Robert Young:
Não conseguia dormir. O silêncio do quarto era sufocante, e o peso da escuridão parecia amplificar meus pensamentos. Fiquei deitado, com os olhos fixos no teto, tentando compreender o turbilhão de emoções que me invadia. Era surreal estar ali, naquele lugar que pertencia aos meus antepassados, sabendo que seus espíritos ainda estavam de alguma forma conectados a tudo ao meu redor. A cada sombra que dançava nas paredes, sentia como se uma parte deles ainda estivesse presente, observando, esperando.
Agora, eu viveria com eles, com os espíritos. Não apenas isso – eu os ajudaria com o que precisassem. Essa ideia me deixava inquieto. Como poderia eu, um simples mortal, entender e auxiliar seres tão antigos e misteriosos?
Meus pensamentos foram interrompidos por um som suave. Alguém bateu na porta. Sentei-me de imediato, com o coração acelerado. Quem poderia ser àquela hora? Caminhei até a porta, abrindo-a com cautela, mas o corredor estava completamente vazio, iluminado apenas pela luz fraca de uma lâmpada ao fundo. Estranho. Olhei para o chão e, com surpresa, notei um pequeno embrulho.
Abaixei-me devagar, sentindo uma onda de curiosidade e uma leve pontada de ansiedade no peito. Peguei o embrulho – era uma caixinha de celular. O que aquilo significava? Estava confuso, mas algo no ar me dizia que aquilo não era apenas um presente comum.
— Mas o que... — murmurei, enquanto notava um bilhete dobrado ao lado da caixinha. Minhas mãos tremiam levemente quando o abri.
"Para fazer amizade com os mortais, esse é um dos presentes dos espíritos que eram conhecidos dos seus pais.
– Nimuna."
Fiquei em silêncio, sentindo o peso das palavras. Os espíritos sabiam mais do que eu jamais poderia imaginar, e agora estavam me deixando ferramentas para lidar com o mundo dos vivos. O que mais eles teriam reservado para mim?
Fiquei intrigado, então liguei o aparelho e comecei a mexer nele com curiosidade. Devo dizer, tinha de tudo ali: desde aplicativos que eu nunca tinha ouvido falar até coisas que nem sabia que existiam. Era como explorar um mundo novo dentro de uma tela.
Fui navegando por algumas funções, meio sem saber por onde começar, e então decidi pesquisar algumas coisas. Queria ver se era possível ficar tão cansado a ponto de desmaiar no meio da escola (vai que eu precisava de uma desculpa no dia seguinte, né?). Também comecei a pensar no que eu deveria estar focado para o próximo dia. "Será que deveria revisar alguma matéria ou apenas me preparar mentalmente para sobreviver mais um dia?"
Eu me peguei rindo sozinho com esses pensamentos ridículos, mas, no fundo, estava um pouco nervoso com o que estava por vir. Afinal, o primeiro dia de qualquer coisa sempre parece um desafio gigantesco.
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Devo dizer que fui dormir por volta das duas da manhã, e só quando o sono finalmente me dominou, apaguei. Mas o que se seguiu foi uma enxurrada de sonhos bizarros. Sonhei com inúmeros espíritos. Alguns eram assustadores de arrepiar os pelos do braço, enquanto outros... bem, devo confessar que alguns eram uma fofura além do que eu poderia imaginar, quase como mascotes sobrenaturais.
— Está na hora de levantar! — Alguém gritou a plenos pulmões, e eu literalmente pulei da cama, meu coração disparado. Abri os olhos, tentando entender o que estava acontecendo, e lá estava ele: Drains, com uma cara de poucos amigos, irradiando raiva. Antes que eu pudesse processar, ele fechou os olhos com força e, de repente, ouvi um som estrondoso. Ele bateu em algo, me fazendo pular de susto novamente.
— Só fiz isso para você não perder o horário da escola! — ele resmungou, com um toque irritante de "Eu avisei".
Minha visão ainda estava se ajustando quando percebi que ele segurava uma panela. Sim, uma panela. E, para minha absoluta frustração, ele a bateu novamente com toda a força, me dando mais um susto. Ah, que ódio... esse espírito maldito!
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A casa dos espíritos
FantasiNo dia do seu 17º aniversário, Robert Young é surpreendido ao herdar a misteriosa Casa Young, uma propriedade ancestral que nunca antes havia testemunhado. Entre o limiar dos reinos humano e espiritual, a casa exige que Robert assuma o papel de guar...