01' eat's pain

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CAPÍTULO UM
tw: automutilação e violência

CRESCER com um pai violento tem suas consequências, entre elas, o vício na dor, a sensação prazerosa de se machucar, porque foi assim que te ensinaram

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CRESCER com um pai violento tem suas consequências, entre elas, o vício na dor, a sensação prazerosa de se machucar, porque foi assim que te ensinaram.

Eva sempre pensou que merecia sentir dor, que merecia sangrar, que aquilo era a melhor solução para se sentir bem. Foi isso que seu pai a ensinou, e mesmo com muitos anos de terapia e muito amor recebido de Bobby, Eva nunca nunca conseguiu verdadeiramente abandonar seus hábitos da auto mutilação, e nunca nem sequer chegou a contar sobre isso para alguém.

Não que ela não confiasse em sua terapeuta ou em seu pai, mas ela sabia que eles fariam de tudo para a fazer parar com aquilo, e ela não queria, não queria abrir mão da dor, a dor fazia parte dela, ela precisava daquilo. A dor era a sua melhor amiga.

Aos seus quatorze anos, Eva acabou passando dos limites, não foi intencional, mas naquela tarde, em plena luz do dia, Eva Anastasia Finstock veio a óbito durante alguns segundos, quando ela acordou, respirando fundo e com os olhos arregalados, os médicos alegaram ser um milagre, já que o coração da garota tinha literalmente parado de bater por alguns segundos.

Após sua experiência de quase morte, Eva sofreu muito ao ter que explicar tudo aquilo para seu pai, ela se sentia um lixo ao vê-lo chorar pela primeira vez em anos, sabia que tinha o deixado apavorado, e a culpa em seu peito pesava mais do que mil toneladas.

Bobby não queria ficar longe de sua filha, não mesmo, ainda mais naquelas condições, ele estava prestes a pedir demissão e largar tudo para ficar ao lado da garota vinte quatro horas por dia, quando, a psicóloga juntamente com a psiquiatra de Eva sugeriram que ela fosse internada.

Com sugeriram, eu quero dizer, avisaram que ela seria, ela precisava de supervisão médica, tinha quase tirado a própria vida, e até chegou a tirar por alguns segundos, não podiam a deixar solta assim, ela tinha que fazer o devido tratamento. Bobby, mesmo relutante, acabou aceitando, e Eva foi mandada para a melhor clinica de reabilitação do país, que se encontrava em Boston.

Eva passou um ano completo na clinica psiquiátrica, não tinha sido uma experiência horrível, as coisas estavam voltando a ficar nos eixos e ela sabia que os médicos e os remédios a ajudaram bastante, e então, quando foi liberada, a garota decidiu passar uma noite em um hotel no Brooklyn refletindo antes de avisar para o seu pai que tinha alta.

Não era um hotel chique, ela estava no Brooklyn, mas eles serviam o jantar, e então, naquela noite, a loira desceu as escadas e jantou sozinha, enquanto observava as pessoas ao seu redor, pelo o que parecia, era época de férias, então haviam bastantes turistas por ali.

Quando terminou sua comida, a adolescente de agora quinze anos se levantou e foi até a parte de trás do hotel, que tinha um espaço de lazer, incluindo uma piscina pequena e cadeiras de praia.

Eva imaginou o trabalho que eles tinham quando nevava, porque Boston era realmente frio em épocas específicas.

Se sentou na beira da piscina e colocou seus pés descalços para dentro d'água. E então, respirou fundo, deixando seus pensamentos finalmente se libertarem.

Ao mesmo tempo que sentia um alivio extremo em seu peito, também se sentia sufocada e pressionada, sabia que quando voltasse para Beacon Hills encontraria seu pai cheio de expectativas, o ensino médio cheio de adolescentes na puberdade, e também, varias perguntas de estranhos.

