Capítulo III

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11h45min - Viamão – Centro

Em torno da Câmara Municipal (local de trabalho dos vereadores, ou ao menos deveria ser...) havia uma bonita praça. Ela era grande, arborizada e ligeiramente retangular. Em cada extremidade achava-se a estátua imponente de quatro arcanjos: a leste, Raphael, O Guardião das Virtudes; a oeste, Gabriel, O Mensageiro Celeste; ao norte, Uriel, O Protetor dos Inocentes, e ao sul, Miguel, O Príncipe Guerreiro.

Sentado num banco de pedra, dos muitos espalhados praça a afora, debaixo de árvores, encontrava-se Arthur, distraído na leitura de um livro verde intitulado "A Mitologia Celta".

Repentinamente, um rapaz louro, trajando um uniforme azul de uma famosa rede de supermercado regional, assentou do lado do garoto e largou:

— Ô Arthur, concentrado!

— E aí Apolo!

— Livro de mitologia celta? Largou a Wicca, é?

— Hehehe! Não, só tô expandindo os meus horizontes. — seguiu, logo que guardou o livro na mochila que havia sobre seu colo: — Mas diga aí, qual é o "pepino"?

— Sabe que...

Subitamente, ouviram alguém gritar:

— O juízo final está próximo! Os céus clamam por vingança! Arrependam-se, pecadores!

Avistaram um velho esfarrapado entrando na praça. Brandindo uma Bíblia, o tantã prosseguiu:

— Se persistirem no erro, queimarão para sempre no lago que arde com fogo e enxofre, junto dos demônios e...!

Espantado, o velho se calou.

Então apontou para um ponto vazio e esbravejou:

— O Diabo!

Junto de um berro enlouquecido, arremessou a Bíblia no "demônio" e, em seguida, disparou:

—Dessa vez tu não me escapa, capeta!

Apanhou a Bíblia e partiu em perseguição da criatura imaginária.

— Coitado... Mais uma vítima do cristianismo — disse Arthur, sensibilizado.

— É, vítima em parte... Mas como eu dizia, sabe que o aniversário da Thalia é nesse domingo, né?

— Sei.

— Pois é. Os pais dela foram demitidos e não vão poder fazer a festa dela nem nada parecido.

— Putz!

— É. Eu e o pessoal também não gostamos nada disso e resolvemos fazer uma vaquinha. Conseguimos o suficiente. E claro que não vai ser nada muito grande, apenas para amigos íntimos.

— Não interessa. O importante é que ela terá a festa!

— Isso aí. Bom, o que eu queria te perguntar... era se dava para ser na tua casa. Pretendemos fazer uma surpresa pra Thalia, já que há tempos ela quer te visitar, seria perfeito. Aí ela chega lá sem saber de nada, surpresa garantida! O que tu acha?

— Pode contar comigo. Quando vai ser?

— Terça a noite. A Lídia e a Diana vão junto com ela. As gurias atrasarão a Thalia pra que dê tempo da família dela chegar antes.

— Hum, então, tu, o Dionathan e o Gabriel vão vir de manhã cedo, né?

— Não, só o Gabriel e o Dionathan. Eu vou depois com a família da Thalia. Eles não sabem vir sozinhos. Vou guiar eles até lá. Mas sim, vai ser de manhã cedo. Só assim estará tudo pronto pra quando ela chegar. - continuou, em seguida que olhou seu relógio de pulso: — Tenho mais meia hora de intervalo. Diz aí, como é que vão as coisas? Passou naquela entrevista?

— Não, mas podia se eu tivesse prestado mais atenção.

— Como assim?

— Foi o seguinte, a entrevista tinha três etapas. A primeira...




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