Capítulo 07

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Yoko Apasra

Eu acordo nos primeiros raios de sol do dia, sinto o meu corpo inteiro dolorido e minha boca seca. Tateio para o lado procurando a garrafa de água que está sempre ao lado da minha cama, mas encontro uma estrutura metálica. Tateio para o lado oposto e sinto algo macio e quente, ressonando e se movendo.

Abro os olhos apenas para me certificar que eu peguei no sono com Faye Peraya no estacionamento de uma reserva florestal, na carroceria de uma picape 72.

— Merda. — praguejo e me sento.

A primeira dama está completamente pelada e eu também, por isso jogo um lençol por cima do seu corpo e me visto rápido, antes que alguém nos veja.

Procuro o meu celular entre os lençóis e quando encontro, a tela se acende com 93 chamadas não atendidas de Marissa. Digito o número da minha melhor amiga para retornar o contato enquanto chacoalho o corpo de Faye a fim de acorda-la. A mulher resmunga, mas não faz menção nenhuma de se levantar.

— Que porra, Faye!

Yoko, onde você está, porra?! — Marissa finalmente atende a ligação. — Que merda! Como você acha que eu me senti quando acordei e você não estava em casa?! Você não está com o Chet porra nenhuma, não é? Eu liguei pra ele e o coitado não faz ideia de nada, sequer tem falado com você!

— Marissa, calma. — eu gaguejo um pouco. — Estou indo para casa, okay? Me desculpa, e-eu peguei no sono.

Faye finalmente abre os olhos e começa a tatear ao redor procurando as próprias roupas, entrego a sua mochila e desço da carroceria para conversar com mais privacidade, mas assim que toco os pés no chão um carro se aproxima.

— Mari, eu já estou indo para casa. Tenho que desligar.

Puxo a lona da carroceria cobrindo Faye mesmo com os seus protestos e aceno para os visitantes, é um casal com duas crianças e um poodle. Caminho para a cabine e coloco o cinto de segurança, manobrando o veículo com cuidado para não transformar a primeira dama em mousse, e logo estamos na estrada. Deixo escapar um suspiro aliviado quando percebo que estamos fora da visão de qualquer pessoa.

— Pra onde quer que eu te leve? — grito para que Faye me escute da parte de trás.

— Apenas me deixe em algum ponto movimentado e pegarei um táxi.

— Táxi?! — faço uma careta. — O que todo mundo vai pensar se a primeira dama estiver pegando um táxi no meio da Virginia?

— Não me importa o que vão pensar, apenas me tire dessa droga de carroc-

Eu passo desatenta em um quebra molas e escuto o tombo do corpo de Faye no fundo, seguido de um grito abafado.

— Perdão, perdão, perdão. — expresso sem parar enquanto ela pragueja o resto do caminho.

Estaciono a caminhonete na garagem do meu prédio e liberto Faye do seu triste destino. Ela não está nada feliz, o cabelo está desgrenhado e o rosto vermelho, sem contar as roupas mal colocadas. Dou-lhe um sorriso gracioso e um selinho para amenizar a situação, mas parece não funcionar, ela continua emburrada.

— Onde estamos? — ela questiona.

— No meu apartamento. Eu não arriscaria te largar em algum lugar no meio da Virginia, no mínimo a mídia estaria me acusando de sequestro pela manhã. — dou outro selinho e ajeito seus fios de cabelo desgrenhados. — Você pode ligar para alguém e pedir que te busque aqui.

Mesmo contrariada, Faye me segue para o meu apartamento. Garanto que os corredores estejam vazios antes de correr e girar a chave na maçaneta, para que ela entre imediatamente. Marissa está parada de pé na sala quando Faye e eu entramos em disparada porta adentro.

A amante da primeira damaOnde histórias criam vida. Descubra agora