Sob Olhar das Erínias

PRÓLOGO

Parado no alto de um morro, Arthur admirava o alvorecer. Alegre, inspirou fundo o doce frescor da manhã.

Então fechou o cenho num ar pensativo e deu as costas ao sol.

Caminhou até o centro do morro onde estava. Lá, existia um enorme círculo de pedras, cujo interior achava-se a estátua, em mármore cinza, de uma bela mulher madura sentada num trono. Numa das mãos ela trazia o ramo de um trigo e na outra um cálice.

"Escolhas. Tudo gira em torno delas... Escolhemos levantar ou não para ir trabalhar, que roupa usar, o que comer ou não no almoço. Uma infinidade de coisas precisamos decidir a todo o momento... Contudo, nossas opções não se referem apenas a essas trivialidades do cotidiano. Algumas vezes devemos tomar decisões mais significativas, cujas consequências, cedo ou tarde, triplicam nossa infelicidade ou felicidade...".

A três passos da escultura, se deteve, e solenemente lhe prestou uma reverência. Em seguida voltou a atenção aos dizeres dourados que se achavam gravados numa placa de prata.

Ali, escrito numa letra elegante, dizia:

Eu concedo a sabedoria do espírito e, além da morte, dou a paz e a liberdade. Não exijo nenhum tipo de sacrifício, pois, saibam, Eu sou a mãe de todas as coisas e meu amor é derramado sobre a terra.

Sou a beleza da terra verde e da lua branca entre as estrelas do céu. Nos mistérios da água chamo os seus espíritos para que despertem e venham até mim, pois eu sou o espírito da natureza que dá vida ao Universo. De mim todas as coisas vêm, e para mim todas elas retornarão.

Tranquilamente Arthur sentou aos pés da estátua imponente. Fitou o chão, perdido em pensamentos, subitamente entristecido.

"Há momentos em que a escolha a fazer é muito importante... Para onde se mudar, qual carreira seguir, ter filhos ou não, quem amar... Ah, sim, o amor... Um sentimento extraordinário que a todos invade, mas em poucos permanece. Se eu tivesse me permitido senti-lo de verdade, talvez as coisas pudessem ter sido diferentes...".

E fechou os olhos para lembrar...