Mas por quê? Para quê?

Nicholas ponderou, observando o olhar confuso dela. Aquilo tornava o mistério em torno dela ainda mais sombrio. Se Lira realmente era uma lutadora treinada e sabia manejar armas, o perigo que a cercava era maior do que imaginavam.

– Talvez você fosse parte de alguma equipe de segurança, ou... quem sabe algo ainda mais sério – sugeriu Nicholas . – É possível que você tenha sido treinada para proteger alguém... ou para enfrentar situações extremas.

Lira assentiu, absorvendo as possibilidades. Mas antes que pudessem continuar a conversa, ouviram um som próximo. Alguém estava se aproximando da entrada da propriedade.

No imediatamente ficou em alerta, levando Lira para um ponto seguro enquanto ele ia verificar. Poucos minutos depois, voltou, com a expressão séria.

– É melhor você entrar na casa  vá para o quarto do meu filho ele voltou a dormir, tranque a porta . Parece que temos visitantes indesejados – disse ele, cauteloso. – Eu e os seguranças iremos  lidar com isso, mas fique preparada para qualquer coisa.

Antes que ela pudesse argumentar, Nicholas já havia partido.
Enquanto observava Nicholas afastar-se, uma memória fugaz lhe veio à mente – ela, lutando em um espaço fechado, defendendo-se contra vários adversários ao mesmo tempo. Movimentos precisos, golpes calculados, o som abafado dos impactos. A lembrança foi intensa, mas breve, como um relâmpago na escuridão.

E então, pela primeira vez, ela soube com certeza: Lira havia sido treinada para se proteger e, talvez, para proteger outras pessoas. Aquilo fazia parte dela, mesmo que ela ainda não soubesse por quê ou para quem havia usado essas habilidades no passado.

Sem esperar correu para dentro subindo para o andar de cima em direção ao quarto de Oliver, assim que entrou trancou a porta e se aproximou do pequeno que Dormia tranquilamente.

Alguns minutos se passaram, sem conseguir ficar calma destrancou a porte caminhando até a sala. Quando a porta de frente foi aberta Lira, ainda com os músculos tensos e a adrenalina correndo pelo corpo, sentiu novamente aquele instinto aflorar. Sem pensar duas vezes, assumiu uma postura defensiva, seus olhos varrendo o ambiente, pronta para qualquer ameaça.

Quando Nicholas voltou, aliviado por terem se livrado dos intrusos, encontrou Lira parada no meio das escadas pronta, com a postura de uma guerreira. Ele a observou com admiração e respeito, percebendo que aquela mulher aparentemente fraca era muito mais do que uma vítima em busca de respostas. Lira  tinha um passado poderoso, e ele sabia que, juntos, poderiam descobrir as verdades enterradas na névoa de sua memória.

– Parece que você é mais do que uma cozinheira habilidosa – comentou ele, tentando aliviar a tensão.

Ela sorriu, mas seus olhos ainda estavam sérios.

– Acho que sim. Mas isso também me faz questionar quem sou e que tipo de vida eu levava antes disso tudo.
_ Podes me dizer quem eram?— questionou Lira.

— O mesmo carro da vês passada, só que dessa vez proferiram alguns disparou contra os seguranças do lado de fora, mas ninguém se feriu gravemente.

— Tenho que descobri o meu passado o mais rápido possível.

Nicholas assentiu, compreendendo o peso daquela dúvida. Sabia que, em breve, descobrir o passado de Lira  não seria apenas uma questão de curiosidade, mas uma questão de sobrevivência.

Lembranças Ocultas Onde histórias criam vida. Descubra agora