As pessoas lá não eram exatamente sutis com assuntos delicados, e Eva sabia que já foi o assunto do momento na cidade inúmeras vezes. Mãe fugitiva, pai presidiário, adotada pelo treinador de Lacrosse, depois, tentativa de suicídio, e agora, clinica de reabilitação.

Não que ela se importasse verdadeiramente com o que as pessoas pensavam, mas ela não gostava das malditas perguntas que sempre faziam para ela.

As pessoas não sabiam que ela quase se suicidou, seu pai encobriu a história com uma desculpa esfarrapada que ninguém engoliu verdadeiramente, mas ninguém questionou também. Apenas a polícia, o conselho tutelar, os médicos, e seu pai sabiam a verdade.

Para os outros, supostamente Eva foi tirar um ano para se reconectar com uma parente de sangue distante.

Deixando seus pensamentos de lado, Eva reparou que um homem se sentava ao seu lado na beirada da piscina. Ele não estava tão perto da garota, mas também não estava tão longe, aquilo era o suficiente para ela ficar em alerta.

— Não se preocupa não, só queria respirar um pouco. — a voz grossa soou, e ela assentiu com a cabeça, envergonhada. — Sou Christopher. — se apresentou a olhando.

— Eva. — disse baixo, desviando o olhar.

— Você parece ser nova. — ele comentou, e a garota apertou os olhos.

— Sim eu sou, e eu também tenho pulmões ótimos para gritar caso um pedófilo me agarre. — seu tom foi cortante, e ela sustentou o olhar nele.

Christopher riu.

— Você tem garra. — ele parecia despreocupado, e até divertido. — Não sou um pedófilo, tenho dezessete.

— Isso não te faz menos esquisito. — ela zombou, e ele apenas sorriu mais.

— Você quer? — ele estendeu seu copo e ela o encarou estranho. — Eu peguei esse suco ali, mas tá com um gosto estranho, experimenta.

A garota pegou o copo e o analisou com os olhos, depois, deu uma leve cheirada, e então, viu que os gelos boiavam. Nada de drogas.

Ela deu um gole curto e então o olhou com as sobrancelhas arqueadas.

— Pra mim parece normal.

— Jura? Então fica pra você, tem mais lá dentro se você quiser depois. — e então ele se levantou. — Foi um prazer te conhecer, Eva. — ele acenou com a cabeça e saiu andando.

Ainda confusa com o dialogo esquisito, a garota terminou de beber o suco e voltou para o "restaurante" do hotel, trocando de copo e pegando mais suco para si.

Quando percebeu que o local estava se esvaziando e todos já estavam subindo para dormir, a garota fez o mesmo, mas quando entrou em seu quarto, teve uma surpresa.

Christopher estava ali, sentado na cama com as chaves da garota em suas mãos.

— Eu avisei que tenho pulmões fortes, deixa a chave aí e vaza! Se não eu vou gritar. — seu tom era firme, e ela rapidamente tirou uma pequena faca extremamente afiada da manga de seu moletom.

— Não me leve a mal querida, isso é para o seu melhor.

Eva não queria, mas quando ouviu "para o seu melhor" suas mãos automaticamente tremeram e seus olhos marejaram, mas ela não largou a faca.

— Não chega perto, porra. — sua voz falhou, enquanto ele se aproximava cada vez mais.

Em um piscar de olhos, a Finstock estava presa contra a parede, totalmente encurralada pelo moreno dos cabelos ondulados, sua respiração estava extremamente desregulada, seus olhos fechados.

— Se for pra me matar, só deixe provas que não foi suicídio. — murmurou em um pedido.

— Não vou te matar querida, vou apenas melhorar a sua vida, tirar a sua dor.

A garota não teve tempo de responder.

Em um estalo, seu pescoço foi quebrado, e mais uma vez, Eva Anastasia Finstock veio a óbito.

𝐆𝐑𝐀𝐕𝐄, isaac laheyOnde histórias criam vida. Descubra agora